Após greve, bombeiros presos são libertados

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Após greve, bombeiros presos são libertados

2 mil bombeiros protestam no Centro do Rio

Bombeiros do Rio de Janeiro, a maioria deles guarda-vidas, fizeram uma manifestação na frente da Assembleia Legislativa no dia 16 de maio para forçar o gerenciamento estadual a negociar com a categoria. Eles reivindicam o aumento do piso atual de 950 reais, considerado o pior do Brasil, para 2 mil reais. Depois de um mês de greve, no qual o movimento foi criminalizado pelo monopólio dos meios de comunicação e pelo gerenciamento estadual de Sérgio Cabral — inclusive com prisões e transferências de lideranças — os seguidos protestos obrigaram a uma negociação.

Com o crescimento da adesão de quartéis de fogo ao movimento e a paralisação de 70% dos salva-vidas, o gerenciamento estadual achou que intimidaria os grevistas quando, no dia 13 de maio, decretou a prisão de cinco lideranças: Luiz Sérgio Lima, Alexandre Machado Marchesini, Valdelei Duarte, Benevenuto Daciolo e Lauro César Botto.

Contudo, três dias depois, uma manifestação com quase 2 mil bombeiros entupiu a escadaria da Assembleia Legislativa do Rio exigindo a libertação do único grevista preso — Lauro César Botto — o fim das acusações aos bombeiros que ainda não tinham sido encarcerados, o reajuste do piso salarial e o cancelamento da punição por deserção aos bombeiros que participaram da greve.

A reportagem de AND esteve na manifestação e conversou com os salva-vidas que iniciaram o movimento e acompanhou a agitação de milhares de bombeiros, muitos de quartéis em cidades castigadas pelas chuvas no início do ano, como o 6º GBM, de Nova Friburgo, na região serrana do Rio.

Nós fomos ao Palácio Guanabara, passamos um bom tempo tentando falar com o governador, fomos na Alerj, tentamos nos comunicar com o nosso comandante, o coronel Pedro, mas ninguém nos recebeu. Não nos restou outra alternativa, que não entrar em greve. Nós estamos aqui denunciando também uma ditadura, pois enquanto nós estávamos nos manifestando nas nossas folgas, tinham pessoas nos fotografando e, depois, 36 salva-vidas foram transferidos para quartéis de fogo distantes, no interior do estado — disse o salva-vidas Leandro Ferreira, de 31 anos.

Que esses bombeiros presos sejam libertados, pois eles são pais de família que estavam, simplesmente, reivindicando um salário digno — conclui.

— Eu estou nesse movimento desde que nós eramos só 50 e agora eu estou vendo o crescimento do bolo. Eu agitava reuniões no início e muitos dos que não aderiram ao movimento na época, depois que os 36 salva-vidas foram transferidos, vários se inflamaram. Eles só estão ateando fogo ao movimento prendendo nossos colegas — alertou o salva-vidas Raúl Saraiva, de 42 anos.

No início da noite do mesmo dia a greve acabou, depois que o gerenciamento estadual, pressionado pelas manifestações diárias dos bombeiros, recuou e retirou as acusações de deserção contra os grevistas e aceitou negociar um reajuste para a categoria. Entretanto, o movimento continuou exigindo a libertação das cinco lideranças presas e prometeu voltar à greve caso não houvesse um consenso nas negociações. O gerenciamento estadual não pagou para ver e, no dia 20 de maio, libertou os bombeiros presos.

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