Aécio expulsa pobres para erigir novo antro

https://anovademocracia.com.br/57/10a1.jpg

Aécio expulsa pobres para erigir novo antro

A construção do Centro Administrativo, nova sede do governo estadual de Minas Gerais, na região norte de Belo Horizonte, é um instrumento de perseguição ao povo pobre, super-exploração dos operários e manutenção do carcomido e semifeudal Estado brasileiro.

http://jornalzo.com.br/and/wp-content/uploads/https://anovademocracia.com.br/57/10a1.jpg

Tentando dar um ar de novidade ao já gasto discurso desenvolvimentista sexagenário de Kubistchek, Aécio (PSDB), já de olho na cadeira hoje ocupada por Luiz Inácio, fala de "modernização e desenvolvimento", um "aumento da eficiência dos serviços públicos", para justificar o gasto bilionário de sua nova Brasília.

Tão grande é seu afã em tentar retocar e polir o velho Estado que, para não ficar atrás do vendepátria dos "50 anos em 5", Aécio, contratou Oscar Niemeyer para projetar o que é hoje o maior canteiro de obras do estado de Minas Gerais com, 4 mil operários e um custo de cerca de R$ 2 bilhões.

Preparando campo para a realização da obra, Aécio, em parceria com o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT) e já assessorado pelo atual prefeito Márcio Lacerda, iniciou as obras da batizada Linha Verdee aduplicação da Avenida Antônio Carlos. A Linha Verde, que foi propagandeada como uma grande obra de engenharia urbana para a solução dos problemas do trânsito na capital mineira, de fato serve como um grande corredor expresso do aeroporto para o Centro Administrativo e como principal artéria de condução dos milhares de trabalhadores da periferia para serem explorados na "Brasília" de Aécio. Durante as obras da Linha Verde e duplicação da Antônio Carlos, centenas de famílias que viviam há anos em suas margens foram expulsas de suas residências e transferidas pela prefeitura para guetos ou áreas degradadas. Foram dezenas de protestos de moradores devido à elevação do número de mortes por atropelamentos gerada pelo aumento da velocidade permitida nas vias e a completa ausência de sinalização e passarelas para travessia de pedestres. Durante as chuvas no fim do ano passado e início desse ano, as obras da Linha Verde cobriram as saídas para escoamento da água, o que provocou inundações e mortes, incluindo duas crianças que morreram afogadas dentro da própria casa quando dormiam. 

Enquanto isso, no lodaçal dos meandros eleitoreiros de 2010, a gerência estadual pressionava os operários, anunciando que desejava concluir as obras ainda em novembro desse ano.

Na atual etapa das obras, a gerência de turno já traçou uma série de medidas para expulsar centenas de famílias que vivem nas proximidades do Centro Administrativo entre os municípios de Belo Horizonte, Vespasiano e Santa Luzia, às margens da MG-010 (Linha Verde). Já foram oferecidas ‘indenizações’ miseráveis para algumas famílias e àquelas que não aceitarem, se depender da política do governo estadual e prefeituras, restará o mesmo destino daquelas que viviam às margens das avenidas Antônio Carlos e Cristiano Machado.

 Assim, os funcionários da alta e média burocracia da gerência estadual poderão desfrutar de suas mansões e condomínios fechados, as empreiteiras poderão especular à vontade para a construção dos seus hotéis 5 estrelas e outros empreendimentos mafiosos.

Perseguição nas vilas vizinhas

Juntamente com a obra do Centro Administrativo há um plano de "saneamento" (social) da área, com a retirada de milhares de famílias pobres moradoras das muitas vilas e favelas vizinhas ao complexo. Projetos de construção de um Parque Ecológico, de um Rodoanel e também de uma subestação de energia elétrica, são um dos argumentos utilizados para tentarem retirar várias vilas da região. Onde há resistência, oferecem uma quantia muito abaixo do valor do imóvel a título de ‘indenização’.

Em muitos locais os moradores têm organizado a resistência, como é o caso dos moradores da Vila Industrial, conhecida como Vila da Antena. Nesse local, alguns técnicos da CEMIG — Companhia Energética de Minas Gerais — disseram que as famílias teriam que se retirar da área, pois correm risco de morte residindo abaixo da rede de transmissão elétrica, e ameaçaram cortar os "gatos" de energia.

As famílias repudiaram essa justificativa, pois estão na área há 30 anos. Cerca de 30 casas já foram marcadas para serem demolidas. Em assembléia realizada no dia 2 de agosto, com a presença de 100 famílias, os moradores decidiram impedir o início das obras.

— Várias comunidades estão sob ameaça. Quase 100 famílias no Serra Verde já estão sendo retiradas. Elas realizaram duas manifestações fechando a Linha Verde. No Serra Verde tem uma comunidade chamada Mar Vermelho que está sob ameaça também, sendo que bem ao lado dela fica um conjunto de prédios de classe média que não serão retirados. Várias casas na entrada do bairro São Benedito, que ficam bem em frente ao Centro Administrativo, do outro lado da Linha Verde, estão também sob ameaça. Além das comunidades Marcelão, Novo Horizonte, Boreal, que ficam mais afastadas e também estão ameaçadas devido à construção de um Parque Ecológico e um Rodoanel — denunciou Maria Auxiliadora, ativista da Frente Revolucionária de Defesa dos Direitos do Povo (FRDDP) e moradora da região.

No Bairro Morro Alto, a CEMIG vinha, desde março, suspendendo o fornecimento de energia todos os dias a partir das 18 horas. Cerca de 500 moradores se revoltaram com os cortes diários de energia e interromperam completamente a Linha Verde enfrentando a repressão policial que atacou as famílias com bombas de gás, spray de pimenta e tiros de bala de borracha.

Um barril de pólvora

A revolta dos moradores nas vilas vizinhas só cresce. Na Vila da Antena os moradores enfrentaram a demagogia da CEMIG, impediram que cortassem os ‘gatos’ de luz e não permitiram que a Toshiba, contratada da CEMIG, iniciasse as obras de construção de uma subestação de energia. Além disso, esses moradores desmascaram as manobras de um vereador proprietário de uma empresa de terraplanagem, que tentou convencer as famílias de se retirarem para assim alugar suas máquinas para a terraplanagem do local. As famílias estão convictas de que só saem se receberem uma indenização justa, que dê para comprarem uma moradia digna numa região próxima.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: