Em 26 de maio de 1938, com uma luxuosa propaganda, os nazistas lançaram a pedra fundamental da Volkswagen . Hoje, aos 66 anos de existência, não só os próprios capitalistas da VW, mas também as eminências da política e da economia alardeiam as excelências da “história de êxito” e de “lucro” da empresa. Isto não é nenhuma casualidade, já que esta empresa, fundada por nazistas e formada deliberadamente como “empresa modelo nacionalista”, naquela ocasião como também agora, tem um importante papel não só dentro do sistema de exploração do imperialismo alemão, como também, em muitos aspectos, um papel de vanguarda dentro do sistema da reacionária e chauvinista “ideologia alemã”.
A continuação do nazismo e a tradição de empresa modelo para o capital monopolista alemão vão, em diversos aspectos, além de 1945. Até hoje a VW continua negando-se a indenizar suas vítimas de trabalhos forçados.
Deve-se deixar claro que os atuais imensos lucros da VW são, em grande parte, produto da exploração e opressão cruéis de dezenas de milhares de operários e operárias, principalmente nos países dependentes. Assim como da particularmente dura exploração que sofrem os operários e operárias procedentes de outros países, dentro da própria Alemanha, onde lhes são negados quase todos os direitos.
Desde o princípio, a Volkswagen — junto com a cidade de Wolfsburg, que os nazistas haviam levantado da noite para o dia e que designaram de Cidade do carro-força-da-alegria — foi uma parte fundamental da indústria de guerra do imperialismo alemão. Já em 1939, depois de um ano de de funcionamento, tem início a produção de aviões de guerra (principalmente o JU-88 e o caça Focke-Wulff Ta 152). Diferentes tipos de minas (planas e incendiárias), veículos anfíbios e motores para tanques de guerra foram produzidos pela VW. Cerca de 60.000 “carros cubo” para o exército nazista alemão e as Waffen-SS. A própria VW produzia em série o míssil V1 (aprox. 13.500) e coordenava a produção total desses mísseis.
Desde o princípio, a empresa nazista VW foi erguida sobre o sangue e o suor de trabalhadoras e trabalhadores escravos.
Segundo a entrevista na Biblioteca do Ifich, cerca de 18.000 pessoas estiveram ocupadas com a VW durante o nazi-fascismo. Em torno de 1/6 — quer dizer 3.000 — eram operários e operárias, em sua maior parte capatazes e chefes. Apenas podem falar, nesse estilo chauvinista, dos “lucros para os empregados” da empresa nazista quem ignora que a produção da VW se baseava principalmente na exploração extrema de trabalhadoras e trabalhadores forçados, dos prisioneiros de guerra e reclusos dos campos de concentração, que ali foram maltratados de diversas maneiras até a morte.
Trabalhadores forçados
Em busca de trabalhadoras e trabalhadores forçados, a VW seguiu as passos dos nazistas nos países saqueados. Desde 1940 foram deportados 3000 homens e mulheres da Polônia, 1500 da França, 500 da Bélgica e da Holanda. A maior cifra dos trabalhadores e trabalhadoras forçados (4000 – 5000) era da União Soviética socialista.
Com o fim de se abastecer de trabalhadores e trabalhadoras forçados, a VW fez uso de métodos extremamente brutais. Localidades inteiras foram cercadas, sobretudo na Polônia e na União Soviética. Os habitantes foram expulsos de suas casas, amontoados nas praças e deportados para os trabalhos forçados na Alemanha. Entre eles, frequentemente, havia crianças, consideradas, a partir dos dez anos, força de trabalho.
Os prisioneiros de guerra
A VW assumiu a liderança do emprego de prisioneiros de guerra na produção de armamento. O depoimento dos sobreviventes coincide ao assinalarem que os prisioneiros de guerra soviéticos foram os mais brutalmente tratados. Qualquer contato com o resto dos reclusos lhes era proibido, sofriam com a fome, o frio e com a brutalidade dos guardas.
