A grande mentira

A grande mentira

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Dizia com certa propriedade aquele que pode ser considerado o “inventor” do terrorismo midiático – o comunicador alemão Joseph Goebels, assessor imediato de Adolf Hitler –, que antes e durante a II Guerra Mundial, através de uma formidável campanha de propaganda, confundiu e enganou grande parte da opinião publica mundial (e o próprio Hitler) afirmando que “uma mentira contada mil vezes acaba tornando-se uma verdade”.

Não é outra coisa que faz nos dias de hoje (com raras exceções) o complexo das comunicações do mundo ocidental, cuja locomotiva da composição é aquela conhecida como “grande imprensa”, capitaneada pelo monopólio de informações das grandes redes de TV, rádios, jornais e agências de noticias, que dedicam a maior parte de seu tempo no propósito de elaborar as grandes mentiras e repeti-las até que se tornem “verdades”.

A questão é que são milhares de mentiras e os meios de comunicação não estão dando conta de seguir a cartilha de Goebels…

Agora estão empenhados em convencer a opinião pública de que o pior da crise do capitalismo já acabou, que os bancos e financeiras retomam suas atividades normais, oferecendo dinheiro para financiamento de casas, carros e outros bens de consumo, além dos famigerados cartões de crédito, um dos grandes se não o maior dos responsáveis pela ilusão da prosperidade capitalista. As caixas de correio em todo o país já estão sendo entupidas novamente (inclusive a minha) de cartas de bancos e financeiras que oferecem novamente o “sonho americano” do dinheiro a baixas taxas de juros e longo prazo para pagar. É isto para eles interpretado como sinal de recuperação e motivo de júbilo exaltado pela mídia.

Mas a verdade é realmente outra: o sistema financeiro continua afundando, assim como o setor imobiliário, a indústria automobilística e da saúde (saúde pública aqui eles chamam de “indústria”), e afinal toda a economia ianque está em franco processo de queda livre e sem sinais de que esteja sequer perto do fundo do buraco.

Somente em agosto foram fechados 5 bancos, sendo um deles o Colonial Bank (de Montgomery, Alabama) com 346 agencias. Esta foi a maior falência desde o início deste ano, que já contabiliza uma quebradeira de 95 bancos, sem contar financeiras e empresas de seguros.

O que houve realmente até agora, que motiva a extemporânea alegria do mercado financeiro e o foguetório da imprensa, é que aumentou um pouco a movimentação dos grandes bancos (mas muito menos que nos áureos tempos), que acabaram concentrando depósitos e clientelas dos bancos menores que fecharam, além de terem recebido quantias fabulosas como ajuda do governo, dinheiro esse dos hoje desiludidos contribuintes. Ajuda daquele mesmo governo que os banqueiros e financistas repudiavam, dizendo nos bons tempos que não queriam interferência governamental nos seus negócios porque cheirava a socialismo. Quando foram atingidos pelo “tsunami”, foi o dinheiro público muito bem recebido e partilhado pelos executivos do sistema financeiro, o que afinal acabou não evitando a quebradeira interminável que se assiste hoje.

Também no mercado imobiliário os louvores de uma pretensa recuperação são creditadas ao governo, que acena com facilidades para a aquisição da casa própria, ao mesmo tempo que o mercado sub-prime mostra um número chegando a 1 milhão de casas abandonadas por todo o país por falta de pagamento. Com as ínfimas possibilidades de recuperação da economia por ora e a médio prazo, o que se pode antever é um cemitério de casas abandonadas por todo o país, transformando o que foi um dia um cenário de belos conjuntos arquitetônicos residenciais em palacetes com janelas e portas fechadas com tábuas e pregos e os terrenos com a vegetação tomando conta do que foi um dia um vistoso jardim.

Por enquanto, as milhares de casas fechadas e com a habitual placa de “Vende-se” na frente ainda recebem cuidados de limpeza interna e externa por parte dos seus donos (agora os bancos e financeiras que receberam o imóvel de volta pelos seus ocupantes inadimplentes), mas fica a pergunta: se não for encontrada uma solução a curto prazo para o problema, os atuais proprietários terão interesse em continuar investindo na conservação dessa infinidade de casas?

Irão conservá-las para que, se a grande maioria do potencial de compradores está falida e sem emprego, sem contar os 47 milhões de pessoas que vivem hoje abaixo da linha de pobreza (de acordo com informação do Escritório de Censo do governo), cuja maioria não tem mais onde morar, não tem seguro de saúde e grande parte come com cupons de alimentação que o governo (ainda) oferece.

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