Ativistas protestam contra Biden na Coreia do Sul. Foto: Reuters
Joe Biden, o presidente ultrarreacionário do Estados Unidos, foi rechaçado por massas sul-coreanas e japonesas durante sua visita aos respectivos países, parte de sua primeira viagem presidencial ao continente asiático. Na Coreia do Sul, em torno de 50 protestos ocorreram em Seul, capital do país, onde as massas demonstraram seu repúdio à política imperialista do Estados Unidos de semear a divisão e conflito entre a Coreia do Sul e Coreia do Norte e ao posicionamento lacaio de Yoon Suk-yeol, atual presidente da Coreia do Sul, em atender a todos os ditames do imperialismo ianque. No Japão, protestos ocorreram em Tóquio contra a reunião do Diálogo de Segurança Quadrilateral (Quad) e a implementação do Indo-Pacific Economic Framework (IPEF).
Biden chegou à Ásia no dia 20/05, quando visitou a Coreia do Sul, como parte de sua viagem na qual busca intensificar a intervenção do imperialismo ianque na Ásia para cumprir com seus objetivos econômicos e militares dentro das contradições interimperialistas. A rota de Biden inclui, ainda, uma visita ao Japão, país onde atualmente se encontra, e uma reunião com representantes do grupo “Quad” (Japão, Índia e Austrália, além do próprio USA).
A visita de Biden teve como foco a reunião do Quad, grupo que reúne o USA, Japão, Austrália e Índia, para a “cooperação econômica” e realização de exercícios militares conjunto, e o anúncio do IPEF, uma estrutura para desenvolvimento de relações econômicas entre os países do Indo-Pacífico, na qual fazem parte 12 países (Austrália, Índia, Indonésia, Japão, Brunei, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia, Vietnã, Coreia do Sul e Nova Zelândia). Ambas as iniciativas são parte da ofensiva do USA nas disputas interimperialistas na Ásia, com objetivo principal de minar a hegemonia do social-imperialismo chinês na região.
Povo sul-coreano condena imperialismo ianque
O povo sul-coreano não deu paz ao presidente ianque durante toda sua visita, mesmo com todo o aparato de segurança que o cercava. Protestos ocorreram em todos os pontos da cidade que Biden visitou, desde a Base Militar do USA em Yongsan, distrito central de Seul, onde Biden se reuniu com membros da Embaixada norte-americana, até o hotel onde o ianque se hospedou. Manifestações ocorreram também durante a visita de Biden à Base Aérea do Exército da Coreia do Sul (ROK) e no gabinete presidencial de Yook Suk-yeol, onde os chefes do Executivo dos dois países se reuniram. “Desde o dia que Biden chegou aqui, estudantes universitários continuam a gritar em vozes anti-americanas. [Isso] reflete o desejo do povo”, afirmou uma estudante ao monopólio de imprensa The Straits Times.
Os manifestantes, muitos deles pró-unificação do território coreano em uma só Nação independente, entoaram gritos de ordem como Deixe esta terra, Biden, quem escala a crise militar na Coreia! e levantaram cartazes com as consignas Opor a participação de Yoon Suk-yeol na nova Guerra Fria do USA! e Opor a cooperação militar entre USA-Japão-ROK!.
O lacaio e ultrarreacionário presidente Yoon Suk-yeol não poupou esforços para proteger seu suserano ianque e reprimir o próprio povo: somente em torno do hotel em que Biden ficou hospedado foram mobilizados 7,2 mil soldados de 120 divisões policiais diferentes. Como resultado, um estudante foi ferido gravemente e enviado ao hospital durante um protesto próximo ao hotel.
Ianques estimulam divisão entre povo coreano
A visita de Joe Biden à semicolônia sul-coreana teve como ponto principal a intensificação de exercícios militares na Coreia do Sul sob justificativa de “maior cooperação entre os dois exércitos” (ianque e sul-coreano) para combater as “ameaças da Coreia do Norte”, mero palavrório ianque, uma vez que é o USA os principais desencadeadores de terror e guerras de agressão aos povos oprimidos do mundo, como foi o caso do próprio povo coreano.
Essas propostas do USA são, na verdade, em primeiro lugar, um aumento da presença militar do USA na Coreia do Sul, parte de uma dominação colonial que arranca, anualmente, 1,03 bilhão de dólares (em torno de 1.18 trilhões de won) do povo sul-coreano, arrecadados pelo governo lacaio, para sustentar os 28,5 mil militares ianques presentes no país; e em segundo lugar, parte das constantes provocações à Coreia do Norte por parte dos imperialistas ianques para que essa nação capitule frente às constantes ameaças de guerra e abandone seu principal mecanismo de defesa: o programa de desenvolvimento de armas nucleares.