Dos campos de concentração
A VW também tirou especial proveito da utilização e emprego dos presos dos campos de concentração na indústria de armamentos. Até 1945 foram construídos quatro campos de concentração em terrenos da VW e em regiões próximas.
Por exemplo, o campo de concentração com o cínico nome de Vila do Trabalho era um projeto piloto com o qual os nazi-fascistas procuravam averiguar e experimentar a forma mais eficaz de explorar os presos dos campos de concentração na indústria de armamentos. Para isso, as SS* puseram à sua disposição 1200 presos, sobretudo procedentes de Sachsenhausen, Neuengamme e Buchenwald. Quase a metade dos presos foi maltratada e explorada até a morte nesse meio ano em que durou o projeto piloto.
Judeus dos campos de concentração
Em maio, chegou a Laagberg um grupo de 800 judeus húngaros que haviam sido escolhidos em Auschwitz por engenheiros da VW por estarem “capacitados para o trabalho” e que deveriam ser empregados na produção de V1. Em agosto de 1944 foram deportadas judias húngaras para a VW. Para elas se construiu um campo de concentração: o barracão subterrâneo l, como anexo externo do campo de concentração de Neuengamme. No total, umas 650 prisioneiras tiveram que se matar trabalhando na produção de munição e minas planas.
A matança de crianças
As mulheres grávidas da fábrica, polonesas e soviéticas, deviam ir para os barracões da “Maternidade da VW” pouco antes de dar à luz. Durante o parto, sofriam a falta de cuidados médicos. Passados apenas 16 dias do nascimento da criança, eram obrigadas a assumir seu posto na fábrica. Ainda por cima, tinham que deixar seus filhos no “Centro Maternal da VW”. Aproximadamente 400 lactantes e bebês foram assassinados em consequência da sub-alimentação, higiene insuficiente e enfermidades. Em 1944 a taxa de mortalidade entre lactantes enfermas, por exemplo, alcançou praticamente os 100%.
Os trabalhadores e trabalhadoras forçados, prisioneiros de guerra e dos campos de concentração estavam expostos a um monstruoso terror. O corpo de “Segurança e Vigilância” era formado praticamente por elementos das SS. A “Segurança” da VW dispunha também de um ” bunker de castigo” onde os agentes das SS torturavam e maltratavam os presos pelos mais insignificantes motivos. Também a polícia secreta nazista, Gestapo, tinha um centro na fábrica.
Atos de resistência
Sob esse cruel regime de terror da VW existia resistência praticada quase exclusivamente pelas trabalhadoras e trabalhadores forçados, os presos dos campos de concentração e os prisioneiros de guerra. Encontram-se documentadas ações de sabotagem, manipulação de ferramentas, curto-circuito e corte da eletricidade; assim como a produção intencional de produtos defeituosos. Os prisioneiros de guerra soviéticos e franceses tentaram várias vezes, em uma ação de resistência conjunta, explodir o gerador de eletricidade da fábrica com o fim de paralisar a produção.
A solidariedade por parte de alemães sobretudo foi demonstrada pelos denominados “presos militares” alemães, em sua maioria “desertores” da Wehrmacht (o exército nazista). A situação das instalações da VW fora da Alemanha (como era o caso da França ocupada pelos nazistas) era bem diferente. Na França ocupada existia um movimento de resistência forte e combativo que chegava à luta armada apoiada por amplos setores da população. Desde 1943, também na fábrica de Peugeot, as sabotagens se multiplicaram. Assim a resistance conseguiu, em setembro de 1943, incendiar totalmente o armazém de pneumáticos.
Empresa modelo nazista
A Volkswagen foi uma empresa símbolo nazista e premiada com as mais variadas distinções. Ainda hoje, por motivo das diversas celebrações, assistimos à propaganda direta e indireta da demagogia reacionária pró-nazismo, que pretende ver ainda na Volkswagen dos nazistas “aspectos positivos”, a saber: “uma empresa altamente moderna para sua época” que gozava de “exemplares vantagens sociais para os empregados”.
