As santas estripulias do Banco do Vaticano

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As santas estripulias do Banco do Vaticano

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Dois dirigentes do Instituto para as Obras de Religião (IOR), nome oficial do vulgarmente denominado Banco do Vaticano, estão sendo investigados pelas autoridades italianas por crime de lavagem de dinheiro. Ettore Gotti Tedeschi, ex-presidente do banco Santander na Itália, ligado à Opus Dei (do latim “Obra de Deus”, organização ortodoxa e reacionária da Igreja Católica, estreitamente ligada à extrema-direita e gerenciamentos fascistas em todo o mundo) e atual presidente do IOR, e o diretor-geral da entidade financeira da Santa Sé, Paolo Cipriani, manejaram 23 milhões de euros (cerca de 30 milhões de dólares) de maneira pouco católica, por assim dizer, o que fez com que o dinheiro fosse bloqueado pela justiça italiana.

Como era de se esperar, Josef Ratzinger, que ora encarna o papa Bento XVI, manifestou “surpresa” e “perplexidade” com a ousadia, ou melhor, a heresia de se investigar a sua igreja. Porém, não há papa que desconheça o fato de que o status de paraíso fiscal do Vaticano é usado para malabarismos financeiros com contas de associações católicas.

Imunidade tributária para a rica igreja

Não há papa que não saiba dos fundos de beneficência inexistentes ou dos sacerdotes testas-de-ferro a serviço do enriquecimento da organização que comanda. Na década de 1980, um “escândalo” semelhante no Instituto para as Obras de Religião deixou às claras as relações de formação de quadrilha entre a Igreja Católica, a maçonaria e a famigerada máfia siciliana, com direito a uma testemunha, um banqueiro italiano, encontrado morto, enforcado, debaixo de uma ponte em Londres.

Naquela feita, Karol Wojtyla (o papa João Paulo II) acobertou o então presidente do Banco do Vaticano, o arcebispo ianque Paul Marcinkus, seu amigo pessoal. Agora, em nota, a “Santa” Sé declarou sua “máxima confiança” nos dirigentes do banco acusados de lavar dinheiro, e mais: entrou na justiça pedindo a imediata liberação dos milhões lavados por seus banqueiros de confiança.

Todos estes intrincamentos entre a Igreja Católica e o submundo do capitalismo foram  denunciados pelo cineasta Francis Ford Coppola no terceiro episódio da série de filmes “O Poderoso Chefão”, mas o “pecado da usura” como parte integrante das estruturas opressoras da Igreja Católica é também algo reiteradamente satirizado pela cultura popular brasileira, retratando sobretudo a hipocrisia das igrejas sertanejas e os padres comprados pelos coronéis. Quem não se lembra  do padre e do bispo avarentos do “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, dividindo entre a paróquia e a arquidiocese o dinheiro que supõem ser o pagamento do enterro de uma cadela em latim?

Foi com esta grande organização religiosa-capitalista que a gerência de Luiz Inácio assinou um acordo há cerca de um ano garantindo imunidade tributária às pessoas jurídicas eclesiásticas, ao patrimônio, à renda e aos serviços relacionados com as “finalidades essenciais” da Igreja Católica, partindo demagogicamente do princípio de que estas finalidades atendem aos interesses do povo.

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