Para consolidar ainda mais seu domínio, não só a nível militar, mas também no ideológico, o USA busca estimular, a partir da propaganda reacionária sobre o programa nuclear do norte, a divisão entre os povos das Coreias do Sul e do Norte. Tendo sido o USA o único país que usou armas nucleares na história e com mais de mil armas nucleares e centenas de milhares de seus gendarmes em território sulcoreano, os imperialistas acusam a Coreia do Norte de ser a ameaça na região. Entretanto, como se vê pelas mobilizações de massa na Coreia do Sul em prol da solidariedade entre os povos, reunificação da Coreia e saída do imperialismo ianques de seu território, o povo sul-coreano enxerga cada vez mais quem é seu verdadeiro inimigo.
Enquanto o USA busca dividir o povo, os coreanos tanto do sul quanto do norte se mostram favoráveis à reunificação de seu território em uma única Nação. Este objetivo, contudo, só pode ser alcançado plenamente, sem a capitulação do justo programa nuclear da Coreia do Norte, mediante uma revolução democrática que, dirigida pelo proletariado, siga de maneira ininterrupta ao socialismo.
Massas japonesas rechaçam políticas imperialistas
Protestos rechaçam Biden em Tóquio. Foto: AFP/Philip Fong
Em torno de 750 pessoas se reuniram em Tóquio, capital do Japão, contra a visita de Biden, em uma manifestação contra a qual o Estado reacionário japonês moveu uma força de 18.000 policiais. Os manifestantes denunciaram a Quad como uma organização imperialista e chamaram-na de “OTAN do leste”. Segundo os ativistas, a aliança entre Japão e USA busca uma dominação militar da Ásia. Fumito Morikawa, um advogado que esteve presente nas manifestações, afirmou ao monopólio de mídia CGTN: “O mecanismo Quad é uma espécie de ‘reunião de bandidos’. Eles vão discutir o fatiamento do mundo e a formação de pequenos blocos de interesse”.
Quanto ao IPEF, o povo japonês denunciou que a estrutura não apresenta nenhum benefício sólido ao Japão, servindo somente para aumentar a influência do USA na região.
USA busca intensificar imperialismo na Ásia
A primeira viagem de Biden ao continente asiático, com a reunião do Quad e anúncio do IPEF, acontece em meio a uma crise geral e sem precedentes do imperialismo, momento em que as potências e superpotências, na tentativa de frear o estopim da crise, aumentam a exploração e opressão sobre os povos oprimidos e, consequentemente, a pugna com outras potências imperialistas.
Atualmente, o continente asiático tem grande importância para o imperialismo ianque. Durante seu discurso no lançamento do IPEF, Biden afirmou que “o futuro da economia do século 21 está sendo escrito no Indo-Pacífico – em nossa região […] nós estamos escrevendo as novas regras”.
No âmbito econômico, o ultrarreacionáro Biden tem como foco – como se mostrou ao ser uma das pautas da reunião do Quad – o desenvolvimento da tecnologia 5G, que tem sido palco de uma grande corrida interimperialista entre China e USA. Já no campo militar, as regiões de Taiwan, o mar da China, a fronteira entre China e Índia e as Ilhas Kuril compõe o principal campo de interesse do imperialismo ianque.
Nos últimos anos, e principalmente desde 2020, depois de um confronto entre tropas indianas e chinesas na Linha de Controle Real (linha que divide a fronteira entre China e Índia), a Índia tem se aproximado cada vez mais da superpotência norte-americana, o que serve de ponto de partida para o fortalecimento da presença ianque nas fronteiras sino-indianas. Já durante a viagem, Biden deixou claro seu interesse por Taiwan ao afirmar que os USA estariam prontos para defender Taiwan militarmente no caso de uma ofensiva chinesa.
O aumento da pugna entre interimperialistas, com o inevitável aumento da exploração dos países oprimidos, é prólogo para os tempos vindouros. Em meio à crise geral sem precedentes do imperialismo e a ofensiva imperialista, resta aos povos do mundo se levantarem contra as guerras de agressão, construírem organizações revolucionárias de vanguarda e desenvolverem as guerras de libertação ou resistência nacional em revoluções de nova democracia ininterruptas ao Socialismo.