Fila por emprego em São Paulo. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mais de um terço dos jovens brasileiros não estudam e não trabalham. O estudo Education at a Glance 2022 revela que 35,9% dos jovens brasileiros não desempenham nenhuma atividade profissional e nem estão matriculados em instituições de ensino. Isso é mais que o dobro da média dos países da OCDE e fica atrás apenas da África do Sul, onde 46,2% dos jovens estão na mesma situação.
Desemprego entre jovens é O DOBRO Da média geral
O desemprego entre os jovens de 18 a 24 anos foi de 19,3% no 2º trimestre de 2022, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados do IBGE também revelam uma taxa oficial de desemprego, considerando toda a população, de 9,3% no segundo trimestre de 2022, ou seja, 10,1 milhões de desempregados. Quanto a esses, a taxa de desemprego entre os jovens segue maior do que a média geral e tem estado acima de 20% desde 2016. Os dados oficiais sobre desemprego não englobam, entretanto, os 4,3 milhões de desalentados no segundo semestre de 2022, que fazem parte da subutilização da força de trabalho.
No segundo trimestre de 2022, a taxa composta de subutilização da força de trabalho (percentual de pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas e na força de trabalho potencial em relação à força de trabalho ampliada) foi de 21,2%. Já a taxa de informalidade para o Brasil foi de 40,0%, considerados “ocupados” pelos institutos oficiais, porém que continuam, na prática, fazendo parte de uma massa que procura por empregos formais e não os acha, e que encontram meios de sobreviver como podem, não constituindo empregos que ofereçam qualquer segurança econômica.
Desinsdustrialização e primarização da economia
A permanência dos altos índices de desemprego no Brasil é o resultado de uma política de desindustrialização e primarização da economia aplicada por sucessivos governos do velho Estado brasileiro. A Pesquisa Industrial Anual (PIA) Empresa de 2020 mostrou que o setor industrial perdeu 9,6 mil empresas e um milhão de empregos em dez anos.
Com uma economia baseada no latifúndio, o Brasil não é capaz de gerar empregos dignos e numerosos para o povo. O Censo Agro de 2017, que compara dados de 2006 com 2017, mostra que os índices de concentração de terras nas mãos do latifúndio aumentou. Por outro lado, houve uma grande diminuição no número de estabelecimentos de “agricultura familiar” (termo utilizado para se referir às propriedades dos camponeses pobres, com pouca terra). A consequência é esta: milhões de desempregados. Em contraposição, o Censo revela que é nas propriedades dos pequenos camponeses onde se têm a maior taxa de pessoas ocupadas: 74,1% em 2006 e, após redução em 2017, 67%. Já no latifúndio a taxa de ocupação era de apenas 33% em 2017. Ou seja: com o avanço do latifúndio, a população ocupada reduziu em 2,166 milhões de pessoas.
Cortes na educação e privatização
De acordo com dados de junho deste ano, as universidades federais cortam vagas em vestibular por falta de professores. Conforme o monopólio de imprensa Estadão revelou, há hoje um déficit de pelo menos 11 mil servidores, que são cargos prometidos às instituições e que não foram criados. Na Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob), as vagas de vestibular nas duas últimas edições do Sisu (2021 e 2022) para Medicina e Direito foram reduzidas pela metade. Em vez de entrarem 80 alunos, só ingressaram 40 por falta de professores.
Para agravar mais esse quadro, no mês atual (outubro de 2022), R$ 2,4 bilhões foram retirados do orçamento do MEC por decreto do governo ultrarreacionário de Bolsonaro e generais, ameaçando o funcionamento das universidades. Também foi cortada a verba destinada à construção, ampliação, reforma de escolas, compra de mobiliário e equipamentos para instituições de ensino básico e fundamental. Do orçamento de R$ 119,1 milhões disponíveis em 2022, sobrará somente R$ 3,45 milhões para 2023, segundo proposta de orçamento enviado por Jair Bolsonaro ao Congresso.
Entretanto, os ataques às universidades públicas não são só de agora: em 2016, o criminoso teto de gastos congelou os gastos em educação por 20 anos. No mesmo ano, o Ministério da Educação (MEC) declarou que reduziria as vagas em cursos de graduação nas Universidades Públicas, inclusive naquelas com autonomia.
Isso revela que o ingresso da juventude ao ensino superior e mesmo a permanência nas escolas de ensino fundamental e médio tem sido tarefa cada vez mais difícil. Isso é consequência dos cortes de verbas na educação, aumentando os problemas já existentes de falta de recursos, infraestrutura, falta de vagas, entre tantos outros que afetam os estudantes.