Artistas encantam público com o Rei do baião

Artistas encantam público com o Rei do baião

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Assis Ângelo ladeado por sanfoneiros

São Paulo — A pernambucana Anastácia, rainha do forró e a carioca Carmélia Alves, rainha do baião, cantaram de graça para uma platéia constituída de gente de todas as idades e formações, em homenagem ao pernambucano de Exu, Luiz Gonzaga, o rei do baião. Isso aconteceu na noite de terça-feira, 13 de dezembro, no Teatro-Escola Brincante da rua Purpurina, 428, Vila Madalena, zona oeste da cidade, por iniciativa da Vide o Verso, prestigiada empresa paulistana especializada em eventos culturais. O espetáculo recebeu apoio da secretaria de Cultura do Estado e da São Paulo Turismo.

Além de Anastácia e de Carmélia Alves, subiram ao palco, lotado, Oswaldinho, Valdo e Cezar do Acordeon e grupo; o Trio Virgulino, o cantador Téo Azevedo, o clarinetista Zezinho Pitoco, o ator e músico Bahia, Gereba e as cantoras Dhiana Dias e Socorro Lira. Na ocasião foi distribuído ao público um folheto de cordel, Lua do Sertão , a História de um Rei, especialmente escrito pelo cearense Klévisson Viana. O show foi chamado de 1ª Roda Gonzagueana , comandado pelo jornalista e estudioso da cultura popular Assis Ângelo, autor de livros sobre música e folclore, um dos quais a respeito do rei do baião.

— Esse foi o primeiro trabalho que realizamos em comemoração ao Dia Nacional do Forró. Outros certamente virão — diz Andréa Lago, da Vide o Verso, prometendo já para os próximos meses boas surpresas em torno da obra de Luiz Gonzaga.

Obra vasta

A produção artística da 1ª Roda Gonzagueana foi assinada pelo compositor, cantor e arranjador musical Gereba, enquanto a direção e a apresentação foi confiada ao jornalista e estudioso da cultura popular Assis Ângelo.

Além de forrós, Luiz Gonzaga compôs músicas noutros ritmos, como valsa, choro, samba, xaxado, xote, arrasta-pé, mazurca, maracatu, marcha, calango, polca, maxixe, batucada, rancheira. E gravou obras de Noel Rosa, Assis Valente, de quem foi parceiro; Ernesto Nazaré, Dorival Caymmi, Geraldo Vandré, Caetano Veloso, Gilberto Gil. Também compôs sozinho e em parceria músicas que ele mesmo não gravou, como os sambas A mulher do Lino (Carmen Costa) e Meu pandeiro (Ciro Monteiro), as valsas Aquilo sim, que vidão (Os Trovadores) e Dúvida (Augusto Calheiros), as rancheiras Alembrando (Severino Januário), Gauchita (Carmélia Alves e Ivon Curi) e Toca sanfoneiro (Stellinha Egg), a batucada Tá legal? (Guio de Morais), o calango Se quer vem cá (Quatro Azes e um Curinga), a marcha O passo do pingüim (Marlene) e até um fado, Ai, ai, portugal , gravado por Ester de Abreu.

No repertório da Roda Gonzagueana, no Teatro-Escola Brincante, constaram, além dos clássicos Asa branca, Paraíba, Qui nem jiló, Sabiá e o Xote das meninas , músicas pouco conhecidas, como Numa serenata, Canta uma polquinha, 13 de Dezembro e Calango da lacraia , essa interpretada pelo cantador mineiro Téo Azevedo, hoje o mais prolífico compositor musical do Brasil, e que chegou a gravar ao lado do rei do baião e para quem compôs Réquiem a Gonzagão .

Rei do Baião

O Dia Nacional do Forró surgiu em homenagem a Luiz Gonzaga e à cultura nordestina, de modo geral. Foi aprovado em primeira instância pelo Congresso e depois assinado pelo presidente do Senado e sancionado pelo presidente da República, no dia seis de setembro passado e publicado dois dias depois no Diário Oficial da União.

Luiz Gonzaga nasceu no dia 13 de dezembro de 1912, em Exu, Pernambuco.

— A obra de Gonzaga é das mais ricas e significativas para o nosso País e conhecida e admirada em todo o mundo, pois foi gravada pelas mais diversas vozes e orquestras — lembra Assis Ângelo, autor de Eu Vou Contar pra Vocês , um dos 14 livros escritos até agora sobre o artista exuense.

— Nenhum cantor ou compositor da nossa música popular foi tão biografado em verso e prosa quanto Luiz Gonzaga, pois mais de uma centena de cordéis e 200 músicas já se fizeram a seu respeito — informa Assis.

O Baião no mundo

A música de Luiz Gonzaga foi gravada por Carmen Miranda, Peggy Lee, Demis Roussos, Lydia Scotty, Herbie Mann, Dizzy Gillespie, Luis Garzon, Raymond Lefevre, Mariquita Gallegos, Caterina Valente, Amália Rodrigues, Silvana Mangano, Elder Barber, Keiko Ikuta, Kon-Tiki, Rico´s Creole Band, Georges Henry, Leo Marini, Victor Young, Burt Bacharach e por todos os grandes intérpretes brasileiros, desde Augusto Calheiros a Nélson Gonçalves, passando por Manezinho Araújo, o rei da embolada; Ivon Curi, Edu da Gaita, Jorge Goulart, Altamiro Carrilho, Marinês, Marlene, Ademilde Fonseca, Isaurinha Garcia, Carmen Costa e Emilinha Borba, além de Geraldo Vandré, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Tom Zé, sem falar de Zé Ramalho, Alceu Valença, Fagner e inúmeros outros artistas e grupos musicais mais recentes, como o Trio Nordestino, Trio Virgolino e o Quinteto Violado.

— Definitivamente, Luiz Gonzaga não morreu — diz Assis Ângelo.

Luiz Gonzaga, que gravou um LP homenageando São Paulo ( S.Paulo-QG do Baião , de 1974), iniciou a carreira artística na área do mangue carioca, no final dos anos de 1930. Logo após o grupo musical Quatro Azes e um Curinga gravar Baião , o artista passou a ser chamado de rei do gênero que criara, junto com o cearense Humberto Teixeira. Apresentou-se como contratado de várias emissoras de rádio e até um programa especial foi feito para atender aos ouvintes, No Mundo do Baião , na Rádio Nacional, sob o comando do radialista Paulo Roberto.

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