Homens armados invadiram a Terra Indígena (TI) Jurubaxi-Téa, próximo à cidade do rio Negro (Amazonas), e feriram com disparos o indígena Arlindo Nogueira, no dia 16 de novembro, segundo a Federação de Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN). De acordo com a entidade, os homens estavam a bordo do barco-hotel da empresa Amazon Sport Fishing – empresa de pesca.
FOIRN
A comunidade indígena apreendeu um dos botes atracados ao barco-hotel
Um empresário da pesca teria sido o responsável pelo atentado ao indígena, afirmou a FOIRN. “Por volta das 14h30, Flávio Talmelli, da empresa de pesca Amazon Sport Fishing, escoltado por policiais do município de Santa Isabel do Rio Negro, invadiu com um barco-hotel a TI Jurubaxi-Téa. Ao ser interpelado por vigilantes da comunidade de Tabocal do Uneuixi, o empresário provocou um grave atentado com arma de fogo, ferindo Arlindo Nogueira, da etnia Baré, vigilante da terra indígena e do Projeto de Pesca Esportiva desenvolvido pela Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro (ACIMRN), associada à FOIRN.”, denunciou a federação.
Os indígenas teriam tentado iniciar diálogo com os responsáveis do barco para impedir que o mesmo adentrasse em seu território. Segundo a FOIRN, “no barco invasor estavam o proprietário e funcionários da empresa, turistas e três policiais – dois civis e um militar – à paisana” e, assim que foram interpelados, ignoraram os vigilantes indígenas. Ao observar a total violação de seu território, eles desamarraram um dos botes do barco-hotel para tentar forçar a sua parada.
“O empresário Flávio Talmelli foi até a comunidade, escoltado pelos policiais armados com metralhadora e pistolas à vista, para recuperar o bote. O próprio empresário deu voz de prisão aos indígenas, gritando que eram autoridades federais, conforme comprovam registros de áudio feitos pelas lideranças indígenas”, denunciou.
FOIRN
Arlindo Nogueira, do povo Baré, foi atingido por policiais que escoltavam o empresário
Segundo a federação, o empresário e os policiais chegaram a ameaçar mulheres e crianças da comunidade. Os policiais, agindo como capangas do empresário, no intuito de intimidar ainda mais os indígenas, dispararam com suas metralhadoras e pistolas contra uma escola e contra o chão. O vigilante e liderança indígena Arlindo Nogueira foi ferido por um tiro quando tentou segurar uma das metralhadoras que disparavam contra a escola, disse a entidade.
Para completar, quando os indígenas foram denunciar o caso à polícia na sede do município, foram recebidos com voz de prisão. “Os policiais prenderam e agrediram o menor Arlielson Bezerra Anaure, filho de 15 anos de Arlindo, que passou a noite preso sem receber alimentação e água”, expôs a FOIRN. “Ferido, Arlindo ficou algemado no hospital de Santa Isabel do Rio Negro, onde os policiais permaneceram dificultando o acesso de parentes”, completou a denúncia.