A guerra suja do Afeganistão

A guerra suja do Afeganistão

O monopólio internacional dos meios de comunicação, mentindo, omitindo ou distorcendo a verdade dos fatos, não consegue esconder o volume das barbaridades cometidas pela política bélica imperialista de fomentação de guerras assassinas por todo o planeta, na busca incessante de lucros e dominação. Um pouco do que os ianques ainda conseguiam esconder, hoje vem à tona de forma clara e insofismável através da internet, que revela as atrocidades do seu exército, que assassina populações civis desarmadas, destrói escolas, hospitais, asilos e residências, matando indiscriminadamente sob ordens e total apoio da Casa Branca.

É o caso do sitio eletrônico Wikileaks.org, que vem denunciando sistematicamente os horrores praticados pelo exército ianque, principalmente no Afeganistão e Iraque, publicando documentos filtrados do próprio Pentágono, o que está deixando os senhores da guerra de cabelos brancos. Muitas outras páginas na internet também são boas fontes.

O Wikileaks oferece uma segura plataforma virtual para informantes que entreguem documentos, vídeos e outros materiais eletrônicos, mantendo sigilo das suas fontes. Este perigoso inimigo dos ianques conta agora com informantes secretos dentro dos três jornais hegemônicos do monopólio da imprensa ocidental: The New York Times (USA), The Guardian (Inglaterra) e Der Spiegel (Alemanha). Estes jornais acabam de publicar cerca de 92 mil informes filtrados pelo Wikileaks, somente do exército ianque no Afeganistão, com informes redigidos na maioria por soldados nos campos de batalha imediatamente após ações militares que representam um verdadeiro diário de guerra (de 2004 a 2010), onde se detalham a matança de civis, entre eles de crianças e jovens, estes hoje a crescente fonte da insurgência talibã que resiste  às forças assassinas do exército ianque.

O Wikileaks é aquele mesmo sítio que publicou em março passado um vídeo filmado desde um helicóptero de combate ianque, que sobrevoava Bagdá (Iraque) e promoveu uma matança indiscriminada de pelo menos 12 pessoas (civis), duas das quais eram funcionários da agência noticiosa Reuters. As imagens desse massacre correram o mundo e as cenas de dentro da aeronave, com os comandantes incentivando o metralhamento chocaram o mundo, apesar de que fatos como esse se repetem comumente no Afeganistão e em outros países vítimas do barbarismo ianque e de seus aliados. Só que na quase totalidade das vezes o fato não é reportado ou é escondido.

Agora a Casa Branca, no desespero pela repercussão mundial negativa da filtragem das informações dessa interminável matança, implora para que seja contido esse vazamento, hoje avaliado (com humorístico mau gosto) pela opinião pública estadunidense como pior que o vazamento de óleo no Golfo do México.

O argumento do Pentágono, através do chefe do Estado Maior ianque, Mike Mullen, é de que a publicação desses diários na sua íntegra, como tem sido feita, possa ser muito perigosa, já que revela nomes e as fontes, identidade dos protagonistas e métodos operacionais que os talibãs podem ter acesso com facilidade.

Já o secretário da Defesa, Robert Gates, declarou que ”as consequências da publicação desses documentos do campo de batalha são potencialmente graves e perigosas para as nossas tropas, nossos aliados e parceiros afegãos, e poderia danificar nossas relações e reputação (!) nesta parte chave do mundo”. Ao mesmo tempo Gates abriu investigações junto ao FBI para tentar identificar a pessoa que passou os documentos à Wikileaks.

O almirante Mike Mullen reforçou as palavras de Robert Gates declarando dramaticamente que o site responsável pelo vazamento já poderia “ter as mãos manchadas de sangue” de soldados ianques e dos traidores afegãos que apoiam o massacre dos seus irmãos dentro do seu próprio território.

O principal suspeito, já apontado pelo Pentágono, é o analista de Inteligência do Exército, Bradley Manning, de apenas 22 anos, e que já se encontrava preso numa base militar no Kwait, acusado de promover outro vazamento anterior, em maio, e que ficou detido numa prisão militar no estado da Virginia.

Uma das revelações mais surpreendentes neste turbilhão de fatos descobertos é que as forças imperialistas estão infiltradas pelo Talibã, cujos aliados secretos são tantos que a inteligência ianque não consegue descobrir até que ponto vai essa infiltração. Os relatórios que foram divulgados pelo Wikileaks denunciam desde massacres de civis não divulgados, até a possível colaboração dos serviços secretos do Paquistão com o Talibã.

Segundo a revista Newsweek, os talibãs asseguraram que vão descobrir onde estão todas aqueles afegãos comprometidos com os ianques que estão citados nas 92 mil páginas vazadas, para eliminá-los um por um.

No mesmo dia em que o Pentágono ”implorava” para que o Wikileaks detivesse o gigantesco vazamento de informações, era anunciada a morte de mais 3 soldados na frente de batalha, o que eleva o número de baixas a 66 somente em julho passado, número mensal mais alto desde que a guerra começou em outubro de 2001 e já consumiu cerca de 345 bilhões de dólares. Isto além de mais de mil soldados mortos em combate, sem contar um elevado número de mortes por suicídio.

Mas Barack Obama não parece realmente muito preocupado com tudo isso e diz diariamente pela imprensa que vai ganhar a guerra. Prova disso é que acaba de aprovar fundos urgentes no valor de muitos bilhões de dólares e o envio de mais 33 mil soldados para morrer no Afeganistão.

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