Milhares de famílias não se encontram nem no programa Bolsa Família e nem no auxílio emergencial. Foto: Reprodução/Luis Alvarenga
Em plena pandemia, o governo militar genocida de Bolsonaro e generais mantém 423 mil famílias sem Bolsa Família e sem o auxílio emergencial. Os dados oficiais do próprio governo indicam que o recurso está sobrando. Uma pesquisa apontou, ainda, que a exclusão digital foi uma das causas para que famílias pobres não recebessem o benefício.
As famílias que entraram na fila especificamente para o programa Bolsa Família precisam, pelas regras do programa, passar por um processo de análise. O procedimento é usado pelo governo para confirmar que essas pessoas estão abaixo da linha de pobreza e extrema pobreza (as duas categorias previstas no programa Bolsa Família).
Porém, durante meses à fio, milhares de brasileiros ficaram à míngua, sem emprego e sem renda.
No mês de março, cerca de 1,2 milhão de cadastros já aprovados aguardavam para receber as parcelas referentes ao programa Bolsa Família. A partir de abril (mês que o governo voltou a pagar o “auxílio emergencial”, mas com valor reduzido), 763 mil famílias estavam recebendo o auxílio emergencial. O que indica que 423 mil famílias não receberam renda alguma, nem do programa Bolsa Família, nem do auxílio emergencial.
Auxílio voltou a ser pago após muita enrolação
Após passado um período sem nenhuma parcela do auxílio ser paga, o governo anunciou que iria dar prosseguimento em março, com a assinatura de uma Medida Provisória (MP) que possibilitou a ampliação do programa, com algumas mudanças. Entre elas, a diminuição do valor pago. Se no ano de 2020 o auxílio emergencial pagava seis parcelas de R$ 600,00 e três de R$ 300,00, o “novo” auxílio emergencial de 2021 pagou quatro parcelas de R$ 250,00
A prioridade do governo em focar no auxílio emergencial, e não em outros programas que já existiam, se explica, entre outros motivos, no fato de que o auxílio foi pensado para ser programa temporário e com muito mais recursos do que o Bolsa Família.
Ainda assim, não houve qualquer medida que colocasse fim ao programa – por mais que o presidente fascista Bolsonaro, em discursos demagógicos, tivesse falado repetidas vezes que estaria pensando em um programa substitutivo do Bolsa Família.
Sobrou dinheiro para o auxílio emergencial
O auxílio emergencial de 2021 foi planejado para atender 45,6 milhões de famílias. Porém em abril, mês em que foi pago a primeira parcela, menos de 40 milhões de famílias foram beneficiadas. A economia feita pelo governo genocida no período foi de mais de R$ 2 bilhões: o montante disponível estava em R$ 11 bilhões, tendo sido gastos R$ 8,9 bi.
Somente a título de comparação, a dívida pública representa incríveis 53,92% do Orçamento de 2021, custo aos cofres da Nação cerca de R$ 2,198 trilhões. Valor quase sete vezes maior do que os R$ 321,8 bilhões destinados ao auxílio emergencial em todo ano de 2020.
Falta de celular contribuiu para exclusão do auxílio emergencial
O Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira da Fundação Getúlio Vargas (FGV) realizou um estudo que traz como conclusão que a exclusão digital contribuiu para excluir famílias mais pobres ao auxílio emergencial durante a pandemia.
Em sua divisão por categorias (que vai de A até E, correspondendo com a renda mensal gradualmente menor), a pesquisa descobriu que 20% dos entrevistados das classes D e E que tentaram e não conseguiram auxílio do governo apontaram como razão a falta de celular.
Já em abril, o governo priorizou somente o auxílio emergencial, programa que tinha, então, acabado de ser recriado. O auxílio emergencial teve início ainda no ano de 2020, tendo sido encerrado no início deste ano.