A grave situação dos trabalhadores de Bangladesh

A grave situação dos trabalhadores de Bangladesh

Uma reportagem do jornal ianque The New York Times, com tradução publicada no Brasil no início de setembro por um dos órgãos do monopólio da imprensa, chamou a atenção para a cruel situação vivida pelos trabalhadores de Bangladesh, semicolônia localizada no sudoeste asiático.

Bem ao seu estilo de baluarte do jornalismo liberal, funcional ao sistema de exploração do homem pelo homem, o jornal The New York Times evita chamar as questões de classe pelos nomes que elas têm. Assim, o jornal chama a radicalizada luta de classes em curso em Bangladesh de “guerra salarial”.

O que ocorre naquele país ocorre em outras semicolônias do mundo, obedecendo à lógica da divisão internacional do trabalho. O proletariado bengalês ou é explorado diretamente por transnacionais ali aportadas para aproveitar as condições de semi-escravidão e todas as facilidades para a operação capitalista providenciadas pelos gerentes locais títeres dos monopólios, ou está sob o jugo do patronato nativo, que controla fábricas que fornecem para grandes companhias globais. O setor têxtil de Bangladesh, por exemplo, que tem cinco mil fábricas e emprega três milhões de trabalhadores, fornece roupas a preço de banana para grifes internacionais de bacanas, como Tommy Hilfiger, Gap, Calvin Klein e H&M.

E é justamente essa burguesia local que financia as campanhas dos postulantes a gerentes do capitalismo burocrático bengalês, os gerentes que se sucedem e se recusam a aumentar os salários e os direitos das massas trabalhadoras. São justamente esses burgueses periféricos que são proprietários de jornais e emissoras de TV. Como costuma ser nas semicolônias do mundo, como no Brasil, muitos deles estão ocupando assentos do parlamento do país.

“Mas a fórmula manufatureira bengalesa depende de o país ter a mão de obra mais barata do mundo, o salário mínimo pago aos trabalhadores do setor de roupas é de aproximadamente US$ 37 por mês. Nos últimos dois anos, à medida que a inflação de mais de 10% vem erodindo os salários, os protestos e choques violentos com a polícia vêm se tornando comuns”, informa o New York Times.

Sindicalista torturado e morto

E segue ainda a reportagem do jornal:

“Em resposta, os líderes bengaleses recorreram aos instrumentos de segurança do Estado para manter as fábricas em funcionamento. Um comitê governamental de alto nível monitora o setor têxtil e inclui agentes militares, da polícia e de agências de inteligência. Uma força policial especial patrulha muitas áreas industriais. As agências de inteligência vigiam alguns sindicalistas. Em abril, o sindicalista Aminul Islam foi encontrado torturado e morto.”

Um ranking publicado em meados de agosto na Europa, elaborado pela consultoria Economist Intelligence Unit, ligado à revista Economist, apontou a capital de Balgladesh, Daka, como a cidade que tem as piores condições de vida em todo o mundo.

Para elaborar o ranking, a Economist Intelligence Unit analisou cinco critérios principais: estabilidade, saúde, cultura e meio ambiente (numa mesma nota), educação e infra-estrutura. Para cada item foi atribuída uma pontuação de zero a 100. Com notas até 1 a condição é considerada “intolerável”, enquanto com a nota 100 a condição de vida é considerada a ideal. A pontuação de Daka, a pior colocada no ranking, foi de 38,7. As piores notas da capital de Bangladesh foram nos quesitos infra-estrutura e saúde.

O ranking da Economist Intelligence Unit foi balizado por critérios típicos das rotinas de produção da imprensa burguesa. O estudo levou em consideração cidades que as pessoas queiram visitar ou onde tenham vontade de morar, e não incluiu cidades como Cabul e Bagdá, capitais respectivamente do Afeganistão e do Iraque, nações ocupadas pelo imperialismo ianque. Mas o fato de Daka figurar na última colocação mesmo desse ranking feito pelos capitalistas, é mais um sintoma das aviltantes condições gerais de vida em Bangladesh.     

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