Todos os analistas burgueses da “geopolítica” afirmam: o atual conflito entre Israel e Palestina é diferente de todas os demais em curso no mundo e, mesmo, dos já ocorridos entre ambos. A audácia da Resistência Nacional Palestina foi um golpe muito poderoso, que baixou fortemente o moral das tropas sionistas e animou o ímpeto anti-imperialista em todo o mundo. O risco de um levantamento anti-imperialista em todo o Oriente Médio Ampliado, contra o status quo imposto pelas intervenções do imperialismo ianque e seus sócios táticos e garantida pela existência do enclave sionista ultra-militarizado, saiu do terreno da possibilidade teórica para o do perigo iminente.
Os ianques, que alteraram seu plano estratégico para consolidar sua hegemonia no Pacífico e enfrentar a expansão do social-imperialismo chinês, diante disso estão obrigados a retornar suas atenções ao Oriente Médio. Em primeiro lugar, para controlar a reação sionista de um Netanyahu politicamente desmoralizado pelo golpe sofrido e tendente a ações espetaculosas que produziriam, inevitavelmente, um levante armado anti-imperialista em todo o mundo muçulmano. Em segundo lugar, para ostentar força em socorro aos sionistas e tentar assim dissuadir as forças anti-imperialistas, solidárias à Palestina (Hezbollah, Iêmen etc.), para que não abram novas frentes de guerra contra Israel.
No entanto, o fato de ser obrigado a voltar-se novamente ao Oriente Médio – ainda que momentaneamente – abre novo perigo ao imperialismo ianque: o perigo de a China retomar o território de Taiwan, que é a posição fortificada do imperialismo ianque no Pacífico e base para sua hegemonia com relação ao Japão e na estabilização da Coreia. A situação abre o perigo iminente de enfrentar uma ofensiva chinesa em Taiwan, e perder Taiwan é um passo decisivo para os ianques perderem a hegemonia no Pacífico. Porém, não se voltar ao Oriente Médio é se arriscar a desestabilizar o Oriente Médio, o que também é um passo adiante para perder a hegemonia única mundial. E o que dizer dos outros rivais: Rússia, Alemanha, França; quais deles aproveitarão as múltiplas frentes sensíveis dos ianques para tomar-lhes posições estratégicas? Essa é a encruzilhada do imperialismo ianque: a superpotência hegemônica única, desafiada e questionada por todos os lados e impotente para lidar com todos os seus inimigos e rivais.
A ofensiva audaciosa da Resistência Palestina é um acontecimento que impulsiona o novo período de revoluções e a crise geral e sem precedentes de decomposição do imperialismo e, ao mesmo tempo, é sinal deles. Impulsiona pelos aspectos ditos; e é sinal, na medida em que a Resistência Palestina desatou sua operação considerando exatamente a situação internacional de fragilidade do imperialismo. Ao contrário do que alguns pensam, a Revolução Proletária Mundial se encontra frente a um inimigo que multiplica e aprofunda seus pontos débeis na mesma proporção em que se torna mais monstruoso: é um gigante com pés de barro, que se equilibra com cada vez mais dificuldades. A Resistência Palestina evidenciou isso aos povos oprimidos de todo o mundo.