De fato os operários e operárias alemães mais privilegiados — admitidos como “simples” operários, mas na verdade atuando como capatazes — gozavam de vantagens sociais. Esses dispunham de refeitório e lavatório comunitários, médico da empresa, seguro-saúde próprio da empresa, uma formação de aprendizes relativamente completa utilizando o maquinário mais moderno da época etc. Buscava-se com isso subornar os operários e operárias alemães e acorrentá-los à ideologia e à política da “Comunidade do povo”, o que em grande parte se conseguiu.
Com a tese do aspecto supostamente progressista da empresa modelo nazista VW — sob o qual se esconde na realidade o aspecto “progressista” do nazismo em geral — oculta-se e minimiza-se que a Volkswagen, em geral e em particular, era produto do nazi-fascismo e tirava partido deste. Todas as medidas adotadas pela Volkswagen serviam desde aos objetivos agressivos e imperialistas de domínio mundial até ao genocídio a que se propunha o nazi-fascismo. A ideologia da “Comunidade do povo”, a concialiação nazista de classes, na qual só existem “camaradas do povo” e “companheiros de trabalho” que “puxam a mesma corda”, continua existindo até hoje sob outras formas. Esta tese do aspecto progressista se baseia também, e principalmente, no ponto de vista chauvinista da “superioridade alemã” — uma vez que ela esconde que apenas os operários e operárias alemães desfrutavam dessas vantagens sociais, enquanto a imensa maioria — os trabalhadores e trabalhadoras forçados, prisioneiros de guerra e dos campos de concentração — tinha que executar trabalhos de escravos.
A inquebrável “tradição VW”
Em 1945 o imperialismo alemão sofreu um golpe, mas não foi aniquilado nem destroçado. O sistema econômico capitalista ficou intacto e os bancos e os consórcios alemães não tardaram a recuperar seu antigo poder e glória. Podemos acompanhar esse desenvolvimento em Wolfsburg como se fosse em um microscópio; se bem que ele apresenta algumas particularidades.
Por um lado, a história da VW nos mostra claramente por que em 1945 era necessário que as tropas aliadas ocupassem militarmente a Alemanha para acabar com o domínio nazista. Por outro, também nos faz ver que a democratização e desnazificação da Alemanha — acertada pelos aliados no tratado de Potsdam— não saiu do papel no lado ocidental. Isso porque as medidas previstas foram sabotadas pelos imperialistas ocidentais com o aumento do anti-comunismo. Em abril de 1946, ao final das primeiras medidas de desnazificação, o comandante britânico, major Hirst, deu por encerrada essa tarefa. De um contingente de 8.000 empregados, se processaram 1.161 e, ao final, propuseram a dispensa de unicamente 208 pessoas por haver apoiado ativamente a NSDAP** . Principalmente os empregados da VW que ocupavam cargos de direção conseguiram, com êxito, apelar contra suas sentenças.
Sob a nova direção alemã no ano 1948 foram recolocados maciçamente nazistas que, pouco antes, haviam sido despedidos durante a desnazificação. Um companheiro declara:
—Os nazistas, que no verão de 1946 tiveram que debandar, lentamente foram se infiltrando. Com poucas exceções voltaram a ocupar seus antigos postos ou ainda melhores… Para os que foram despedidos com antecedentes nazistas, as portas da fábrica se abrem rapidamente de par em par. Os democratas, apesar das constantes novas colocações, são sistematicamente rechaçados. A VW estabeleceu uma rede de esconderijos em suas fábricas, principalmente nos países dependentes da América Central e da América do Sul. Ali, centenas de carrascos nazistas, de maior e menor envergadura, permaneceram a salvo. Em uma entrevista no final dos anos 70, Simon Wiesenthal declarou que as instalações da VW, assim como as de Krupp e Siemens eram verdadeiros ninhos de nazistas, e que ali trabalhavam centenas de pequenos carrascos nazistas, ainda pelo menos 18 oficiais das SS [Repórter (revista do Rio de Janeiro) n° 6, abril de 1979. Citado em 10/142].
