A luta camponesa faz-se ouvir

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A luta camponesa faz-se ouvir

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No dia 22 de setembro a Fazenda Forkilha de 22 mil hectares, em Santa Maria das Barreiras, sul do Pará, foi definitivamente tomada por camponeses pobres. Ao consumar a ocupação da sede e expulsão dos pistoleiros da área, caiu mais um latifúndio. Esse não era qualquer um. Foi, durante décadas, local dos mandos e desmandos do latifundiário Jairo Andrade.

luta camponesaForam meses de preparação, como já tratamos em matéria na edição 37 da AND. Desde o início deste ano a tomada foi planejada. As famílias de camponeses sem terra ou com pouca terra foram cadastradas e organizadas em grupos, principalmente na cidade paraense de Redenção. Foram dezenas de reuniões de grupos, assembléias e reuniões de estudo para preparar a entrada na área. E 1100 famílias se cadastraram.

A primeira Assembléia na sede celebrou a vitória conquistada. Controlar toda aquela área e colocar para fora o latifundiário encheu todos de moral. A alegria contagiava a todos. Aqueles calejados e honrados camponeses sentiam naquela hora que estavam construindo a história, tinham tomado o destino nas próprias mãos. As canções de luta Conquistar a Terra e O Risco foram entoadas com entusiasmo; ecoaram as palavras de ordem: "Conquistar a terra! Destruir o latifúndio! Viva a revolução agrária!"

A força da organização

A Coordenação geral, eleita em assembléia e que tem o papel de direção do acampamento, reúne-se diariamente e encaminha os assuntos para serem debatidos e deliberados nas assembléias, que também são diárias. Para solução dos problemas cotidianos de interesse coletivo foram constituídas comissões de trabalho. Estas comissões também prestam contas diárias nas assembléias. Um dos principais papéis das assembléias é zelar pelo cumprimento dos princípios de organização e das normas de disciplina para garantir um bom funcionamento e o respeito entre as pessoas no acampamento.

Na Assembléia do último dia 2 de outubro, após longo debate, deliberou-se pelo início do corte popular da terra. Um dos coordenadores do acampamento declarou:

— Este é um dos princípios do movimento camponês combativo: tomar, cortar e a entregar imediatamente os lotes. Isto evita os acampamentos eternos que mostram ilusão na reforma agrária desse Estado, além de trazer desgaste e sofrimento às famílias.

E uma companheira, também coordenadora arrematou:

— A expectativa de todos já é plantar ainda este ano. Somos 1100 famílias que já não vão mais trabalhar para enriquecer os exploradores, fazendeiros e ricaços da região. Vamos trabalhar para o bem-estar de nossas famílias e é isto que vai trazer progresso para a região.

A notícia desta grande vitória dos camponeses pobres se espalhou como uma labareda. Centenas de novas famílias já se cadastraram e se organizam para tomar outros latifúndios. E o entusiasmo não é à toa, pois não é um latifúndio qualquer que caiu.

Uma outra liderança do movimento declarou:

— Estamos convencidos de que do governo Lula não sai reforma agrária nenhuma. Lula, cujo filho já controla grandes fazendas de gado aqui na região, governa para os ricos e poderosos e descumpriu todos os compromissos que havia firmado como o povo. Conhecemos em nossa pele e em nossos ombros as atrocidades que o latifúndio é capaz de cometer. Mas já não tememos suas ameaças. Hoje está falando mais alto nossas necessidades. Nossa organização, nossa união e o apoio de todas as pessoas de bem nos dão coragem e a força de que precisamos.

Quem foi Jairo Andrade

Jairo Andrade Bezerra, falecido há 4 anos, nasceu em Passos (MG) e foi extrema-direita de carteirinha. Entusiasta organizador da "Marcha com Deus, pela Família, pela Liberdade" em 1964, atividade patrocinada pela CIA, que antecedeu ao golpe militar que derrubou o governo constitucional de João Goulart.

Foi para o sul do Pará no final dos anos 1960 e sempre teve apoio da ditadura militar para cometer todo tipo de desmandos na região. Roubou terras dos indígenas, posseiros e dos colonos assentados pelo Incra no assentamento Agropecus.

Jairo recebeu nove autuações por trabalho escravo. Teve seu nome incluído na Lista Suja do Trabalho Escravo, condenado por manter 97 trabalhadores escravizados na Fazenda Forkilha. Seu irmão, Gilberto Andrade recebeu igual condenação por trabalho escravo na fazenda Boa Fé, em Centro Novo (Maranhão). Apesar de denunciado por trabalho escravo (desde final dos anos 60), Jairo Andrade nunca deixou de receber recursos públicos da SUDAM para investir em sua propriedade.

