Uma série de manifestações foi realizada pelos camponeses da Área Revolucionária Renato Nathan, em Messias, Alagoas, durante o mês de abril para exigirem energia elétrica.

A mobilização das famílias, organizadas pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP) do Nordeste, também é uma forma de denunciar as ameaças de despejo da Usina Utinga Leão. A Usina busca ilegalmente (sem mandado de reintegração de posse) expulsar cerca de 120 famílias da antiga fazenda Lajeiro (hoje Área Revolucionária Renato Nathan), que há dez anos ocupam e trabalham nas terras, antes improdutivas.

No dia 3 de abril, um combativo protesto camponês tomou as principais ruas do centro de Messias. Dezenas de camponeses, perfilados com bandeiras vermelhas da LCP e faixas, entoaram palavras de ordem contra o latifúndio e a farsa eleitoral, além de denunciarem as ameaças de despejo. Participaram camponeses das Áreas Revolucionárias Renato Nathan e José Ricardo (situada no município de Lagoa dos Gatos, em Pernambuco), além de famílias organizadas pelo Movimento de Luta pela Terra (MLT).

A manifestação se iniciou na Área Revolucionária Renato Nathan e foi encerrada em frente a prefeitura, onde os camponeses cobraram do prefeito Luiz Emilio/PSC a eletrificação das casas da Área Revolucionária e o seu posicionamento sobre a tentativa de despejo das famílias da área. Pressionado pelas massas camponesas, o gerente municipal apareceu e afirmou que a eletrificação da Área Revolucionária Renato Nathan já estava encaminhada junto a Eletrobrás.

No dia 24 ocorreu uma Audiência Pública na Câmara dos Vereadores de Messias sobre o projeto de eletrificação da antiga fazenda Lajeiro. Com a atividade sendo organizada pela LCP do Nordeste, os camponeses da Área Revolucionária Renato Nathan cobraram da gerência municipal as promessas realizadas.

O gerente municipal Luiz Emilio não compareceu ao evento e enviou o chefe do seu gabinete, que apenas tentou inutilmente ludibriar os camponeses, mas estes denunciaram a tentativa da Prefeitura de enganá-los com falsas promessas e anunciaram que pretendem seguir com a mobilização até que o direito à energia elétrica seja conquistado.

A Audiência Pública contou com a participação de camponeses da Área Revolucionária Rosalvo Augusto (situada no município de Rio Largo), de acampamentos organizados pelo MLT e de integrantes do Sindicato Rural de Messias, além de apoiadores da luta camponesa como ativistas do Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR), representantes da Associação de Mototaxistas de Messias, Associação de Moradores do Bairro Antônio Rodrigues e Conselho de Saúde de Messias.

Em nota, a LCP do Nordeste destacou a importância da luta dos camponeses pobres por eletrificação para a vida da população tanto do campo como da cidade. “Ao contrário dos interesses do latifúndio de novo tipo (agronegócio), os camponeses pretendem continuar criando seus filhos com dignidade, com isso, os camponeses exigem a imediata eletrificação de suas casas para garantir o avanço de sua produção, o que, consequentemente, representa alimento em fartura e mais barato para os trabalhadores da cidade.”, frisou o movimento camponês combativo.