Liberdade para os presos políticos

Vários manifestantes foram detidos pela repressão duranto o 7 de setembro em BH.
Neste 7 de setembro, como era de se esperar, as forças de repressão tiveram que se desdobrar para sustentar sua agenda de desfiles do chamado “dia da independênciaComitê de apoio ao AND em BH e a juventude tomou as ruas em protestos por todo o país.
Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Betim, Contagem e Ribeirão das Neves cancelaram os desfiles. Na capital, redução das tropas e “dispensaComitê de apoio ao AND em BH dos alunos que sempre participam da parada militar. Eram anunciados efetivos superiores a dois mil policiais nas ruas “para garantir a segurança do públicoComitê de apoio ao AND em BH.
As forças da repressão desfilaram às pressas pela Av. Afonso Pena, passando pelos ativistas da Frente Revolucionária de Defesa dos Direitos do Povo (FRDDP), sob vaias e gritos de protesto. Na intervenção política da FRDDP, faixas com os dizeres: “Abaixo o Estado fascista e seus governos antipovo e vende-pátria!Comitê de apoio ao AND em BH e “USA, tire suas garras da Síria!Comitê de apoio ao AND em BH; bandeira da Palestina desfraldada e um banner estampando o grito de revolta repetido pelo povo brasileiro: “Cadê o Amarildo?Comitê de apoio ao AND em BH As palavras de ordem gritadas pelo grupo compacto eram ouvidas e recebiam adesão: Cadê, cadê, cadê o Amarildo?; Eleição é farsa, não muda nada não, o povo organizado vai fazer revolução!; Estados Unidos, tire as garras da Síria!; Fora já, fora já daí, Obama da Síria e Dilma do Haiti!; Vaia para a presidente Dilma, para o governador Anastasia e o prefeito Lacerda! Vaia para todos os políticos corruptos!; Cadeia já, cadeia já, para os fascistas do regime militar!; Não passará, não passará, o crime hediondo do regime militar!; Cadê, cadê, os desaparecidos!Comitê de apoio ao AND em BH
Os ativistas seguiram até a Praça Sete encerrando o ato com a queima da odiada bandeira do USA sob gritos de “Yankees, go home!Comitê de apoio ao AND em BH (Ianques, voltem para casa!).
A juventude enfrenta o fascismo
As ruas se esvaziaram e a atmosfera se modificou no centro de BH. Centenas de jovens rechaçaram a docilidade e o oportunismo dos partidos eleitoreiros, centrais sindicais e outros grupos que sabotam os protestos populares na capital. Eles descumpriram conscientemente a “leiComitê de apoio ao AND em BH que proibia o uso de máscaras e se dirigiram à Praça da Liberdade. Policiais do GATE e da tropa de choque da PM seguiam os jovens.
Na praça, as tropas foram reforçadas pelo Corpo de Bombeiros, Rotam, blindados e o famigerado “caveirãoComitê de apoio ao AND em BH. A PM fascista de MG avançou com truculência sobre os manifestantes, com um ódio que demonstrava sede de vingança do destemor da juventude durante os grandes confrontos de junho e julho.
Manifestantes já imobilizados, no chão, receberam chutes, pisadas na nuca, choques elétricos com taser. Gás de pimenta nos olhos, bombas de gás e de “efeito moralComitê de apoio ao AND em BH, tiros de balas de borracha e de munição real, além dos cães. Os jovens seguiram até a delegacia onde estavam os primeiros presos. Outro desproporcional contingente policial os reprimiu com violência. Policiais atiraram na multidão de dentro de viaturas em movimento. Eram cinco policiais por manifestante. Mais presos e feridos, apesar da resistência da juventude.
Ao final do dia, 56 detidos, dezenas de feridos e manifestantes ainda dispostos a protestar e lutar pela libertação de seus presos. A maioria tinha entre 15 e 28 anos e eram proletários, negros. Quinze ficaram presos e incomunicáveis até o dia nove e tiveram as cabeças raspadas nos moldes dos regimes fascistas.
