Oakland: manifestantes fazem barricadas e queimam bandeiras no dia em que 400 foram presos
Mesmo com todo o floreio em torno da sua figura – ou melhor, de sua maquiagem – Obama já não consegue escamotear o fato de que o fascismo é a característica maior da sua administração e é o que emana de suas ações “de governo” dentro e fora das fronteiras do USA. No plano interno, o que vem chamando mais a atenção atualmente, além dos cortes orçamentários para serviços públicos (mal) prestados à população e das sucessivas benesses oferecidas aos monopólios em crise, é a escalada da repressão ao povo estadunidense, com prisões em massa e a mobilização das forças de repressão ianques para impedir manifestações das massas indignadas.
É uma administração fascista, a de Obama, como será o fascismo o substrato do governo de qualquer um que seja alçado ao comando do imperialismo ianque, seja branco, seja negro, seja homem, seja mulher, seja cristão, seja muçulmano. No USA, a nuance da cor de pele foi instrumentalizada para dar uma cara amena ao imperialismo no momento em que os monopólios mais precisavam de uma salvação, bem como no Brasil a questão de classe foi instrumentalizada para que um “homem do povo” como o ex-operário Luiz Inácio pudesse virar gerente dos interesses dos monopólios por aqui e desse uma sobrevida ao capitalismo burocrático local.
Voltando ao USA, o exemplo mais recente – ou pelo menos o mais claro – da decomposição da máscara de Obama aconteceu no dia 28 de janeiro, quando a polícia prendeu nada menos do que 400 manifestantes que participavam de uma retumbante ação do movimento Ocupem Oakland, braço na cidade de mesmo nome no USA do movimento que ficou internacionalmente conhecido pelo nome Ocupem Wall Street.
Ocupem Wall Street é como se convencionou chamar a série de protestos e acampamentos em espaços públicos que surgiu no ano passado no coração do sistema financeiro internacional, ou seja, o entorno da Bolsa de Valores de Nova York, também no USA, enquanto manifestação espontânea de descontentamento, sobretudo por parte da juventude, com o capitalismo, exatamente no momento em que, com a crise geral, se acirram as contradições do sistema de exploração do homem pelo homem.
Balanço: mais de 6.300 manifestantes do Ocupem presos
Descontentamento este que vem se materializando em ações de ocupação e desobediência civil pouco organizadas em termos programáticos, com a questão de classe não muito desenvolvida, sob lideranças longe de serem revolucionárias, mas que corajosamente expressam a legítima revolta das massas com tanto arrocho, com tantas medidas anti-povo e pró-capital da parte dos poderosos e com tanto fascismo espalhado por todos os lados e em todas as esferas do cotidiano e da existência humana.
Naquele dia, em Oakland – o dia mais violento na cidade desde que a polícia reprimiu e desmantelou um acampamento do Ocupem na cidade, em novembro do ano passado – a polícia usou cassetetes, bombas, cavalos e balas de borracha para impedir os manifestantes de ocuparem, em protestos anticapitalistas, prédios abandonados. Foi amplamente replicada nos veículos de comunicação que repercutem a voz das classes populares o grito de um dos manifestantes agredidos: “Eles estão mais preocupados em proteger a propriedade privada abandonada do que com o povo!”.
No dia 4 de fevereiro pelo menos 11 manifestantes do movimento Ocupem Washington foram presos na capital ianque. A polícia do USA também reprimiu duramente manifestações do movimento Ocupem em Austin, no Texas, em Miami, na Flórida e em Honolulu, no Havaí, terra de Obama, entre outros locais. Tem sido assim na “terra da liberdade”: não passa um dia sequer sem que ao menos um manifestante do movimento Ocupem seja algemado e levado para a prisão.
Até meados de fevereiro mais de 6.300 manifestantes do movimento Ocupem haviam sido presos em todo o USA desde que começaram os seus protestos e acampamentos, em setembro de 2011, segundo dados do Ocupem Oakland. Juízes ianques perfeitamente afinados com a repressão estão emitindo sentenças ordenando quem já foi detido e fichado a ficar a centenas de metros de locais de protestos, como praças, em um claro atentado a direitos tão alardeados como joias do ordenamento jurídico liberal, como o direito de “ir e vir” e de “livre manifestação”. Esta é a “democracia” que os ianques gostam de exportar.