Por exemplo, um dos grandes carrascos nazistas a quem a VW demonstrou sua gratidão é Franz Paul Stangel, o comandante do campo de extermínio de Treblinka —onde em um ano e meio, foram assassinados com gás mais de 800.000 pessoas, principalmente a população judia dos guetos de Vilna, Varsóvia e Bia-listok. Stangel, até o momento de sua detenção, estava empregado como chefe da seção de montagem da VW Brasil, em São Paulo.
Volkswagen nega indenizar
Não é que a Volkswagen se negue por completo a todo tipo de indenização. Foram indenizados os 340.000 poupadores alemães que com suas cadernetas de crédito haviam encomendado e financiado um “carro-força-da-alegria”.
Totalmente distinto é, no entanto, a atitude da Volkswagen na hora de indenizar mulheres e homens que durante o nazi-fascismo tiveram que realizar trabalhos de escravos como trabalhadores forçados, prisioneiros de guerra e presos dos campos de concentração. Com argumentos já desgastados — como por exemplo, que o pagamento de indenizações supunha um prejuízo de competitividade no mercado — até hoje a VW se nega a pagar indenizações individuais reinvindicadas pelas vítimas dos trabalhos forçados.
Um dos maiores exploradores
Frente aos operários e operárias, a Volkswagen se situa como um dos maiores exploradores e sanguessugas em nível internacional. Um total de, hoje, 336.000 operários e operárias são explorados diretamente em cerca de 35 fábricas em todo o mundo. No total, são várias centenas de milhares os que a VW oprime através de uma rede de sucursais (por exemplo, na Coréa do Sul, Indonésia, Filipinas).
Em concorrência com os outros grandes consórcios automobilísticos, a VW fortificou sua posição no mercado de maneira sistemática e agora dispõe de uma cota no mercado mundial de cerca 12 por cento de todos os carros e veículos industriais vendidos. Com a compra de marcas competidoras como Audi, SEAT, Skoda e, há pouco tempo, Rolls Royce, a VW tem podido não só defender sua influência nos “novos mercados”, como também reforçá-la. Desde maio de 1998, através da Skoda, a VW produz automóveis em Saraievo.
Com métodos de exploração continuamente refinados durante os últimos anos e com a intensificação da pressão de trabalho, a VW tem reforçado a exploração de tal maneira que entre 1997 e 2000 os respectivos lucros triplicaram. Especialmente nos países semicoloniais da África, América do Sul e Ásia, a VW — com os mais baixos salários, as piores condições de trabalho e a mais brutal pressão de trabalho — obtém enormes lucros dos operários e operárias desses países. O trabalho infantil, a perseguição e a proibição de organizações e atividades sindicais nas fábricas da VW são práticas comuns da exploração endurecida nesses países. Nisso mostra-se sobretudo que, “seguindo as tradições alemães”, a VW investe precisamente naqueles países onde as ditaduras militares fascistas lhe asseguram as maiores possibilidades de exploração. É significativa a declaração do chefe da VW do Brasil, em 1971, Werner Paul Schmidt, que afirmou seu respaldo absoluto ao reacionário regime de terror no país: —Seguramente a polícia e o exército torturam para obter informações importantes; seguramente nem sequer se seguem os procedimentos sumários para se processar os subversivos, que são fuzilados sumariamente. Porém, para ser fiel à verdade, tem-se que acrescentar algo: que sem dureza não se avança. E vamos seguir em frente.
