Ataques do latifúndio contra o acampamento Zé Porfírio

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Ataques do latifúndio contra o acampamento Zé Porfírio

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Imagem do vídeo de denúncia dos camponeses

As cerca de 60 famílias do acampamento Zé Porfírio, localizado em uma terra vizinha da área Canaã, foram alvo de violento despejo policial no dia 27 de fevereiro. O aparato de repressão composto por duas viaturas da PM, uma do Grupo de Operações Especiais e uma da polícia civil, acompanhadas de um caminhão baú e um ônibus, promoveu o despejo dos camponeses, que foram levados imediatamente para a delegacia de Jaru onde foram “tratados como bandidos e coagidos durante os depoimentos” [fonte: resistenciacamponesa.com].

Segundo denúncia dos camponeses registrada em vídeo e publicada em youtube.com/watch?v=PDhWXAF7vhw, o delegado de Jaru ameaçou um dos líderes do acampamento de morte.

Em sua denúncia, os camponeses relatam que, após a ação policial, um grupo de famílias permaneceu escondido nas imediações do acampamento, presenciou ameaças proferidas por policiais do tipo: “Bem que podia aparecer uns 3 sem terra para a gente cortar na bala”, e que, por volta das 17 horas, o latifundiário Oswaldo Nicoletti, seu gerente e dois homens, provavelmente pistoleiros, chegaram à área e, com auxílio dos policiais, derrubaram os barracos dos camponeses e atearam fogo.

Na mesma noite, o grupo de camponeses retomou a área e, nos dias seguintes, os demais acampados também retornaram.

A denúncia da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) também revela a articulação de latifundiários da região para atacar o movimento camponês combativo, citando uma reunião realizada entre o latifundiário “Oswaldo Nicoletti (proprietário de um latifúndio vizinho da área Canaã) e Lindolfo Cardoso (filho da Ângela Semeghini, que se diz uma das proprietárias das terras do Canaã e é a cabeça da repressão contra os camponeses) com o fazendeiro Zé Pedro, dono das terras da área Renato Nathan. Esta área faz parte do Canaã, que está em processo de compra pelo Incra. Zé Pedro nunca ameaçou nem entrou na justiça contra os camponeses e tem interesse em negociar a terra com o Incra. Oswaldo Nicoletti e Lindolfo Cardoso pressionaram Zé Pedro a mudar sua conduta e passar a reprimir os camponeses”.

Enfrentando as investidas do latifúndio e persistindo na aplicação do Programa Agrário, tomando as terras, realizando o corte popular, dividindo as terras entre os camponeses, a LCP destaca o crescente movimento de camponeses que procuram a Liga para tomarem as terras do latifúndio:

“No último ano, surgiram cinco acampamentos na região de Theobroma, próximo da área Canaã. Totalizando centenas de homens e mulheres lutando pelo sagrado direito à terra para trabalhar. Hoje, mais pessoas nos procuram para acampar, a maioria é de desempregados, que passam necessidade nas periferias das cidades. Isso joga por terra a propaganda mentirosa do governo federal de que a luta pela terra hoje não é mais necessária, que quem quiser terra agora pode comprar ‘em suaves prestações’ pelo banco da terra” – pontua a LCP, que conclui o seu manifesto de denúncia conclamando os camponeses, estudantes, comerciantes e demais trabalhadores da cidade e do campo a defender o direito à terra dos camponeses pobres da área Zé Porfírio e denunciar as ameaças da polícia.

Sr. Antônio, combatente de Santa Elina

“Sr. Antônio”, camponês que tomou parte na histórica e heroica resistência de Corumbiara, faleceu no dia 19 de março em decorrência das graves sequelas de brutais torturas cometidas por policiais em agosto de 1995.

Ele é um dos camponeses registrados na horrenda fotografia do campo de torturas montado pela polícia na Fazenda Santa Elina. Essa imagem, com os camponeses rendidos, sentados no chão sob a mira de armas de guerra nas mãos de covardes policiais encapuzados, ficou mundialmente conhecida graças às campanhas de denúncia promovidas pelo movimento popular.

Sr. Antônio foi mais um injustiçado por esse Estado burguês-latifundiário, atualmente gerenciado por PT/Lula/Dilma, que prometeram reparar os danos dos trágicos episódios de Corumbiara em 1995 e não o fizeram.

A Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres, em nota de despedida ao Sr. Antônio, remetida aos seus familiares e companheiros de luta, destacou que ele “deverá ser sempre lembrado por ter derrotado seus algozes. Eles vão para o lixo da história. E o companheiro Antônio vai para o panteão de honra do movimento camponês, como um dos milhares de herois anônimos de nosso povo, de nosso bravo campesinato”.

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