Foi fundador da criminosa e arqui-reacionária UDR — União Democrática Ruralista, em 1985, sendo seu primeiro tesoureiro nacional. Subiu no palanque com Fernando Collor em Redenção nas eleições presidenciais de 1989. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em 5/11/1994, Jairo Andrade — acusado de contratar pistoleiros para assassinar o ex-deputado e advogado de posseiros Paulo Fonteles e inúmeros trabalhadores rurais — não desconversou: descreveu mortes das quais participou, informou onde enterrou as vítimas e fez ameaças. Como sempre acontece com os crimes do latifúndio em nosso País, nada aconteceu a este bandido, réu confesso.

O latifúndio no sul do Pará

Em Conceição do Araguaia, mais antigo município do sul do Pará, surgiu no início dos anos de 1960 o maior latifúndio paraense: a Fazenda Santa Tereza, do latifundiário paulista João Lanari Duval. Fruto do roubo de terras dos índios Caiapó-Gorotire, de posseiros que há décadas ocupavam aquelas terras e de terras públicas, Lanari Duval assenhoreou-se de 278.784 hectares das melhores e mais produtivas terras da região.

Apesar do impedimento legal de adquirir-se mais de 4.356 hectares (hoje o limite legal são 3000 hectares) e sem falar na violação do direito de posse dos indígenas e posseiros, o latifúndio Santa Tereza foi reconhecido pelo velho Estado e passou a receber fartos recursos públicos.

A floresta, riquíssima em mogno, foi desmatada em larga escala para a formação de pastagens, fazendo da pecuária a principal atividade dos latifundiários da região. O Bradesco e a Volkswagen também constituíram fazendas na região. Os frigoríficos que se instalaram no sul do Pará foram sempre o instrumento para impulsionar os interesses dos grandes pecuaristas e escorchar os médios criadores de gado.

A cidade de Redenção, que em seu núcleo urbano tinha 767 habitantes em 1970 e hoje é o mais populoso município da região com 70 mil pessoas. É um retrato da forte migração que se registrou no sul do Pará nestes últimos 30 anos. Camponeses e posseiros expulsos da terra, trabalhadores de outras regiões do País atraídos por um pedaço de terra ou pela fama do garimpo explicam o forte crescimento populacional de povoados e cidades da região. Onde o latifúndio predomina é assim: esvaziamento do campo e miséria na cidade.

A falta de empregos, o fracasso da reforma agrária do governo não deixa aos pobres outro caminho que não o da tomada do latifúndio. E é este clima efervescente que se observou este ano na cidade de Redenção e nos lugarejos e povoados vizinhos.

Quem são os bandidos no campo

O deputado federal Giovanni Queiroz (PDT) e outros porta-vozes do latifúndio estão acusando pela imprensa reacionária paraense os camponeses e suas organizações de "levar o terror ao campo", de "organizar bandos armados para roubar e matar", de "bandidos encapuzados", etc. Mas todo mundo sabe que quem tem bando de pistoleiros, quem rouba terra, quem persegue famílias indefesas, quem mata covarde e impunemente são os latifundiários.

Suas fazendas são produto do roubo de terras públicas, de terras indígenas e de terra de posseiros. Giovanni Queiroz propôs em discurso na Câmara de Deputados arrecadar dos latifundiários R$ 2 por hectare de suas propriedades para contratar "empresas de vigilância". Isto é pura fachada. O dinheiro é para pagar pistolagem. O que eles querem é desatar uma onda de perseguição, repressão e violência contra o movimento camponês combativo.

Defesa do trabalho escravo

O deputado Giovanni Queiroz, junto com o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e o deputado federal Paulo Rocha (PT-PA), participou de audiência no gabinete do Ministro do Trabalho, no dia 12 de julho de 2007. O objetivo da reunião era pressionar Ministério, em particular a Secretaria Nacional de Inspeção do Trabalho, por sua ação contra a Pagrisa, em Ulianópolis (PA).

Nos dias 28 de junho a 8 de julho do corrente ano o Grupo Especial de Fiscalização Móvel libertou 1.064 trabalhadores que trabalhavam como escravos naquela usina/latifúndio de 17 mil hectares. A empresa beneficia 760 mil toneladas de cana e produz 50 milhões de litros de álcool, comprados pela Petrobrás. Os fiscais provaram que ela roubava direitos dos trabalhadores, alojava-os em péssimas condições, dava-lhes comida estragada e, para beber, a mesma água usada para regar a cana. Cobrava preços altíssimos pelos remédios que os trabalhadores eram obrigados a comprar e, após um mês de trabalho, dezenas deles recebiam zero reais de salários.

