A falência da “frente popular” oportunista eleitoreira

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A falência da “frente popular” oportunista eleitoreira

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Nada melhor do que o período eleitoral para revelar o oportunismo de corpo inteiro. A ganância petista por se manter no gerenciamento do Estado brasileiro levou-o a aprofundar-se na política de alianças espúrias. Como no caso de Maluf em São Paulo, atropelou suas bases, intervindo em várias regiões para assegurar os interesses supremos de sua cúpula apodrecida.

Para satisfazer a arrogância de Luiz Inácio, com a imposição de seu candidato de algibeira em São Paulo, o PT atropelou Marta Suplicy, Netinho de Paula e Luiza Erundina. Em Recife, Fortaleza e Belo Horizonte a aliança preferencial com o PSB foi quebrada deixando sequelas que repercutirão, muito provavelmente, no pleito de 2014.

“Concluí que esgotei por inteiro minha motivação e a razão para continuar lutando por uma renovação no PT. Na luta pela renovação do partido, no Recife e em outros lugares, têm prevalecido posições da direção nacional, adotadas autoritária e burocraticamente, distantes da realidade dos militantes na base partidária”, escreveu Maurício Rands, que era filiado ao PT há mais de 20 anos e que não apenas desfiliou-se da sigla como renunciou ao próprio mandato de deputado federal diante da imposição da candidatura do senador Humberto Costa à prefeitura do Recife.

Em Belo Horizonte, o conluio PT-PSDB-PSB, que em 2008 levou Márcio Lacerda à prefeitura, foi desmantelado após acusações de traição partidas de todos os lados envolvidos na querela. A intervenção direta de Dilma Rousseff acendeu a luz de alerta para uma antecipação da disputa de 2014, com a nacionalização da campanha em Belo Horizonte, colocando em jogo, de um lado, Dilma Rousseff com PT e sua tralha e, de outro, a dupla Aécio Neves e Eduardo Campos, que por seu lado tentará dividir a tralha petista atraindo para sua órbita outras partes das frações do partido único.

Para o PSB, essa antecipação não traz nenhuma vantagem. Eduardo Campos já tem claro que sob a tutela do PT sua fração só tenderá a diminuir, mas precisa contar com o tempo como seu principal aliado na montagem dos acertos, principalmente com Aécio e o PSDB, que poderá sair mais forte ou mais fraco dessa farsa eleitoral de 2012, dependendo do resultado de Serra em São Paulo.

Mas, o que esse empurra-empurra dentro do partido único sinaliza é mais do que simples disputas dos grupos de poder para alcançar melhores posições dentro da máquina estatal. Para isso, já existem as CPIs e as derrubadas de ministros e de ocupantes de outros postos do alto escalão da burocracia.

O sinal mais significativo desses embates vem do limite da “frente democrática e popular” eleitoreira montada pelo oportunismo para chegar ao gerenciamento do Estado burguês-latifundiário, serviçal do imperialismo. Isso porque a falta de resultados disseminou entre a militância dita de esquerda e dos movimentos sociais que se integraram a tal projeto a consciência cada vez maior de que o PT, puxado por Luiz Inácio e José Dirceu, rompeu com os fundamentos do projeto “democrático e popular”, ao construir o modelito “desenvolvimentista”, tendo o agronegócio como principal aliado para servir ao imperialismo através de sua oligarquia financeira.

Sócios menores perdem espaço

O projeto de hegemonia petista, ao contemplar acordos e alianças com o alto e o baixo clero da pilantragem da desgastada e velha democracia brasileira, tirou terreno de seus aliados ditos de “esquerda”: PSB, PCdoB e PDT. Estes, como sócios menores do projeto oportunista, enfrentam a contradição de se submeterem à relação de vassalagem imposta pelo PT, garantindo sua medíocre sobrevivência, ou buscarem outras alianças que viabilizem seu crescimento em um novo projeto no campo do oportunismo.

Outra contradição que marca esse processo é a insatisfação dentro do próprio PT. Maurício Rands saiu atirando, e há a insatisfação silenciosa, mas com um forte componente de indignação e revolta.

A reação diante da foto de Luiz Inácio confraternizando com Maluf não deixa dúvidas quanto à configuração de um quadro de decepção do “aí já é demais“, embora muitos embarquem na chantagem do conto do “perigo da direita”, explorado ao máximo pela propaganda petista para encobrir sua direitista submissão ao imperialismo, à grande burguesia e ao latifúndio. Isto, para não falarmos dos métodos que revelam sua verdadeira política social, cada vez mais fascista, de corporativizacão da sociedade e o tratamento dispensado aos trabalhadores, jogando sobre os mesmos, tal como outros gerenciamentos de turno, não somente a repressão policial como também as forças armadas.

Também já é notória a grande inquietação nos chamados movimentos sociais organizados. Suas cúpulas já não conseguem conter a insatisfação das bases que, após dez anos do gerenciamento petista, não conseguem ver nada do prometido “projeto democrático e popular” a não ser pelas medidas das “políticas públicas” focalizadas, praticadas sob a orientação do FMI e do Banco Mundial. Tudo aquilo que se reflete em questão fundamental para a vida do povo como a terra, a moradia, a saúde, a educação, o saneamento, o transporte, o lazer e itens que deveriam ser os alvos de um governo que pudesse minimamente pousar de democrático e popular, estão todos em compasso de espera.

Mesmo assim, cegos pelas ilusões eleitoreiras e constitucionais, os descontentes não compreendem que um governo democrático e popular em nosso país só pode ser possível como fruto de uma revolução democrática e popular que derrube as três montanhas da exploração e opressão sobre o povo e a nação: o imperialismo, a grande burguesia e o latifúndio, e edifique um novo Estado Popular sobre as ruínas do velho. Em seu oportunismo atávico essa gente seguirá persistindo pelo mesmo e podre caminho do cretinismo parlamentar, através da conformação de mais um partido de “esquerda” ou “socialista” novinho em folha!

Quanto às massas oprimidas de nosso povo, estão à espera do cumprimento das promessas de transformações. Porém, em nenhuma época da história política do Brasil, num tempo tão curto elas puderam ver de tudo passar no governo do país feito por cada uma das frações do partido único, desde aquelas que são chamadas de direita, de centro ou de esquerda. Todas as enganaram. Com o crescente descontentamento dessas massas e com o agravamento da crise que está em curso, o oportunismo eleitoreiro e seu cretinismo parlamentar sofrerão duros golpes e as suas esperanças no cumprimento das promessas cada vez mais se chamará revolução!

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