Manifestante destrói janela da Embaixada do USA, em Bagdá, no dia 31 — Foto: Ahmad Al-Rubaye / AFP
Centenas de iraquianos invadiram o Complexo da Embaixada do USA, em Bagdá, no Iraque, no dia 31 de dezembro. Os manifestantes, que atearam fogo no local e entoaram palavras de ordem como Morte ao USA!, repudiaram os últimos bombardeios ianques contra a nação e exigiram o fim da ocupação militar colonial.
As massas invadiram a Embaixada escalando os muros, forçando os portões e arrombando a porta principal. De acordo com o monopólio da imprensa Associated Press, os manifestantes atearam fogo em uma área de recepção, demonstrando não aceitarem mais a situação de escravidão colonial.
Alguns capitulacionistas que compõem o “Estado iraquiano” (fantoche da ocupação militar do USA) disseram ao monopólio da imprensa Reuters que o embaixador e outros funcionários foram retirados a salvo.
Após a invasão, as forças de repressão iraquianas, comandadas pelas forças militares do USA, lançaram gás lacrimogêneo para tentar dispersar a multidão que se reunia do lado de fora. Fontes médicas disseram que 12 manifestantes ficaram feridos.
A invasão à Embaixada aconteceu após centenas de pessoas participarem de uma marcha na área central da capital iraquiana, onde as manifestações populares estariam restritas desde o começo do grande levantamento de massas iraquiano, que já dura três meses. A manifestação, repudiou os bombardeios do USA contra um dos grupos armados iraquianos, Kataib Hezbollah (milícia xiita sustentada pelo Irã-Rússia), que combateu as forças invasoras em 2003 e agora, após se unir ao USA contra o Estado Islâmico, retomou embates armados contra as forças ianques. O bombardeio do USA deixou 25 iraquianos mortos e 51 feridos, no dia 29 de dezembro.
Manifestantes iraquianos usam cano para quebrar janela da Embaixada dos USA, em Bagdá, no dia 31 — Foto: Ahmad Al-Rubaye / AFP
O povo luta pela libertação
Ataques aéreos como esses, promovidos pelo imperialismo ianque de forma a manter a dominação colonial contra as nações oprimidas como o Iraque para saquear seus recursos naturais e humanos, acontecem desde 2003, quando o USA invadiu o Iraque e iniciou a guerra de rapina.
Em 2003, sob o pretexto de “guerra contra o terrorismo”, o USA empreendeu uma covarde guerra de agressão, de invasão e ocupação contra a nação iraquiana, removendo o então presidente Saddam Hussein, acusado de produzir “armas de destruição em massa”, acusação jamais comprovada. Após a invasão, eleições fraudulentas foram instauradas no país, servindo apenas a legitimar os governos fantoches do imperialismo ianque, encobrindo a condição colonial do país.
Com a invasão, a nação iraquiana foi saqueada. Empresas nacionais foram destruídas pela guerra e pelo regime fantoche que sucedeu. Hoje, monopólios internacionais do setor de energia se beneficiam de contratos assinados pelos governos fantoches, com 20 anos de vigência, dando lucros bilionários.
No Iraque pós-invasão, só as transnacionais do petróleo têm acesso garantido e regular à água e à eletricidade. Já os trabalhadores iraquianos, que sustentam e dão origem aos lucros máximos extraídos, mal têm água e luz, não têm direito de greve e vivem sob o permanente risco de serem classificados como “terroristas” se tentarem enraizar qualquer tipo de organização sindical.
Quase 60% dos 40 milhões de iraquianos vivem com menos de 6 dólares por dia, segundo dados do Banco Mundial. O desemprego assola 14,80% da população, segundo dados de 2017. Em 2014, 23% da população vivia abaixo da linha de pobreza. Enquanto isso, os ianques requisitaram em 2011, e foram prontamente atendidos, que o Estado iraquiano assinasse com companhias do USA um contrato de 4,2 bilhões de dólares para a compra de aviões de combate F-16.
Iraquianos ateiam fogo no muro da Embaixada do USA, em Bagdá, no Iraque, durante protesto — Foto: Thaier al-Sudani/ Reuters