Liberdade para os presos políticos
A Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça (FIPMVJ-MG), o Movimento Feminino Popular (MFP), Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR), a Liga Operária, advogados voluntários e outras organizações, pressionavam pela libertação dos presos. Acionaram a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e da OAB. Denunciaram também a prisão de operários da Anglo American/Montcalm em Conceição do Mato Dentro-MG e da ENESA/Vale, em Itabira-MG, encarcerados desde março por participarem de greve nas empresas.
Em nota a FIPMVJ -MG denuncia que “na terça-feira, 10/9/2013, quase todos os manifestantes de 7 de setembro foram soltos sob liberdade condicional. A sentença que pesa sobre eles configura – além do caráter político da prisão – verdadeira prisão domiciliar: obrigatoriedade de comparecimento mensal perante o juízo; proibição de participação, pessoalmente ou através das redes sociais (?!), de qualquer manifestação popular; proibição de se ausentar da comarca! Dois companheiros tiveram decretada prisão preventiva: Ameba (Enieverson Mendes Rodrigues) e Rodrigo Gonzaga AvelarComitê de apoio ao AND em BH.
A FIPMVJ prepara ato público, entre outras ações, exigindo a libertação dos presos políticos e o fim dos processos contra os manifestantes.
Presos políticos no Rio de Janeiro
Segundo levantamento realizado pela Agência Brasil, dos 77 detidos, 19 pessoas foram presas durante os protestos realizados no Rio de Janeiro no último 7 de setembro. Todos foram liberados, após o pagamento de fiança, exceto o estudante Wallace Vieira dos Santos. Ele foi levado, no último dia nove, para o Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona Oeste do Rio. No mesmo dia, uma manifestação foi realizada em frente ao Fórum do Rio de Janeiro, pedindo a liberdade do estudante. Ele está sendo acusado de portar uma bomba e três sinalizadores e seus advogados já entraram com o pedido de habeas corpus.
De acordo com advogados do Instituto de Direitos Humanos (IDDH), até o fechamento desta edição de AND, haviam seis presos políticos encarcerados no presídio de Bangu, zona Oeste. Eles estão respondendo por crimes que vão desde furto e porte de bomba à formação de quadrilha. Dois dos jovens estão presos desde junho, quando começaram os grandes protestos na cidade.
O número de prisões políticas na cidade tende a aumentar consideravelmente nos próximos dias. O terrorismo de Estado já aprovou duas medidas fascistas para perseguir os lutadores populares e, principalmente, suas lideranças.
A Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas (CEIV) foi criada em julho pelo gerenciamento estadual e está investigando, atualmente, mais de 200 pessoas, segundo o Anonymous Rio. Além disso, mandados de busca e apreensão já foram emitidos para 17 pessoas, algumas delas administradoras de páginas do Black Block e do Anonymous no Facebook. Mais de vinte ativistas virtuais já foram identificados com nome e endereço e podem sofrer perseguição política nos próximos dias.
A maior parte das prisões está sendo efetuada pela Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) e os manifestantes estão sendo acusados de crimes como ‘incitação à violência’ e ‘formação de quadrilha’.
A estudante Maíra Cupollillo, após descobrir que havia mandados de busca e apreensão contra ela e que ela poderia ser acusada de formação de quadrilha por postar comentários na página do Black Block RJ, está cogitando pedir asilo político na Argentina. Ela havia viajado para a Bolívia de férias, no fim de julho, e decidiu não retornar ao país para evitar a prisão.
Em 11 de setembro, a gerência Cabral aprovou mais uma lei fascista. Desta vez, o alvo foi a proibição do uso de máscaras em protestos no estado. A lei se apropria do inciso IV, artigo 5° da Constituição Federal, para afirmar literalmente que “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimatoComitê de apoio ao AND em BH para utilizá-lo a seu bel prazer. A OAB do Rio pretende fazer uma representação no Tribunal de Justiça do estado, arguindo a inconstitucionalidade da lei.
As pessoas que forem encontradas usando máscaras em protestos de rua serão presas. Foi o que aconteceu no primeiro dia de aprovação da lei, quando um manifestante e a advogada Luísa Maranhão foram detidos durante um protesto na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
No fim da tarde do dia 12, uma manifestação convocada pela Frente Independente Popular (FIP) contou com a participação de cerca de 200 pessoas e exigiu a libertação e o fim dos processos. O ato começou em frente ao Tribunal de Justiça e terminou na Cinelândia.