A mídia burguesa adora uma subliteratura…

A mídia burguesa adora uma subliteratura…

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Vem sendo bastante inflado no oligopólio da imprensa burguesa que opera no Brasil um livro lançado recentemente chamado “Guia Politicamente Incorreto da América Latina”, calhamaço de 320 páginas permeado da ideologia burguesa mais degenerada, recheado de desinformação e ódio de classe, com ares enciclopédicos, que joga personagens da esquerda, da direita e oportunistas de carteirinha no mesmo balaio e nutre a pretensão de combater “o falso herói latino-americano” e as “regras batidas para se contar a história”. Em suma, uma pérola do revisionismo da matriz mais picareta, que não tem sequer sistemática para fazer parecer minimante crível toda sorte de patranha que destrincha.

A constatação de que este infame “guia” foi escrito por dois dedicados jornalistas que constam na folha de pagamento da revista Veja, órgão semi-oficial dos setores mais reacionários da direita brasileira, já quase que bastaria para dizer a que o livro se propõe.

O objetivo dos dois autores é claro: polemizar com frases de efeito, afirmações simplórias feitas sem qualquer rigor, ronrom reducionista, visando ora desmoralizar ícones identificados com esquerda latino-americana, ora absolver os mais notórios opressores dos povos da região dos seus crimes históricos. Nesta linha, está escrito lá no “Guia Politicamente Incorreto da América Latina” que “Fidel Castro foi capitalista”, “Che Guevara ordenava torturas” e que “os Incas aprovaram a dominação espanhola”.

Fazendo a crítica pela ótica da direita, os autores apresentam como falsos heróis personagens que nem sequer podem ser apontados como os revolucionários que eles tanto odeiam, seja porque se enveredaram pelo caminho do reformismo, do nacionalismo inconsequente ou da ilusão legalista, como Salvador Allende, ou do oportunismo mais escrachado, como Evo Morales e Hugo Chávez. Já quando os autores dizem que Che Guevara não deveria ser tido como um herói porque “matou centenas”, por certo não ocorreu aos autores que isso tem a ver com o fato de que ele lutava em uma guerra.

‘Policamente incorreto’…

Na mesma linha, a reacionária, um dos autores do livro já havia lançado em 2009 o “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil”. O apelo ao “politicamente incorreto”, nos dois casos, não se refere ao saudável constrangimento das ideias feitas e inúteis ou a um esforço para fomentar nas mentes a prática da dúvida. Refere-se, isso sim, ao “politicamente incorreto” bem à moda dos colunistas de estimação da direita empoleirados nos órgãos do oligopólio da mídia como a própria Veja. Articulistas escolados nas artes da provocação, que, espumando, destrincham um profundo ódio ao povo trabalhador enquanto alegam que estão apenas indo além de “mocinhos e bandidos conhecidos”.

Por tudo isso, ou seja, por esse caro serviço prestado à difusão do ideário da direita, o livro já foi corneteado em várias conhecidas tribunas da subcultura e da subliteratura, como os programas de auditório de Jô Soares, Faustão e Ana Maria Braga, todos da Rede Globo. O livro foi incensado também na última Bienal do Livro do Rio de Janeiro.

Além do mais, os guias incorretos dos jornalistas da Veja são, na verdade, versões mais mal acabadas de um velho panfleto de direita comum nas cabeceiras dos contrapropagandistas do nosso continente, o “Manual do Perfeito Idiota Latino-americano”, livro de 1997, de autoria de um reacionário notório, o peruano Mario Vargas Llosa, que também já foi amplamente divulgado pelo oligopólio da mídia que opera no Brasil como uma obra “policamente incorreta”.

Trata-se da mesma ladainha: juntar legítimos revolucionários com reformistas, nacionalistas e legalistas e tentar desmoralizar todos eles alegando estar usando “argumentos contra a mitologia latino-americana dos nacional-populistas e esquerdistas”. O manual idiota ganhou uma continuação em 2007, quando dos dez anos do lançamento do primeiro, para abarcar figuras como Hugo Chávez e Evo Morales, que são apresentados como integrantes de “uma nova geração de revolucionários”. Ora, logo eles, legítimos representantes da falsa esquerda latino-americana, aquela que brada contra o imperialismo de dia e fecha acordos com os monopólios de noite.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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