O povo sul-africano vem se insurgindo com coragem e altivez contra as políticas fascistas que o traidor Congresso Nacional Africano, açulado pelas potências, pela poderosa Federação Internacional de Futebol, a Fifa, e assessorado por multinacionais de mercenários, vem colocando em prática no país-sede da próxima Copa do Mundo de futebol, que será realizada nos próximos meses de junho e julho.
Das favelas que ficam nas cidades que receberão as partidas do evento as massas negras se levantam para protestar contra a precarização generalizada das condições de vida, contra a falta de serviços públicos básicos e contra o fato de que, enquanto padecem no desemprego e na falta de tudo, a gerência de Jacob Zuma dá os braços às classes dominantes, principalmente brancas, para enfeitar o país a fim de receber os ricos que irão desembarcar por lá, e também para armar verdadeiras hordas repressoras contra a população local. O povo sul-africano não se engana. Sabe que a festa esportiva que se avizinha não é para os trabalhadores, ao contrário: é mais um mote para denegri-los e segregá-los. O povo sabe que o Apartheid não acabou!
O complemento óbvio para anos e mais anos de políticas anti-povo do Congresso Nacional Africano é o esmero com que o governo da África do Sul vem fechando tratos com firmas de segurança e controle estrangeiras para tentar conter as massas empobrecidas e enfurecidas antes, durante e depois da Copa do Mundo de futebol. Zuma e o comitê de organização da copa solicitaram os serviços de 30 destas empresas que estão sediadas no Estado genocida de Israel, mantendo a coerência com o fascismo que se perpetua na África do Sul. Os contratos com empresários sionistas vêm sendo mantidos sob sigilo. Outros acertos vem sendo escancarados mesmo. A Polícia Nacional Francesa, por exemplo, está treinando agentes sul-africanos nas famigeradas artes de “controle de multidões”, e milhões de dólares vêm sendo gastos na compra de armas, helicópteros, veículos blindados e câmeras de vigilância. O porta-voz do comitê já adiantou: “Este equipamento vai continuar a ajudar a Polícia na sua luta contra o crime muito depois do fim do Mundial”.
A ladainha sobre “o crime” vem sendo corneteada para jogar a polícia, o exército e os mercenários estrangeiros contra as massas da África do Sul, a exemplo do que se passa em quaisquer outros lugares onde as classes dominantes reivindicam que se mantenha o povo na rédea curta. Outra velha ladainha, a da “ameaça do terrorismo”, junta-se agora ao rol das desculpas para se levar a cabo a repressão generalizada contra as classes populares sul-africanas. No início de abril o chefe da Interpol, Ronald Noble, esteve no país para supervisionar pessoalmente o “plano de segurança” ditado por ele e por outros cabeças da contra-insurgência, prometendo “medidas drásticas”. Zuma já mandou reforçar o efetivo militar nas fronteiras, as do país e a dos guetos.
Também no início de abril, o justiçamento de um velho líder racista acabou servindo para que se intensificasse ainda mais o controle das massas sul-africanas. Dois funcionários da fazenda de Eugene Terre’Blanche, chefe do grupo fascista Movimento de Resistência Afrikaner (MRA), puseram termo à sua vida de ódio e violência contra os negros. A razão específica da execução ainda não foi esclarecida, com notícias dando conta de que o motivo pode ter sido a recusa do racista em pagar salários ou abuso sexual. Os comparsas do racista morto juraram vingança, não só contra os responsáveis pela sua morte, mas contra todos os negros da África do Sul.
Curiosamente, quem ficou ainda mais sob a mira das metralhadoras da polícia e do exército foram os alvos de tanto ódio racial e de classe, sob a justificativa do “aumento da tensão racial”, e Zuma chegou a mandar um representante da sua administração ao enterro do racista Terre’Blanche, onde os presentes cantaram o hino oficial da África do Sul da época do Apartheid. Novamente, os racistas e seus colaboradores não pecam pela incoerência: a época do Apartheid não acabou; foi maquiada. E não acabará mediante a concórdia com os opressores — ilusão vendida por Mandela e outros oportunistas — mas sim quando as classes populares oprimidas tomarem o poder.