Água de Beber: Matando a sede com bom samba

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Água de Beber: Matando a sede com bom samba

Novo sucesso nos palcos da Lapa e no cenário musical do Rio de Janeiro, o grupo Água de Beber mostra de que maneira se resgata a cultura e a história de nosso povo cantando e tocando o melhor do samba de raiz, como Noel Rosa, Cartola, Clara Nunes, Paulinho da Viola, Chico Buarque e muitos outros mestres da verdadeira música popular brasileira.

http://jornalzo.com.br/and/wp-content/uploads/https://anovademocracia.com.br/52/23b.jpgCompletando apenas um ano de existência, o grupo Água de Beber já desponta nas noites cariocas com os melhores e mais antigos sucessos do samba, promovendo seus próprios eventos juntamente com o Paulo Zigler (que nos intervalos, enquanto os músicos descansam, executa música brasileira).

Formado por Joana Rychter no vocal, Bruno Brito no violão de sete cordas, Felipe Girardi no cavaco, Leo Cortez na bateria e Raphael Seraphini na percussão, o grupo já possui um público fiel e encantado com os belos arranjos de sambas que marcaram época e que pouco se escutam nas rádios, mas que até os dias de hoje permanecem na memória do povo.

— Nas velhas conversas de botequim nos encontramos com o Paulo, que sempre esteve envolvido com o samba e que disse que poderíamos formar um grupo e fazer sucesso. Daí começou, com a garra necessária para que qualquer trabalho musical dê certo, fomos nos desenvolvendo e hoje estamos aí, firmes e fortes — explica o cavaquinista Felipe.

O papel da juventude

Para eles, a juventude tem papel fundamental no resgate da cultura popular e o samba revela-se um excelente instrumento.

— Hoje podemos ver vários grupos novos tocando samba de raiz, além do Água de Beber. Pessoal jovem, mas que sabe que tocar e cantar samba também significa resgatar a memória e a música popular de boa qualidade e com letras que retratam a realidade do povo. Estaremos sempre reverenciando os grandes nomes do samba, que antes de grandes músicos, são legítimos filhos do povo, como Cartola, Noel e Clara Nunes, dentre outros. E não é só o jovem sambista que tem o papel de lutar pela nossa cultura, mas todos os jovens, seja nas favelas ou nas universidades — revela a vocalista Joana Rychter.

Atualmente, principalmente no Rio de Janeiro, vive-se um momento de nostalgia do samba, que contagia a nova geração. Para eles a Lapa cumpre um papel fundamental nesse resgate.

— Essa questão da nostalgia é impulsionada em grande parte pela Lapa, que sempre foi um reduto da malandragem e que, de uns tempos pra cá, vem tornando-se também um pólo artístico e cultural do Rio de Janeiro, com bistrôs, antiquários, escolas de teatro, circo, dança, música e muito mais. A juventude, de uns anos pra cá, ocupou a Lapa em massa, principalmente nos fins de semana, e muita gente que não conhecia acabou entrando em contato com o samba de raiz, que sempre esteve por ali. Agora a juventude redescobriu a qualidade e a harmonia musical do verdadeiro samba e está levando de volta pra todos os cantos da cidade — continua Joana.

Harmonia e poesia

Mas para contagiar o público não basta tocar samba. Por isso o Água de Beber investe na boa harmonia e na boa poesia. Além da qualidade dos músicos há a variedade trazida pela parceria com Paulo Zigler, que faz da música brasileira o grande atrativo dos eventos com o grupo Água de Beber.

— Uma ótima maneira de produzir cultura é mostrar, principalmente ao jovem, que é curioso, um samba que ele não conhece, mas com qualidade, que tenha harmonia, sonoridade, sincronia entre os instrumentos e claro, o principal que é a poesia, a letra. A mensagem que a música transmite é muito importante. Com isso, o jovem chega em casa, pesquisa, procura saber e acaba conhecendo jóias raras de nossa música e de nossa cultura. A música, em especial o samba, é um bom instrumento para o desenvolvimento da cultura popular — explica o violonista Bruno.

Samba é Resistência

Para eles, o samba tem grande importância na história de nosso povo e de nossa cultura, já que foi reprimido a ferro e fogo no início do século pelas classes dominantes, mas que através de ferrenha Resistência Popular conquistou seu espaço, tornando-se hoje um ritmo mundialmente conhecido e identidade do povo brasileiro.

O samba já foi tão reprimido no inicio do século que agora essa repressão é ironizada, como o delegado Chico Palha, que como diz a letra da música ‘sem alma e sem coração, não quer samba nem curimba na sua jurisdição. Ele não prendia, só batia’. Grande satisfação por revelar uma vitória do povo contra a repressão de sua própria cultura e de suas raízes. Mas essa luta não para e até hoje batalhamos pra não deixar o samba morrer — conta o percussionista Raphael Seraphini.

Para os que quiserem passar uma noite agradável ao som do samba de raiz de incomparável qualidade, as apresentações do grupo Água de Beber acontecem todos os fins de semana na Lapa, no Café Cultural Mal do Século, que fica na Rua do Resende, ou no Bar Brasil Mestiço, que fica na Rua Mem de Sá.

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