Fiscais do trabalho, que têm denunciado o trabalho escravo por todo o País têm sido ameaçados de morte, o que já ocorreu em Unaí (MG), em 28 de janeiro de 2004, quando três fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho foram assassinados a mando dos latifundiários da família Mânica.

"Veja", porta-voz dos bandidos latifundiários

O jornal Folha de S. Paulo (edição de 25 de outubro) e a revista Veja (edição de 2 de novembro) estampam as mesmas acusações aos camponeses e suas organizações. Milícia atuando no sudeste do estado, diz a FSP;"uma recém-criada organização de sem-terra começou a aterrorizar a região: a Liga dos Camponeses Pobres, que mantém relações com remanescentes do Sendero Luminoso" e que "os integrantes da Liga andam encapuzados e armados", diz a Veja. São matérias de mesmo conteúdo daquelas ditadas pelo latifúndio e publicadas em sua imprensa no sul do Pará.

Este é o conhecido método porco, no qual a Veja é imbatível, de acusar sem provas, de despejar todo o rancor e incômodo com a luta e a organização popular para açular a repressão e justificar toda sorte de perseguições às lideranças camponesas e seus movimentos. Isto realmente não é novidade, mas serve para mais uma vez desmascarar a defesa que estes órgãos da imprensa reacionária fazem desta legião de escravocratas, banqueiros, grandes pecuaristas, grandes mineradoras que sugam as riquezas e exploram o trabalhador brasileiro para atender à sanha dos monopólios imperialistas, transformando o Brasil neste arremedo de país independente.

Terror policial-latifundiário no Triângulo Mineiro

Na madrugada do dia 28 de outubro último, cerca de 50 famílias camponesas ocuparam a Fazenda Samambaia, localizada no município de Monte Carmelo, situado na mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.

As terras tomadas pelos camponeses, de acordo com o relato dos moradores da região, são reclamadas pelo latifundiário Henrique Rodrigues. Os camponeses contam que apesar das acusações da prática de trabalho escravo e tráfico de drogas que pesam sobre o latifundiário, a fazenda continua em seu nome e abandonada há anos sem produzir nada.

Logo após a tomada da Fazenda Samambaia, precisamente às 20 horas do dia 28, de acordo com a denúncia dos camponeses, a Polícia Militar de Monte Carmelo esteve no local da ocupação em uma viatura comandada pelo Cabo Souza, que se pôs a fazer ameaças às famílias.

Em seguida foi acionado um forte efetivo policial que se dirigiu diretamente para o acampamento disparando suas armas contra os camponeses.

Todo o acampamento foi queimado, mantimentos foram apreendidos ilegalmente e transportados nas próprias viaturas, dois homens e uma mulher foram agredidos a pancadas. Enquanto os policiais queimavam os pertences dos camponeses, as famílias se refugiaram na mata onde foram obrigados a se esconder durante um dia inteiro. Uma menina de apenas seis anos ficou dois dias desaparecida na mata e agora encontra-se tremendamente abalada psicologicamente.

As famílias reorganizaram-se e no dia seguinte retomaram a fazenda Samambaia. Estão firmes e decididas no propósito de conquistar a terra e fazê-la produzir.

Alagoas
Fracassa mais uma tentativa de colocar povo contra povo

Depois de se verem na iminência de um confronto entre os dois movimentos, a Liga dos Camponeses Pobres do Nordeste e o MLST realizaram uma reunião e decidiram resolver seus problemas longe da interferência do Incra.

Após a ocupação do latifúndio conhecido como Bom Destino pela Liga dos Camponeses Pobres, um grupo ligado ao MLST chegou à área dando a entender que o Incra já a havia destinado a eles.

Passados os momentos de maior tensão, realizou-se uma reunião na sede do Incra de Alagoas, ocasião em que instituição pressionou para que o latifúndio fosse desocupado. Os camponeses proporam que uma solução seria encontrada independente dos órgão do governo e todos reforçaram a afirmação de uma nota pública lançada pela LCP sobre a necessidade de união dos camponeses na luta por terra para quem nela trabalha.

Desde então, os dois acampamentos da LCP na Bom Destino recebem ameaças do Incra, que maneja com a possibilidade de ser expedida uma ordem de reintegração de posse em nome do latifundiário que reivindica as terras. Porém, o ânimo nos acampamentos é dos melhores, com elevado espírito de luta e combatividade.

Já no município de Capela, camponeses organizados também na Liga dos Camponeses Pobres do Nordeste, retomaram as áreas Pitombeiras, Pedrinha e Vieira, que faziam parte da massa falida da antiga Usina João de Deus.

