Filha da cantora, atriz e produtora Heleni Ribeiro, e do cantor, compositor, instrumentista e maestro arranjador, Vidal França, Karina não podia ser outra coisa senão artista, ainda que tenha tentado. Com virtudes artísticas consideráveis, atuando como cantora, compositora, instrumentista e pesquisadora da boa música popular cultural brasileira, Karina tem consciência de sua arte e a presença dentro do universo da cultura musical de seu país, sentindo-se claramente parte dele, o que aparece no BrasiliAna, título de seu disco.
— Sou de uma família de artistas em geral, porque além de músicos, também tem mágicos, roteiristas, desenhistas. Minha mãe é cantora lírica e desde a barriga já ouvia muita música. Depois cresci ouvindo mais música, e só música boa. Até tentei não ser artista, fazer outra coisa na vida, mas não deu certo, estava no sangue mesmo.
Meus avós tocavam banjo, bandolim. Tenho dois tios que tocam bandolim, enfim, a minha família da parte paterna é toda artista — conta Karina.
Karina toca violão, bandolim e vários tipos de percussão. Cresceu ouvindo a boa música brasileira, tocada e cantada, além de seu familiares, por muitos outros artistas que admira.
— Minha influência no que diz respeito ao gosto musical, tanto para ouvir quanto para trabalhar, a essa espécie de educação musical desde a infância. Além disso, como paulistana tenho referências do mundo e do Brasil inteiro, muitas opções a seguir. Por conta disso tudo, é até meio difícil falar qual linha sigo. Fui recebendo todas essas influências e disso saiu a minha música, do jeito que sinto — expõe.
— Mas se tenho que definir uma linha, então costumo dizer que é a música popular brasileira, aquela cantada por Dércio Marques, Diana Pequeno, Marlui Miranda, Almir Sater, João Bá, Luli e Lucinda, e muitos outros artistas importantes. A música latina também me atrai, a Violeta Parra, Mercedes Sosa, entre outros. Quando penso em tudo que faço e gosto percebo que sou bastante eclética, restando somente a conclusão de gosto mesmo é da boa música, e a posso ouvir em todas a linhas musicais — declara.
Seguindo esse caminho da boa música, Karina gravou o primeiro disco, BrasiliAna, mostrando claramente seu potencial como compositora de cantora.
— Coloquei nesse CD composições minhas, com parcerias, e também colhi músicas do meu pai, uma parceria que ele fez com o Vithal Brasil, e peguei músicas de compositores que fizeram parte da minha vida, que marcaram. Os arranjos são do meu pai, que na verdade não queria fazer, mas acabou cedendo. Ele falou: ‘deixa desse negócio de pai fazer coisa pra filho’. Só que eu insisti: ‘Mas o que quero nesse CD precisa do seu trabalho, que também é a minha história. Tem que ser você’. Aí ele ficou pensativo, e acabou fazendo (risos) — conta Karina com alegria.
— Entre outras, o disco tem parcerias minhas, como O azul dos seus negros olhos, a primeira do CD , que fiz com o compositor alagoano, folclorista, pesquisador e cantador, Eliezer Teixeira. Tem também Nau sem rumo, Batom vermelho, A arara e a aranha, e Terreiro dos Cantadores, parcerias com o poeta, compositor e professor universitário Edmílson Costa. Essa última é um boi do Maranhão muito bonito. A música fala dos cantadores, de São Luís — comenta.
— Tem também uma parceria com o Carlos Silva, chamada Tempo e Contra Tempo, e músicas de João Bá, Dinho Nascimento, de dois compositores baianos, o Antonio Risério e o Jorge Alfredo, de grande talento — continua.
Artista e Brasil se misturam
A palavra BrasiliAna, usada por Karina no disco, é uma junção de Brasil e Ana.
— Meu nome na verdade é Ana Karina, então resolvi fazer essa mistura, que tem a ver também com meu trabalho de pesquisas dentro do universo da música brasileira, me declarando, de alguma forma, uma artista brasileira que ama a sua cultura — explica.
— Quis trazer para esse disco tudo que foi referência na minha vida, que influenciou de alguma forma para eu fazer a música que faço hoje. E isso foi muito recompensador para mim, inclusive esse CD me abriu muitas portas, e proporcionou atravessar fronteiras. Fiquei uma temporada em Paris e em outras cidades da França me apresentando, levando o Brasil para os europeus. Representando a cultura brasileira, deixando claro sua força e riqueza. E foi um sucesso — declara.
Atualmente Karina está confeccionando o que será o seu segundo disco.
— O disco está em fase de preparação, colocando, é claro, a experiência do primeiro. Com certeza tem o mesmo valor para a nossa cultura musical brasileira. Não tenho pressa, porque gosto de fazer um trabalho que depois eu ouça e fale ‘olha, estou satisfeita’. Então vou indo devagar, vou fazendo. No momento estamos fazendo arranjos e gravando coisas, enfim, muito trabalho — conta.
— É um processo minucioso, de música que marca, feita para durar, devido a pesquisa e a preocupação com arranjos e tudo o mais. Tudo muito bem preparado mesmo. Inclusive no meu primeiro disco contei com 23 músicos, tudo para conseguir o melhor resultado — diz.
— O ruim é que não deu para levar o pessoal quando fui para a Europa, devido às despesas. Tive que me apresentar com os músicos de lá mesmo. Até estou pensando em trabalhar com menos músicos desta vez, porque apesar de ficar um ótimo trabalho, torna-se pouco viável na hora de viajar, até mesmo aqui dentro do país — constata.
Cantando ela é uma interprete de expressão e comunicação, e tem se apresentado em espaços bem variados, de diferentes segmentos musicais, em centros culturais, teatros, bibliotecas, praças públicas. No cinema, participou do filme Sábado, de Hugo Giorgeti.
— Por conta disso não tenho marcado shows, devendo fazer alguns só bem finalzinho do ano. Então é só aguardar, que assim que o CD estiver pronto e os shows marcados eu aviso para todos — anuncia Karina.
Para contatar Karina França: (11) 26678561 e 62191828 [email protected]