Durante a última campanha eleitoreira, a fração petista do partido único, então em concorrência com as frações rivais pelo direito de administrar a semicolônia Brasil ao longo dos próximos quatro anos, adotou como estratégia atacar as privatizações levadas a cabo durante a gerência de Fernando Henrique Cardoso. Essa nuance da estratégia eleitoreira petista, entretanto, foi fundada na demagogia e em uma mentira. Ambas precisam ser desmascaradas.
Em primeiro lugar, a privatização a preço de banana de patrimônios inestimáveis do povo brasileiro como a Vale do Rio Doce, em 1998, não foi uma ideia da gerência peessedebista de então, nem tampouco uma “imitação” por parte dos tucanos de privatizações que tais realizadas na época em outras semicolônias do mundo e até mesmo nos países imperialistas. Ocorre que o processo de privatizações foi desencadeado por ordem do FMI, o mesmo mandante de dilapidações das riquezas produzidas por diversos outros povos do mundo que foram repartidas entre os monopólios com a intermediação de gerências títeres como a de Cardoso e Lula.
A demagogia petista consiste no fato de que a ordem do FMI teria sido cumprida à risca por qualquer outra fração do partido único que estivesse naquele momento empoleirado na administração do velho Estado brasileiro, incluindo o PT.
Já a mentira deslavada que ajudou a compor a linha de frente da marquetagem de Dilma para o segundo turno foi a da “desprivatização” da Petrobras. A gerência petista e sua candidata a testa de ferro do imperialismo no Brasil vêm tentando fazer crer, mesmo findada a campanha eleitoreira, que a Petrobras foi “reestatizada” por meio da recente oferta pública de ações realizada a fim de capitalizar a empresa para novos investimentos. Trata-se de Luiz Inácio e seus asseclas tentando convencer o povo de que seu patrimônio foi tomado heroicamente das mãos do capital logo no santuário onde os vende-pátrias costumam sacrificar as riquezas produzidas pelas massas: a bolsa de valores.
Frente única para por fim ao partido único
“Na Bolsa de Valores em São Paulo, quando eu passava fazendo passeata nas greves de 78, 79 e 80, eles fechavam a porta da Bolsa, com medo de mim. Eles acham que eu era o bicho-papão da Bolsa. E eu nem sabia o que era Bolsa!… Mas eu virei presidente da República, a Bolsa tinha apenas 14 mil pontos. Hoje ela tem 70 mil pontos, hoje a nossa Bolsa é a segunda do mundo. Não tem Nova Iorque, não tem Londres, é a Bolsa de Valores de São Paulo. Hoje nós capitalizamos o povo brasileiro, não foi a Petrobras, porque a Petrobras hoje é do povo brasileiro”, disse Luiz Inácio no palanque de Dilma e Tarso Genro em Porto Alegre, tentando fazer sua subserviência ao capital especulativo parecer benéfica aos interesses das massas, e dando a largada à mentira eleitoreira de que o PT ‘devolveu a Petrobras a quem é de direito’.
Desde então, Luiz Inácio e Dilma não se cansam de repetir a patranha da “desprivatização” da Petrobras e, para, isso ostentam dois dados em particular.
O primeiro é o da suposta queda da participação de estrangeiros na companhia. Entretanto, a proporção de ações da Petrobras nas mãos de estrangeiros não caiu significativamente, tendo descido de 37,8% para 26% do capital da companhia, sendo que em momento algum isso significa que a “estatal” esteja menos sob a influência do capital predatório – ou o capitalista local é menos inimigo das massas do que o capitalista forasteiro? –, nem tampouco que transnacionais e especuladores não continuem a dar as cartas por meio dos seus testas de ferro. E ainda ficou fora dessa conta o lote suplementar de R$ 5,196 bilhões composto por ações ordinárias (com direito a voto) e preferenciais (sem direito a voto) reservado especialmente pela gerência de Luiz Inácio e vendido para o banco ianque Morgan Stanley.
O segundo dado corneteado pelo PT é o aumento da participação do Estado na empresa, o que está longe de significar maior participação do povo. Ao contrário: a capitalização da Petrobras representa, neste momento, o reforço de uma megaempresa que vem sendo usada pelos entreguistas de turno para favorecer os monopólios, como prova a partilha da camada pré-sal entre as transnacionais do setor petrolífero. Isso sim, uma baita privatização.
Toda a demagogia que ora se faz em torno da Petrobras só reforça uma certeza no seio das massas, a de que se impõe a urgência de uma frente única revolucionária para, longe do caminho da farsa eleitoral, tomar de volta para as mãos do povo o que é seu.