As áreas haviam sido ocupadas inicialmente em maio, mas em julho o juiz Ivan Vasconcelos Brito Junior, da comarca de Capela, determinou a reintegração de posse a Sérgio Moreira, secretário interino de Infra-Estrutura do governo do estado e esteve preso por envolvimento com a empreiteira Gautama.

Um acordo foi feito entre o juiz e os camponeses, que lhes permitiu permanecer com as lavouras já plantadas até a colheita, mas enquanto se instalavam em um acampamento provisório — especialidade do Incra — o latifundiário e oligarca João Lyra ordenou que seu tratores gradeassem as terras, destruindo as plantações.

Os bravos camponeses retornaram às áreas anteriormente desocupadas e bloquearam uma ponte utilizando as máquinas do latifundiário. A ponte foi liberada, mas as máquinas continuam impedidas de entrar nas áreas pela autoridade das massas camponesas que libertam mais um pedaço da terra brasileira para seu povo.

Paraná
Direção do MST trata camponeses como bandidos

O Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos de Foz do Iguaçu e Cascavel publicou denúncia da ação de elementos que agiram em nome da direção do MST no oeste do estado do Paraná. O fato ocorreu no Assentamento ‘Companheiro Antônio Tavares’, na antiga fazenda Mitacoré, em São Miguel do Iguaçu.

Desde o final de setembro foram apreendidas toneladas de drogas e armamentos na BR 277, nas proximidades da Mitacoré. Os proprietários das drogas e das armas não foram identificados e não houve prisões.

Os camponeses que vivem e produzem na área há mais de um ano, denunciam que a ocorrência destes fatos são parte de uma trama para incriminar as famílias do acampamento com a acusação de "tráfico de drogas".

Logo após a apreensão de um grande carregamento de drogas na região, a direção do MST anunciou também haver encontrado drogas nos arredores do acampamento. Em seguida, em nome do MST, chegaram na Mitacoré "camponeses de outras áreas" comportando-se como jagunços que ameaçam e vigiam as famílias 24 horas por dia, chegando a impor "toque de recolher" aos assentados. Estes "representantes do MST" decidiram expulsar da Mitacoré os camponeses que, há mais de um ano, denunciaram alguns dirigentes por não concordarem com a prestação de contas do dinheiro destinado à construção de casas para os assentados. Seus lotes foram invadidos, filhos foram pressionados a denunciar os pais, alguns tiveram parte de seu gado consumido, enquanto ameaças de todos os tipos se multiplicavam.

Os camponeses exigem justiça e denunciam dezenas de vezes as autoridades e organizações desrespeitaram e ironizaram a situação dos perseguidos. Procuradas pelas famílias injustamente atacadas na Mitacoré, responderam:

— Mas eles não estão sendo expulsos por causa da droga?

As famílias da Mitacoré exigem o seu legítimo direito de permanecer na terra que conquistaram com luta.

Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos de Foz do Iguaçu e Cascavel

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Syngenta assassina liderança no Paraná

No dia 21 de outubro último, um grupo de pistoleiros invadiu uma área ocupada por camponeses no campo de experimentos transgênicos da Syngenta, em Santa Tereza do Oeste — PR e assassinou uma das lideranças da área, Valmir Mota de Oliveira, mais conhecido como Keno, deixando gravemente feridos os trabalhadores Gentil Couto Viera, Jonas Gomes de Queiroz, Domingos Barretos, Izabel Nascimento de Souza e Hudson Cardin.

Os pistoleiros trabalham para a empresa de fachada NF Segurança, de propriedade de Nerci de Frietas, que presta serviços para a Syngenta Seeds, Sociedade Rural da Região Oeste — SRO e o Movimento dos Produtores Rurais — que não existe oficialmente e é usado para formação de milícias armadas contra os camponeses.

No momento da chegada dos pistoleiros, Keno estava vigiando a portaria do acampamento. Ele visualizou dois atacantes e deu alarme na área, informando inclusive à polícia sobre a ocorrência. Menos de uma hora depois, um ônibus parou em frente ao portão de entrada. Todos pensavam que se tratava de mais um grupo de famílias que chegavam para engrossar o acampamento. Mas o que saiu do ônibus foi um bando composto por 40 pistoleiros fortemente armados que desceu disparando contra o acampamento.

Keno, que estava na linha de frente, foi assassinado com dois tiros no peito. Relatos dos camponeses que testemunharam o fato dão conta de que Keno foi executado.

Ele era da coordenação nacional do MST, era casado e tinha dois filhos e já havia sido ameaçado de morte várias vezes.

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