Amigo dos monopólios se trata é no Sírio-Libanês

Amigo dos monopólios se trata é no Sírio-Libanês

No final do último mês de outubro veio a público a informação de que Luiz Inácio tem um tumor maligno na laringe, em meio a imagens do maior amigo do imperialismo na semicolônia Brasil transitando pelo hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, instituição famosa por cuidar da saúde da aristocracia nacional.

Ao contrário do que o PT e a imprensa burguesa esperavam – tendo em vista a beatificação que tentam levar a cabo daquele que foi (e é) a alternativa salvadora do imperialismo no Brasil – a notícia do câncer de Luiz Inácio não gerou uma comoção nacional. Ao contrário. Logo surgiram, sobretudo na internet, manifestações e campanhas pedindo que Lula submeta o seu tumor aos cuidados do famigerado Sistema Único de Saúde, o da falta de leitos, de médicos, de material hospitalar; o sistema público de saúde dos equipamentos quebrados, das mortes prematuras por falta de atendimento, das humilhações mil por que passam as classes populares sem dinheiro para arcar com o altos custos dos planos de saúde.

Não obstante esta realidade de miséria da saúde pública sob a batuta dos gerentes que se sucedem na administração do capitalismo burocrático brasileiro, Luiz Inácio não se cansou de dizer maravilhas sobre o SUS, chegando mesmo, em uma ocasião, a afirmar que o atendimento na saúde pública é “de primeiro mundo” e que dava até vontade de ficar doente para ser tratado em unidades públicas, e ainda que iria sugerir ao “companheiro” Obama que criasse um SUS no USA, em aviltantes deboches para com a gente doente que padece nas portas dos hospitais administrados pelo velho Estado.

Por isso, é legítimo que agora se cobre de Luiz Inácio que leve o seu tumor para procurar tratamento na caótica rede pública que, não obstante, ele tanto incensou, e não no hospital Sírio-Libanês, o hospital dos endinheirados. Chutando para o lado a domesticação, o bom mocismo e o politicamente correto que as altas rodas de nossas classes dominantes tanto gostam de ver se manifestarem entre as classes populares, o povo grita: “Lula, vai se tratar no SUS!”.

TCU mostra miséria do tratamento oncológico pelo SUS

Logo surgiram também manifestações de repúdio às campanhas para que Luiz Inácio trate seu câncer no SUS. Foram reações, sobretudo de polidos articulistas dos jornalões e apresentadores de telejornais do oligopólio da imprensa, com pouco ou nenhum conhecimento sobre a realidade cotidiana do povo, inimigos não menos ferozes das massas – apenas mais mascarados do que o doente. Dentre estes órgãos os mais servis chegaram mesmo a garimpar pacientes do SUS dispostos a falar bem do tratamento que recebem, a fim de aliviar a barra do grande benfeitor dos ricos.

Entretanto, quiseram as circunstâncias que apenas dois dias após o anúncio do câncer de Luiz Inácio o Tribunal de Contas da União (TCU) divulgasse a conclusão de uma auditoria exatamente na Política Nacional de Atenção Oncológica do Ministério da Saúde. A auditoria mostrou carências estruturais na rede pública de tratamento do câncer e dificuldades de acesso da parte de quem não tem plano de saúde aos serviços de diagnóstico e tratamento da doença.

Segundo o TCU, há um enorme déficit de unidades de quimioterapia e radioterapia na rede pública de tratamento do câncer, e o número de cirurgias oncológicas no SUS foi menos da metade do que a demanda estimada, o que significa que mais da metade das pessoas que dependem do SUS e precisavam de cirurgia para retirada de tumor simplesmente não receberam o tratamento necessário — e a que têm direito.

Evidentemente que as manifestações e campanhas pedindo que Luiz Inácio se trate pelo SUS, e não no Sírio-Libanês, inscrevem-se mais na esfera do repúdio espontâneo do povo a tanta demagogia e empulhação por parte dos políticos “profissionais” e suas patranhas eleitoreiras. Alçá-las ao status de ação política mais consequente é, além de infantil, de um idealismo que deixaria Marx apoplético.

É necessário dizer também que há algo de reacionário infiltrado nesta campanha para que Luiz Inácio trate seu câncer pelo SUS. Prova disso é que, quando gente como José Alencar e outros ricos de fama têm câncer, poucos se lembram de reivindicar que se submetam ao tratamento pelo SUS, em vez de recorrerem aos hospitais particulares caros. Isso porque eles pertencem a outra classe.

Mas, ainda que haja esta nuance reacionária (não predominante, mas explícita nas manifestações da direita sobre o assunto) de que a classe operária não merece tratamento digno, tais manifestações e campanhas na internet e nas ruas prestam um grande serviço para deitar por terra o ideário de que, seja quem for, quem morre ou fica gravemente doente merece a solidariedade do povo a quem, em vida, o morto ou doente tanto ajudou a oprimir, vide o próprio José Alencar, ex-vice-presidente e industrial-monopolista sanguessuga morto recentemente, e o próprio Luiz Inácio, algoz e traidor da sua gente que agora enfrenta a sua luta pela vida.

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