Aqui vão alguns exemplos de sua prática de exploração em outros países:
VW no Brasil
Na sua fábrica de São Bernardo — a maior fábrica de automóveis da América do Sul — a VW explora cerca de 30.000 operários e operárias . De 1964 até meados dos anos 80, durante a ditadura militar, a VW se aproveitou e reforçou as condições do Estado policial: criaram-se, de maneira sistemática, obstáculos contra as organizações sindicais e suas assembléias em terrenos da empresa foram proibidas etc. O corpo de “Segurança e Vigilância” da VW em São Bernardo, formado por nazistas acobertados pela VW, também era campo de ação de antigos militares brasileiros. E os operários e operárias o temiam tanto quanto à polícia militar brasileira. Eis o que relata o semanário “O São Paulo”, de 17 de outubro de 1980:
“Quando se está sob suspeita, descobre-se uma falha ou há um problema com o chefe, levam-se os operários à sala da ‘segurança’. Os interrogatórios que ali acontecem são mais duros que numa delegacia. A gressões e ameaças como ‘nós vamos te levar para a cela de tortura’ não são raras. Em outros casos os operários são recolhidos a essas salas durante o expediente (até uma semana), como se fosse um cárcere privado. Muitas vezes, inocentes são obrigados a confessar roubos que de maneira nenhuma cometeram. Também crianças, alunas da escola da empresa, são ameaçadas pelos vigilantes.1
E segue um líder sindical:
— … A ‘segurança’ na VW, comparada com todas as empresas do ramo, é a mais parecida com um aparato policial.
VW no México
A VW está presente no México desde 1964. Atualmente explora, em Puebla, 15.200 operários e operárias. Ali, as condições de trabalho se caracterizam pela mais brutal exploração, as piores condições de trabalho e os salários mais baixos. Porém, os operários e operárias da VW em Puebla não deixaram de lutar contra a cruel exploração. Organizaram lutas muito combativas que muitas vezes a VW dissolveu com a atuação da polícia do exército. Durante a greve de 1992 em Puebla, quando a VW despediu todo o pessoal, o Sr. Uhl, membro do conselho de fábrica na Alemanha e responsável pelas relações internacionais, ao ser perguntado se atuaria como fura-greve (como em 1987 havia feito) deu uma resposta bem ao gosto dos capitalistas da VW:
—Podemos tolerar que, devido à greve do México, haja jornada de trabalho reduzida na Alemanha.
VW na África do Sul
Com sua fábrica em Uitenhage, onde neste momento 6.500 operários e operárias são explorados, a VW é o maior consórcio estrangeiro na África do Sul. Com três turnos diários e uma semana de trabalho de seis dias a VW obtém enormes lucros de seus operários e operárias em Uitenhage, com os mais baixos salários e as piores condições de trabalho.
Nestes países, sob condições dificílimas, os operários e operárias têm mantido uma luta com êxitos contra o brutal sistema de exploração da VW, por melhores condições de trabalho, por uma atividade sindical livre e por melhores salários. Precisamente essas lutas podem servir de exemplo e estímulo aos operários e operárias da Alemanha para enfrentar a contínua intensificação da exploração da VW.
Os fatos do passado e do presente na VW nos mostram como são grandes as tarefas que temos pela frente para desenvolver um movimento progressista e revolucionário dos operários e operárias dentro de uma importante “empresa modelo” do monopólio capitalista alemão.
Fontes
Siegfried, K-J., Das Leben der Zwangsarbeiter m Volks-wagenwerk 1939-1945, Frankfurt/Nueva York, 1988
Siegfried, K-J., Rüstungsproduktion und Zwangsarbeit im Volks-wagenwerk 1939-1945, Frankfurt, 1993
Heimatgeschichtlicher Wegweiser zu den Stätten des Widerstandes und der Verfolgung, Niedersachsen I”, Colônia, 1985.
