Aliados de Evo provocam uma morte e 9 feridos entre operários das minas

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Aliados de Evo provocam uma morte e 9 feridos entre operários das minas

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O menino Héctor Choque foi assassinado durante o conflito

Enquanto Evo Morales anunciava sua candidata ao governo do departamento de Beni (a criadora de gado e latifundiária Jessica Jordán), na capital La Paz os mineiros que fazem parte de cooperativas atacavam a sede dos mineiros sindicalizados como demonstração de força.

Eles desejavam obter uma concessão para explorar o complexo mineiro estatal de Colquiri. O conflito entre mineiros assalariados e pequenos proprietários, que fazem parte de cooperativas, deixou um morto e vários feridos e está intimamente ligado à política governamental de Evo Morales e suas alianças políticas.

A regra é que Evo apresente o conflito social como uma conspiração contra seu governo, ou como um fato isolado quando seu governo não é diretamente interpelado, como se o governo estivesse por cima da luta de classes e não dentro dela. E neste caso, o MAS tem vários senadores, deputados, ministros e vice-ministros que são proprietários de diversas cooperativas, que foram beneficiadas por decretos, concessões, exonerações e outros benefícios ao longo das gestões do governo de Evo.

O método reacionário do MAS, da “administração” do conflito social, está encaminhado a mostrar os fatos de maneira distorcida para que o povo não veja a verdadeira responsabilidade da gestão governamental e seu impacto nos setores populares.

O conflito entre cooperativistas e assalariados mineiros não é novo e teve seu ápice em 2006, em Huanuni, onde o conflito deixou 16 mortos e 70 feridos. O problema naquela época foi o oferecimento eleitoral de uma concessão na mina para os cooperativistas, o que gerou uma grande defesa por parte dos assalariados de suas fontes de trabalho e acabou gerando o choque. Nesse caso, o governo também lavou as mãos, junto a seus senadores e vice-ministros saídos das cooperativas.

Da mesma forma, o conflito atual em Colquiri começou com a proposta dos assalariados para expulsar as concessões transnacionais que o governo mantinha no local. Posteriormente, o conflito passou para os interesses que o setor cooperativista tem na exploração da mina, já que, como aliado do governo, eles haviam conseguido várias concessões.

O “cooperativismo mineiro” se desenvolveu com as políticas privatizantes no período “neoliberal” e foi o refúgio de muitos operários das minas que ficaram sem trabalho. Eles conseguiram concessões estatais e alguns enriqueceram, enquanto outros desenvolveram uma exploração de subsistência. Nos centros mineiros, os capitalistas se chamam “cabeças” e exploram a mão de obra de seus “sócios”, aplicando um sistema de servidão (os sócios pagam para trabalhar) e roubam o minério. Os capitalistas aliados de Evo Morales são capazes de mobilizar seus peões ou “sócios” para qualquer ação de apoio às medidas antipopulares do governo.

O setor enriquecido se estruturou como pequenas empresas com operários a seu serviço e durante anos negociou suas preferências com todos os governos “neoliberais”. Nessas circunstâncias, também negociaram sua aliança com o “revolucionário” governo de Evo Morales. Os capitalistas cooperativistas tiveram o Ministério das Minas quando houve o incidente de Huanuni, e têm deputados e senadores que são parte da bancada do MAS. Um deles, o senador Andrés Villca, é acusado de ter sido do MNR, o partido de Sánchez de Lozada, mas sem dúvida isso não é impedimento para que seja um grande defensor do “processo de mudança” e que seja felicitado por Evo Morales. Então é uma falácia mentirosa e covarde lavar as mãos e dizer que o governo não tem nada a ver com os “enfrentamentos entre assalariados e cooperativistas”.

A política corporativista do governo de Morales tem como fim cooptar e acabar com o movimento popular, além de enfrentar os setores que contestam sua gestão. Desde nossa tribuna sempre afirmamos que o governo estava deixando que os conflitos acontecessem sem fazer nada para que depois retornassem com mais força. O conflito de Colquiri era uma batata quente no momento da greve policial e da marcha dos povos do TIPNIS. O governo deu soluções parciais a este problema porque seu interesse naquele momento era usar os assalariados na contra marcha dos TIPNIS. E assim fizeram os dirigentes que acreditavam na palavra do governo. Uma vez utilizados contra os indígenas, o governo novamente fez pactos com seus aliados (os capitalistas cooperativistas), por isso o conflito foi reacendido. Esta é a forma como o governo utiliza o movimento popular, por isso é responsável pela morte do mineiro Héctor Choque, uma morte que se soma a muitas que Evo Morales tem em suas mãos.

A luta entre mineiros aparece como um conflito dentro dos setores populares, mas sem dúvida é parte da luta de classes que reflete os interesses dos operários estatais e os interesses da mineração artesanal, conformada por um punhado de mineiros enriquecidos, exploradores e aliados do governo de Evo Morales. O movimento popular e o povo boliviano devem entender essa verdade e organizar-se para desmascarar o caráter reacionário desse governo.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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