A farsa eleitoral realizada em seu primeiro turno fracassou. O retumbante rechaço às eleições reacionárias alcançou aproximadamente 40,250 milhões de pessoas que não compareceram às urnas ou votaram branco e nulo, o equivalente a 29,1% dos aptos a votar, apesar da maçante campanha a favor do processo eleitoral movida por todos os lados.
Os números são significativos, pois nas eleições de 2014, na ocasião caracterizado por AND como “o maior boicote à farsa eleitoral da história, até então”, o número de boicote atingiu 38 milhões de pessoas. Aproximadamente 2 milhões de pessoas a mais recusaram-se a dar aval ao próximo governo reacionário. O número de boicote eleitoral certamente é ainda maior, pois não são contabilizados nesse cálculo aqueles maiores de 18 anos que têm seu título cancelado por não participar há anos da farsa eleitoral e que não regularizaram seu título por descrédito e repúdio ao processo farsesco – situação na qual se encontram uma quantidade considerável de pessoas, porém não contabilizadas pela Justiça Eleitoral.
Para se ter uma ideia da dimensão do boicote eleitoral e do repúdio popular à farsa eleitoral e seu velho regime: o dito primeiro colocado, o fascista Jair Bolsonaro/PSL, recebeu apenas 33,4% de votos se considerarmos todos os aptos a votar e não apenas os “votos válidos” (ele recebeu 49 milhões de votos para um total de 147,3 milhões de brasileiros aptos a votar). Foram, portanto, quase 100 milhões o número de pessoas que não afiançaram o primeiro colocado nesse primeiro turno.
O boicote eleitoral expressou-se também nas eleições estaduais, para governadores.
Na eleição para governador do estado do Rio de Janeiro, aproximadamente 4,7 milhões de pessoas boicotaram o processo de farsa eleitoral, equivalendo a 42% do eleitorado. O candidato dito primeiro colocado, Wilson Witzel/PSC, não conseguiu superar o rechaço popular, ficando apenas com 41% dos votos válidos (votos válidos excluem abstenções, nulos e brancos). Se fôssemos calcular sua porcentagem levando em conta o número de boicote, os votos de Witzel representaria apenas aproximadamente 25% do total do eleitorado.
No estado de Minas Gerais, a eleição para governador também foi um rotundo fracasso: o boicote eleitoral foi aderido por aproximadamente 6 milhões de pessoas (votos nulos, brancos, abstenções ou votos anulados), equivalente a 42,8% do eleitorado (aptos a votar). O candidato dito primeiro colocado, Romeu Zema (Partido “Novo”), acumulou votos de apenas 26,2% (aproximadamente 4 milhões) do eleitorado total (ou, mesmo na porcentagem dos chamados “votos válidos” – na qual exclui-se aqueles que boicotaram – sua porcentagem não é capaz de superar o rechaço popular, pois não passa de 42,7%).
Em Rondônia, o primeiro colocado para o governo estadual, Expedito Júnior/PSDB, não alcança sequer 20,5% do total do eleitorado apto a votar, enquanto que o boicote à farsa eleitoral atinge 38% do eleitorado, equivalente a 409,4 mil pessoas num total de 1,1 milhão de eleitores.
Em Teresópolis, cidade do Rio de Janeiro, houve eleição suplementar para prefeito. O resultado foi um acachapante fiasco: mais de 56,6% do eleitorado apto a votar não compareceu ou votou nulo e branco. O primeiro colocado, Vinicius Claussen/PPS, ficou com miseráveis 18,6% total do eleitorado. Vinicius acumulou apenas 23,5 mil votos de um total de 125,9 mil eleitores, enquanto o boicote acumulou 61,6 mil do total do eleitorado.
Todos os dados foram retirados do site oficial da Justiça Eleitoral.
Povo boicota ativamente a farsa eleitoral
Ademais dos números que expressam claramente a falência da falsa democracia (ditadura de grandes burgueses e latifundiários a serviço do imperialismo), parte do povo brasileiro boicotou ativamente a farsa eleitoral e inclusive realizou ações.
No Mato Grosso, indígenas de uma aldeia em Brasnorte, a 600 quilômetros da capital Cuiabá, expulsaram soldados do Exército reacionário brasileiro a flechadas. O objetivo dos índios era impedir que adentrassem as urnas eletrônicas ao local, como parte do rechaço à falsa democracia. A Fundação Nacional do Índio (Funai) foi acionada para tentar entrar na aldeia com os soldados.
Em São José dos Pinhais, no Paraná, na madrugada do dia 4 de outubro, aparentemente duas pessoas atacaram o Fórum Eleitoral da cidade com bombas incendiárias (coquetel molotov), segundo o portal de notícias do monopólio de imprensa G1. Os homens usaram capuzes para não serem identificados pela repressão. No Fórum estavam centenas de urnas eletrônicas a serem utilizadas na realização da farsa eleitoral, no dia 7. O fogo atingiu a fachada do prédio.
Trabalhador destrói urna eletrônica com marreta em SC. Foto: Edson Padoin
Na cidade Morro da Fumaça, no sul de Santa Catarina, um trabalhador de 25 anos destruiu uma urna eletrônica com uma marretada, durante o pleito. Ele entrou em uma sala e realizou a ação. Ele foi capturado pela Polícia Militar e não pôde falar a razão da ação, mas deduz-se ser parte da indignação popular com a falsa democracia.
Em Campinas, interior de São Paulo, duas urnas eletrônicas foram sabotadas na madrugada do dia 7, antes do início das votações, segundo a imprensa local ACidade On. Pessoas adentraram furtivamente na escola Joaquim Pedroso Sargento, no DIC I, arrombaram uma sala e cortaram os cabos das urnas. A repressão não identificou os populares.
O histórico boicote eleitoral empreendido no primeiro turno do pleito implica um duro golpe na falsa democracia e escancara que as massas populares clamam por uma nova sociedade e um novo sistema a surgir da luta popular e por outros meios, além de impulsionar a crise no seio das classes dominantes.