A demagogia e a contra-informação, a exemplo dos assassinatos e dos crimes em geral cometidos pelo imperialismo ianque ao redor do mundo, a cada dia se tornam uma prática ainda mais contumaz do USA dirigido por Obama do que do império sob a batuta de Bush. No último dia 2 de agosto, o chefe ianque de turno apareceu marcando a data para “o fim da Guerra do Iraque, como prometido e previsto”: 31 de agosto. Mentira! Mais uma. A ocupação do Iraque continua — como segue a brava luta da resistência contra ela — tanto que o próprio Obama já anunciou que 50 mil soldados e 94 bases militares ficam depois da “retirada” até o final de 2011. Só na ficção um exército dá suas operações por encerradas e deixa 50 mil homens para trás.
Antes do que uma retirada honrosa e triunfalista de 90 mil homens por parte do USA, como a contrapropaganda de Obama tenta fazer crer, estes soldados que ora regressam do Iraque podem ser considerados tropas derrotadas que dão meia volta com o rabo entre as pernas. Se no Iraque há uma “guerra”, que é como os ianques gostam de se referir às suas criminosas invasões, é uma guerra de libertação nacional movida pelo povo organizado contra uma gigantesca ofensiva colonial levada a cabo por um consórcio de potências. Esta guerra está sendo ganha pelo povo iraquiano.
No pronunciamento em que soltou a bravata do fim dos esforços de ocupação do Iraque, Obama disse que o retorno de soldados para casa é o cumprimento da sua promessa de campanha, posição que definiu sua candidatura de 2008 e foi fundamental para vender a ideia picareta de um novo USA, amigo dos povos do mundo. Quase como um ato falho, o chefe ianque disse ainda que “a triste realidade é que ainda não vamos ver o fim do sacrifício americano no Iraque”. De fato, o imperativo de não admitir a derrota requer uma debandada gradual, ao mesmo tempo em que se tenta garantir aos monopólios, antes de o último soldado sair, o controle de determinados poços de petróleo especialmente lucrativos. Não obstante a derrota clamorosa das forças invasoras no Iraque, elas deixaram para trás um imenso rastro de destruição e sangue, e um cientista europeu acaba de jogar luz sobre um capítulo deste massacre.
Faluya: quem é que usa urânio para matar?
No último dia 6 de julho foram divulgados os resultados de um estudo capitaneado pelo renomado professor Chris Busby, secretário científico do Comitê Europeu sobre Riscos Radioativos e autor de muitos trabalhos sobre contaminação radioativa em lugares como o Líbano e a Faixa de Gaza. Poucos dias antes, o comunicado de imprensa marcando a data para a divulgação do estudo foi intitulado como “Os danos genéticos e à saúde em Faluya, Iraque, piores que em Hiroshima”, tentando dar conta da gravidade do assunto abordado. Porém, só mesmo conhecendo os números é possível perceber a magnitude do genocídio que vem sendo imposto à população de toda uma cidade iraquiana pelo imperialismo ianque e seus cupinchas locais, traidores do seu povo.
Faluya foi palco de intensos combates em 2003 entre os invasores ianques e a resistência iraquiana. Pouco se tinha notícia sobre as armas usadas pelo exército do USA na cidade, mas indícios de que houve uso intenso de urânio empobrecido e fósforo branco começaram a surgir em 2005 após relatos de aumento de casos de leucemia e outros tipos de câncer entre a população local. Desde então, o comando do USA no Iraque e as próprias “forças de segurança” iraquianas não permitem o acesso de qualquer pesquisador independente a Faluya, considerada “zona perigosa” não por causa da contaminação que se quer esconder, mas sim pela presença de pretensos “terroristas”.
Diante do prestígio internacional de Chris Busby como cientista, entretanto, não puderam impedi-lo de entrar em Faluya nos meses de janeiro e fevereiro deste ano para entrevistar as famílias que vivem na cidade. Os resultados da pesquisa dão conta de que a mortalidade infantil na Faluya contaminada por armas químicas é atualmente de 136 bebês mortos por cada 1.000 nascidos (a título de comparação: no Brasil semifeudal, a taxa atual é de 19,88/1000), e os índices de incidência de câncer são epidêmicos para câncer no cérebro, de mama, no sistema linfático e leucemia, exatamente os tipos cujos números de casos se espera que aumentem em uma zona contaminada por radiação.