Mommsen, H. & Grieger, M., Das Volks-wagenwerk und seine Arbeiter im Dritten Reich, Dusseldorf, 1996
Initiativkreis für die Entschädigung ehemaliger Zwangsarbeiter, “Erlitten, ver-geben, nicht vergessen. Erinnerungen ehemaliger KZ-Häftlinge und Zwangsarbeiter in der Stadt des KdF-Wagen” Bode, C., “Jedermann rechts Herum!”, die Deutsche Rechtspartei (DReP) und die Wolfsburger Kommunalwahl vom 28. November 1948. Eine Untersuchung zum frühen Rechtsextremismus in Niedersachsen, Hildesheim, 1995
VVN/BdA, ed., Wolfsburg 1945: Neuanfang oder Nazikontinuität?, Wolfsburg, 1998
Weber, G., Krauts erobern die Welt. Der deutsche Imperialismus in Südamerika. Hamburg 1982
Brasilien-Nachrichten, VW do Brasil-Entwicklungshilfe im besten Sinne? Bonn 1978
“Taz”: 12 de dezembro de 1986; 19 de dezembro de 1991; 11 de agosto de 1992
PFN de IG Metall (Sindicato dos Metalúrgicos), 19 de maio de 1998
“Die Strategie stimmt”, edição especial da Volkswagen AG de 3 de junho de 1998
1 Ver TAZ, 11 de agosto de 1992. Uma asquerosa arrogância alemã foi o que mostraram, por exemplo, os operários burocratas subornados do Conselho Geral da Empresa da VW em Wolfsburg também depois de uma visita à fábrica brasileira de São Bernardo em 1978. Quando a direção local da empresa naturalmente negou todas as acusações de trabalho infantil, tortura, etc. em um diálogo conjunto com os delegados do conselho da empresa, os operários burocratas chegaram à conclusão que “os companheiros e companheiras brasileiros estavam em grande parte desinformados”, que eles “teriam que começar novamente desde o início” e que a primeira coisa que deveriam fazer era “conseguir a base necessária na empresa mediante uma formação sindical decente”. Ver 11/17
Nota da Redação:
O texto é uma síntese de um artigo de “Gegen die Strömung” (“Contra a corrente”), órgão para a construção do Partido Comunista Revolucionário da Alemanha. Do texto original foram excluídos alguns exemplos, trechos sobre algumas particularidades da empresa nazista VW e um trecho sobre atividades nazistas na fábrica e nas proximidades, depois de 1945.
O texto completo pode ser encontrado en www.gegendiestroemung.org ou também encomendado na Livraria Georgi Dimitroff, Speyererstrasse 23, 60327 Frankfurt/M, Alemanha.
SS – Oriundas das antigas tropas paramilitares de assalto SA (Sturn Abeitlung), as SS (ou Schutzstaffel – pelotão de segurança) constituíam verdadeiras máquinas mortíferas, onde o grosso do contingente era recrutado entres os jovens de maior vigor físico, protótipos da “raça superior”, recebendo adestramento rigoroso que os transformava em autômatos. Trajavam uniformes negros, ostentando como símbolo duas letras rúnicas S — estilizadas na forma de dois relâmpagos. Essas SS foram reestruturadas no decorrer da guerra, distribuindo-se em várias ramificações, conforme o objetivo do serviço prestado: o Serviço de Inteligência (ou Sicherheitsdient), que absorveu o Abwher (Serviço de Inteligência das Forças Armadas); a Polícia Regular; a Polícia de Segurança, composta pela Polícia Criminal Estatal (Kripo), e pela Polícia Secreta (Geheimes-taatspolizei ou Gestapo). Em 1936, com o surgimento de campos de concentração, ali foram servir os SS caveiras ou divisão Totenkopf, que faziam parte das Waffen-SS, as “SS armadas” ou “SS de combate”.
Em 1936, um decreto autorizou a Gestapo a prender, torturar e matar pessoas, sem julgamento nem provas. Concedeu poderes à Gestapo para submeter a “interrogatórios especiais” os prisioneiros comunistas, marxistas, membros da Resistência, trabalhadores insubordinados, pessoas das nações polonesas, russas.
Destinadas às unidades em atividade desde os campos de concentração, as Waffen-SS usavam distintivos que consistiam na imagem de uma caveira. Em julho de 1943, quando Martin Borman determinou o extermínio imediato de todos os judeus, a Gestapo foi nomeada a executora do plano. A divisão SS Das Reich varreu pelo terror todo o sudoeste da França.
**NSDAP – Nationalsozialistsche Deutsche Arbeuterpartei (Partido Nacional-socialista dos Trabalhadores Alemães)