Na segunda-feira (14/04), moradores do bairro Engomadeira, em Salvador, protestaram e enfrentaram o aparato repressivo do Estado em um contundente protesto contra o assassinato de uma jovem universitária assassinada em ação policial no domingo (13/04).
Com apenas 19 anos de idade, a estudante universitária Ana Luíza Silva dos Santos foi brutalmente assassinada com disparos de fuzil em ação promovida por agentes da 23ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM). A jovem foi alvejada a poucos metros de sua casa enquanto retornava do mercado.
Em nota, a PM alegou ter sido “surpreendida por disparos de arma de fogo efetuados por um grupo de indivíduos” e que reagiu diante da “injusta agressão”. Essa costuma ser a resposta padrão de policiais para camuflar casos de assassinatos como “legítima defesa”.
Imediatamente, os moradores, indignados com a narrativa policial, responderam com um contundente protesto ainda no domingo (13/04) e fecharam a via principal da Estrada de Barreiras com ônibus atravessados e barricadas em chamas.
Já no dia 14/04, a Polícia Militar promoveu uma intervenção no bairro desde o início da manhã de segunda-feira e aumentou as rondas policiais com o objetivo de intimidar as mobilizações populares.
Os protestos continuaram mesmo com a militarização da região. Após o sepultamento da jovem, centenas de pessoas se reuniram e protestaram contra a truculência da polícia e novamente fecharam a Estrada de Barreiras com barricadas em chamas.
Vídeos nas redes sociais comprovaram a hostilidade da PM com os moradores, além do uso de bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra a população civil.
“Os policiais só chegam dando tiro no bairro, oprimindo os moradores, xingando mãe de família. Nós pagamos a farda ele, o salário deles, nós queremos nos sentir protegidos por eles e não coagidos.”, afirmou a moradora Jane Santos ao Correios.
No dia 14/04, o governador do estado, Jerônimo Rodrigues (PT), em suas redes sociais se pronunciou sobre o caso. “Determinei à Secretaria de Segurança Pública (SSP) que siga com firmeza a apuração de forma responsável e transparente. Temos feito esforços contínuos para fortalecer a segurança pública do estado da Bahia, (…) mas episódios como esse mostram que ainda temos muitos desafios, sobretudo, para proteger a população das periferias”, declarou.
Porém, o pronunciamento de Jerônimo Rodrigues (PT) levantou questionamentos sobre as controvérsias com a presença da PM na localidade. Ainda no dia 14 de abril, a PM aumentou e manteve o patrulhamento na engomadeira, ocupando as ruas do bairro e intimidando moradores. “Os policiais estão na minha rua desde quando a imprensa foi embora, às 16h. Fechei meu restaurante e vim embora, está fazendo medo”, disse uma mulher que não quis se identificar ao CORREIO.
As Polícias Civil e Militar dirigidas pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) há muito se consolidaram como campeãs na lista de mortes por policiais dentre os estados brasileiros. Apenas no ano de 2023, foram responsáveis pela morte de 1.699 pessoas, representando mais que em todo EUA no mesmo período.
