O funeral no campo de refugiados de al-Arroub foi marcado por indignação e protesto dos presentes. Foto: Mussa Qawasma/Reuters
No dia 11 de novembro, durante uma manifestação no campo de refugiados de Al-Aroub, próximo à cidade de Hebrom, na Cisjordânia ocupada, as Forças de Defesa de Israel (FDI) abriram fogo e executaram o palestino Omar Haitham al-Badawi, que vivia no campo.
A manifestação, marcada por confrontos entre os soldados que atiraram e manifestantes que lançaram pedras e coquetéis explosivos contra as forças da ocupação, exigia o fim da ocupação colonial e as incursões militares no campo de refugiados.
Al-Badawi, que não participava do protesto, foi atingido no peito e socorrido no hospital de Hebrom, porém não sobreviveu aos ferimentos letais. Em um vídeo que documenta a execução, é possível vê-lo se aproximando com calma dos soldados, anunciando-se, e escuta-se uma voz ao fundo pedindo que ele traga água, quando é alvejado pelos disparos e cai no chão.
Segundo o jornalista Abdel Rahman Hassan, que noticiou o caso, al-Badawi sequer estava presente nos confrontos entre as forças da repressão e os jovens palestinos, conforme alegam os soldados presentes, ainda que isso não justificasse. al-Badawi foi à rua depois que uma árvore perto de sua casa começou a queimar após ser atingida por algum dispositivo inflamável. Ele foi visto inclusive carregando uma toalha, a fim de apagar o fogo, quando os dois tiros foram disparados.
Horas depois, seu corpo foi levado de volta ao campo de refugiados, e os moradores desfilaram-no em protesto, carregando o cadáver envolto por bandeiras e lenços árabes. O campo de al-Arroub é o que sofre mais incursões das FDI em toda a Cisjordânia, de acordo com dados da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA), e concentra focos de protestos contra as forças da ocupação.
No fim de outubro, 13 palestinos moradores de al-Arroub foram presos em uma operação das FDI que investigava o aumento de ataques a pedras e inflamáveis contra veículos israelenses na rodovia próxima ao campo, a Rodovia 60, que conecta o assentamento ilegal da ocupação colonial israelense em Etzion. Entre 1967 e 2017, foram mais de 200 assentamentos ilegais construídos na Cisjordânia ocupada, incluindo a parcela de Jerusalém Oriental, e estima-se que a população israelense de colonos vivendo neles já alcança os 620 mil.