A natureza das universidades sionistas

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A natureza das universidades sionistas

Não é incomum ver professores doutores de universidades israelenses nas TVs e nos jornais mundo afora fazendo desfilar toda sua suposta sabedoria acerca da Palestina. Tampouco é raro ver muita gente boa seduzida pela solidariedade que muitos deles aparentam nutrir em relação aos palestinos e sua dura rotina de bombardeios e assassinatos. Diante deste show de demagogia, é preciso informação para não se deixar iludir: as universidades israelenses são centros de doutrinação sionista, instrumentos de reprodução dos preceitos racistas e coloniais que compõem a estratégia de limpeza étnica do povo palestino e de afirmação pela força do Estado ilegítimo de Israel.

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Estratégia essa traçada desde antes da fundação criminosa de Israel em terra alheia e idealizada pela trupe de fascistas reunida em torno de David Ben-Gurion, que por sinal empresta seu nome à universidade que foi erguida no deserto do Negev para o culto acadêmico aos "pais fundadores", onde a excelência de ensino e pesquisa consiste em um dia-a-dia de verdadeiros malabarismos teóricos e históricos para tentar dar alguma legitimidade que seja ao roubo de terras e ao genocídio enquanto políticas oficiais.

Portanto, quando você ler, ver ou ouvir algum eminente membro do corpo docente da Universidade de Tel-Aviv, Hebraica de Jerusalém, Haifa, Bar-Ilan ou Ben-Gurion falando em tom de apaziguamento dos ânimos na Palestina, comportando-se como um magnânimo liberal de boa vontade, lembre-se que o discurso do pacifismo bem-pensante é a contrapartida óbvia dos rosnados e latidos da máquina de guerra fascista. O velho político truculento, rabugento, e o acadêmico que reluz diante das câmeras de tão polido que é ao falar na solução dos "dois Estados". Estas são duas figuras típicas de Israel, mas que pertencem à mesma estirpe: a do sionismo.

Longe de serem auto-excludentes, um e outro se complementam, como os alicerces de uma vil fábrica de pensamento cuja produção é de linha esclarecida e democrática apenas à primeira vista, mas que no fundo serve à lógica da dominação. Longe de serem fronts de resistência às políticas de morte dos senhores da guerra de Israel, as universidades sionistas são elas próprias agentes diretas da violência e da usurpação do povo palestino.

Em 2007, quando a União de Universidades e Faculdades da Grã-Bretanha contrariou o sionismo e particularmente o USA ao propor o boicote a instituições acadêmicas israelenses, a professora Margaret Aziza Pappano, da Queen’s University, no Canadá, publicou um artigo no qual pôs os pingos nos "is":

"As universidades israelenses, longe de serem locais de dissidência e resistência às políticas violentas e discriminatórias de seu governo, são elas próprias culpadas de violações de direitos humanos. A Universidade Bar-Ilan fundou uma unidade em Ariel, uma colônia ilegal na Cisjordânia, o que a faz cúmplice direta de um projeto de expansão colonialista contínua. A Universidade Hebraica tem uma longa e deletéria história de apropriação de terras palestinas. Em 1968, em oposição a uma resolução da ONU, a universidade despejou centenas de famílias palestinas para expandir seu campus em Jerusalém Oriental. Essa história de confisco continua em outubro de 2004, com mais despejos de famílias palestinas e destruição de suas casas para uma nova expansão do campus. Professores israelenses colaboram com serviços de inteligência, usando o conhecimento acadêmico para desenvolver métodos de ‘interrogação’ sofisticados para os militares israelenses".

Dobradinha entre o exército e a academia

Mas o principal papel das universidades sionistas é mesmo o de servir ao colonialismo como braços intelectualóides da dominação. É nelas que se formam os juristas da ocupação, os engenheiros que planejam os colonatos ilegais da Cisjordânia, os economistas que tentam impor racionalidade aos gastos militares, os historiadores e sociólogos que reproduzem as mentiras oficiais sobre o passado e o presente, e até os literatos que rendem loas ao nacionalismo judeu e tentam forjar um sentido moral para os crimes praticados pelo sionismo.

O pessoal de geografia e planejamento urbano se esmera no desenvolvimento de formas mais avançadas, mais aprimoradas de proteger os assentamentos sionistas e de cercar cidades palestinas. Os biólogos estão empenhados na criação de um sistema de identificação de indivíduos que para tanto se vale apenas uma gota de suor. Os linguistas, de braços dados com os pedagogos, trabalham em prol da perpetuação da ocupação e do controle sobre os palestinos, pesquisando formas de ensinar árabe mais rápido para aqueles que estão prestes a irem servir nos checkpoints (postos de controle). Recentemente, filósofos foram escalados para conceber uma justificativa moral para os ataques a delegacias de polícia e a civis na Faixa de Gaza.

Em síntese, toda a academia em Israel serve ao sionismo. É comum também a nomeação de militares para assumirem cargos de professores assim que entram para a reserva. Foi o que aconteceu recentemente com um coronel formado em direito que havia coordenado ataques em Gaza, o que chegou a provocar protestos na Universidade Hebraica de Jerusalém, no entanto rapidamente silenciados com a ameaça de corte de verbas.

As universidades israelenses são também fábricas de diplomas para militares. Na mesma Universidade Hebraica de Jerusalém, membros do Serviço de Segurança Geral de Israel, o Shin Bet, recebem seus diplomas em apenas 16 meses. Estudantes do Colégio Nacional de Segurança concluem um mestrado em Ciência Política na Universidade de Haifa em 6 meses, e comparecendo a apenas duas aulas por semana. Pilotos dos caças F-16 recebem seu bacharelado na Universidade de Ben-Gurion depois de um ano de "estudos". Há programas especialmente voltados para concessão de graus acadêmicos de fachada aos oficiais das forças de ocupação, que podem assim aumentar seus salários e aposentadorias, em uma espécie de cereja no bolo da dobradinha entre o exército e a academia de Israel, com a distribuição de prêmios e privilégios pelos serviços prestados na guerra de aniquilação movida contra os verdadeiros donos daquele chão.

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