Somente um novo movimento estudantil, popular e revolucionário pode impulsionar as massas estudantis para servir ao povo, servir aos interesses de nosso país e à humanidade, através do único caminho possível: o de mobilizar-se para a revolução, pela transformação completa de nossa sociedade, pela destruição de todo este sistema apodrecido, de exploração, miséria e opressão e pela construção de um novo poder de nova democracia que marche ininterruptamente para o socialismo, o poder das massas populares, baseado na aliança da classe operária com os camponeses pobres. Nos dias 29 e 30 de abril e 1° de maio de 2001, 500 ativistas estudantis, universitários e secundaristas, se reuniram em torno de uma Nova Bandeira: fundaram um novo movimento estudantil popular e revolucionário. O primeiro passo foi dado. Um grande passo! A tarefa dos estudantes revolucionários é a de erguer bem alto esta Nova Bandeira, construindo e desenvolvendo o novo movimento estudantil para servir ao povo e à revolução.
(Por uma nova Bandeira, jornal Estudantes do Povo ano 1, número 1 — 2001)
Março de 2003: protesto antiimperialista em resposta à invasão do Iraque pelo USA
Nos dias 29 e 30 de abril e 1º de maio último, em São Paulo, ativistas e lideranças estudantis reuniram-se no VII Encontro nacional do Movimento Estudantil Popular Revolucionário. O encontro foi construído ao longo de meses de trabalho, encontros regionais, campanhas para captação de recursos e em meio a lutas que se desenvolvem por todo o país. Durante o encontro, o MEPR celebrou o 10º aniversário de sua fundação e elegeu sua nova coordenação nacional.
— O VII encontro nacional do MEPR foi preparado em meio às lutas. Não poderia ser de outra forma. Os companheiros do Norte e Nordeste do país prestaram ativa solidariedade aos operários em greve nas obras do PAC, dirigindo-se aos convulsionados canteiros de obra, distribuindo panfletos de apoio à sua justa revolta. Em São Paulo, Rondônia e Goiânia, as lutas contra o aumento das passagens dos ônibus e pelo passe livre estudantil enfrentaram com combatividade as máfias dos transportes e colocaram centenas de estudantes em movimento. Os protestos não cessaram e novas mobilizações se avizinham. No Rio de Janeiro os companheiros se vinculam à luta do povo das favelas contra o Estado policial, a criminalização da pobreza e contra as criminosas remoções de moradores dos morros promovidas pelo gerenciamento de turno. Em Minas Gerais, bem como em outras regiões, as lutas estudantis secundaristas se revigoram e os companheiros se empenham por se colocar na linha de frente das batalhas.
— A universidade pública e a educação pública de um modo geral vêm sofrendo duros ataques. Os cortes de verbas bilionários, a aplicação do Reuni, programa de expansão das universidades que vem sendo levado a cabo pelo gerenciamento federal, entre outras medidas antidemocráticas vêm provocando renhidas lutas estudantis e combativa resistência entre estudantes, professores e funcionários nas universidades. “Novas” diretrizes curriculares atacam frontalmente o ensino médio nas escolas públicas e as escolas técnicas também sofrem sucessivos ataques. Revoltas estudantis e lutas que unificam os diversos setores das universidades e escolas explodem de tempos em tempos e exigem de nós mais organização e capacidade para travarmos batalhas mais duras, organizar o apelo de milhares de estudantes.
— O MEPR, que completa 10 anos justamente nesse encontro, tem grandes tarefas em suas mãos. São anos de experiência em organizar a luta das massas, combate ao oportunismo e intensa propaganda revolucionária. Deslindamos os campos entre o velho e o novo movimento estudantil e desfraldamos a bandeira do caminho democrático e revolucionário para os estudantes brasileiros. Nosso grande desafio, centro de nosso debate, é como dar ainda maior expressão e massividade a esta luta. Milhares e milhares de estudantes estão em luta em todo o país, nossa tarefa é nos vincular profundamente a esta luta, elevarmos o trabalho de base do movimento para nos colocar à altura dessas lutas.
Essas explanações dos representantes presentes no VII encontro do MEPR são a expressão de uma década de ininterrupto combate por forjar a corrente democrática e revolucionária do movimento estudantil brasileiro.
Manifestação do 1º de Maio no encerramento da 1a Assembléia Nacional do MEPR
Pisando forte
Um vídeo produzido pela coordenação nacional do movimento resgatou a história da construção dessa corrente. Narrado por antigos integrantes do movimento, o vídeo traz imagens da ruptura dos primeiros militantes com o oportunismo em um congresso da UBES realizado em 1995 em Goiânia. O grupo responsável por dar os primeiros passos do MEPR se organizava em torno da tese “Rebelião” e convocou os estudantes conscientes e revolucionários a romperem com a UBES e organizarem um movimento estudantil combativo, fora da farsa eleitoral, que servisse à luta do povo brasileiro e dos povos do mundo inteiro.
O vídeo narra o desenvolvimento e forja da Rebelião em meio às lutas populares e mostra como a corrente vinculou-se profundamente às lutas estudantis ao longo dos anos, colocando-se destemidamente à frente delas, desfraldando as bandeiras do movimento para todo o país.
O primeiro encontro nacional, realizado em janeiro de 2000, contou com a presença de poucos, mas decididos, militantes organizados em três estados. A I Assembleia Nacional dos Estudantes do Povo, realizada em 29 e 30 de abril e 1º de maio de 2001 em Belo Horizonte, reuniu 500 ativistas. Essa assembleia de fundação do MEPR foi encerrada com uma combativa manifestação do 1º de maio.
Com a evolução das lutas, o MEPR se consolidou, ganhando a adesão de novos ativistas em diversas regiões do país, organizando núcleos, coordenações e enraizando-se nas escolas e universidades.
O vídeo mostrou também a participação do Movimento Estudantil Popular Revolucionário em diversas mobilizações e lutas populares. As delegações de ativistas do movimento que periodicamente organizam atividades nas áreas camponesas e vivem um tempo nessas áreas trabalhando e lutando com as massas camponesas. As mobilizações operárias contra as “reformas” levadas a cabo pelo gerenciamento oportunista, FMI e Banco Mundial. As principais lutas organizadas nas escolas e universidades de todo o país. As manifestações anti-imperialistas e em defesa da rebelião dos povos em todo o mundo, o histórico protesto realizado em março de 2003 no Rio de Janeiro diante do consulado ianque, quando da invasão do Iraque pelas tropas assassinas do USA e inúmeras outras mobilizações que fazem parte da história do MEPR.
Agarrando as tarefas
Ainda que em meio às celebrações pelos 10 anos de fundação do movimento, O VII encontro nacional do MEPR preocupou-se principalmente em balancear o momento atual, a situação política nacional e internacional, a situação das universidades e escolas e do movimento estudantil brasileiro, e os atuais desafios da corrente democrática e revolucionária dos estudantes.
O documento de balanço do VII encontro nacional do MEPR sintetiza assim suas tarefas atuais:
“Temos muito o que debater, não há dúvida, mas também é certo que nós estamos colocando questões que podemos e iremos resolver. A prática somente é o que nos permite compreender e transformar. Devemos ter claro que nosso balanço serve a adequar nossa atuação às tarefas novas que se abrem diante de nossa corrente e que não há caminhos retos em nossa trajetória. Temos tido, ao lado de dificuldades, também importantes avanços e neles nos apoiaremos para seguir desafiando todos e cada um dos obstáculos que se coloquem em nosso caminho, com o mesmo espírito intrépido e audacioso que desafiamos outros até aqui.”
Pedi a uma representante da coordenação nacional do movimento que resumisse em poucas palavras quais são as atuais bandeiras e tarefas do movimento após o balanço realizado pelo encontro:
— Seguimos com as tarefas centrais do movimento, dessas não abrimos mão: combater o oportunismo, propagandear a revolução e organizar a luta das massas. Mas temos claro que sem nos vincularmos profundamente às reivindicações mais sentidas dos estudantes, convertê-las em bandeiras e lutas, não mobilizaremos as massas estudantis. Temos hoje uma série de ataques nas universidades, entre elas um corte violento de verbas que significam uma verdadeira sangria. Precisamos estudar esse problema com profundidade e levantar já nossas barricadas para resistir. Na Bahia, os estudantes já fizeram isso espontaneamente e não tardam novos levantamentos. Nosso movimento tem que estar preparado e junto dos estudantes para combater. O mesmo se dá nas escolas secundaristas. Tem surgido novos companheiros e precisamos estudar com profundidade essas “novas” diretrizes curriculares que atacam o conhecimento científico. Hoje, em Minas Gerais, se um aluno opta por se dedicar à área das ciências humanas, deve escolher essa área desde o ensino médio e, desde então, não tem aulas de física, matemática (ou as tem de forma muito superficial). Não podemos permitir isso e vamos resistir. Debatemos como aprofundar nossa organização, vamos nos dedicar mais à construção dos grupos de base do nosso movimento nas escolas e convocar os estudantes para participarem conosco. A tarefa de assumir esta luta está em nossas mãos. A agarramos e vamos à luta!
Empunhando a bandeira
No encerramento do encontro, a nova coordenação nacional do MEPR foi apresentada. Seus representantes foram eleitos pelas coordenações regionais. Na cerimônia da apresentação da nova coordenação, um representante de cada região foi à frente da plenária fazer a defesa de cada novo integrante. Foram falas diretas, retratos da atuação dos militantes do MEPR em cada luta regional. Sem rodeios, sem personalismos, foi a defesa não de uma pessoa, mas do conjunto, da corrente, do acúmulo e experiências nas batalhas materializados nesses representantes que tomaram em suas mãos a bandeira entregue pelos antigos coordenadores, que estão se formando e deixando com isso de serem estudantes.
— Alguns de nós estamos nos formando, vamos prosseguir com nossa militância servindo ao povo não como estudantes, mas como trabalhadores. Os companheiros recém-eleitos para a coordenação nacional recebem de nós a bandeira e irão elevar ainda mais a luta, temos certeza. Muitos são novos companheiros que surgiram nas lutas mais recentes, outros estão nas fileiras do MEPR a algum tempo, outros ainda já compunham a coordenação e contribuirão com sua experiência. A coordenação nacional do MEPR não é uma instância superior, é fruto e expressão do trabalho de nossas coordenações regionais. Mas ela tem o papel importante de centralizar diversos aspectos de nossa luta, temos certeza de que nossos companheiros estão preparados para isso. Saudações a todos e boas lutas! — destacou um dos antigos coordenadores nacionais.
No encerramento do encontro, todos fizeram uma breve avaliação e destacaram o êxito dos debates. Ressaltaram a importância do balanço do último período e relembraram as tarefas que têm em mãos.
Ao final, todos, de pé, com a bandeira vermelha do MEPR em punho, cantaram solenemente o hino do proletariado, A Internacional, preparando-se para, no dia seguinte, assim como há dez anos atrás, celebrar os 10 anos do movimento em uma vermelha manifestação do 1º de maio, nas ruas de São Paulo, ombro a ombro com operários e camponeses.