José Maria Sison
No dia 9 de agosto último, o Departamento de Estado norte-americano incluiu o Partido Comunista das Filipinas (PCF), a Frente Nacional Democrática (NFDP) e o Novo Exército do Povo (NPA) na sua lista de organizações “terroristas”. Três dias depois, o Departamento do Tesouro norte-americano, por sua vez, colocou o PCF, o NPA e José Maria Sison — conselheiro da Frente Nacional Democrática e da Liga Internacional de Luta dos Povos e dirigente histórico do PCF na lista de “terroristas” cujos bens deveriam ser congelados.
Segundo informações da Liga Internacional de Luta dos Povos, no dia 13 de agosto, de acordo com as orientações do imperialismo norte-americano, o novo governo holandês publicou as “ordens” de sanções, proibindo todo e qualquer apoio financeiro a José Maria Sison,encerrando sua conta bancária e retirando-o da casa que, na condição de refugiado político, tem por direito. José Maria Sison e sua família vivem na Holanda desde 1987, sendo que o Conselho de Estado da Holanda reconheceu-o como refugiado político em 1992.
Essa medida é parte da ofensiva da reação mundial, encabeçada por Bush e representa a violação dos direitos internacionais. Significa a supressão de direitos que há muitos anos são concedidos pelos países civilizados de proteção aos refugiados. Oficialmente, José Maria Sison tornou-se assim um refugiado sem moradia, sem recursos e perseguido.
Ameaças de extradição
Com essas medidas de clara perseguição política e com base nas acusações fabricadas contra ele, Sison se vê diante da ameaça de extradição para os Estados Unidos. Em documento recente, divulgado internacionalmente, o Centro de Trabalho Militante Kilusang Mayo Uno, das Filipinas, expressou sua preocupação quanto aos planos do governo norte-americano de “seqüestrar o conselheiro da Frente Nacional Democrática, na Holanda, onde se encontra exilado, para extraditá-lo, à força, para os Estados Unidos e lá processá-lo”. A idéia de ligar Sison ao Al Qaeda foi, obviamente, criada pelo governo dos Estados Unidos. O governo Bush está procurando maneiras de justificar sua intervenção militar e possível agressão armada nas Filipinas em conexão com seu objetivo de intensificar sua presença no sudeste asiático”, conclui o Centro de Trabalho Kilusang Mayo Uno, para quem, Bush e o governo holandês buscam assim calar José Maria Sison e atemorizar todos os membros e simpatizantes da Frente na Europa.
Campanha internacional
Em todo o mundo estão sendo realizadas campanhas em defesa dos direitos de José Maria Sison. Desde vários países da Europa até o Canadá e Estados Unidos cresce o repúdio à perseguição a José Maria Sison e outros militantes filipinos no exílio, como é o caso de Luis Jalangoni, da Frente Nacional Democrática, que também vive na Holanda.
A Liga Internacional de Luta dos Povos (ILPS), juntamente com organizações democráticas e partidos políticos europeus, estão ampliando a campanha cada dia mais. Além das manifestações populares de solidariedade a Sison, que estão sendo realizadas à frente das embaixadas da Holanda, está sendo distribuída uma petição para assinaturas, em nível internacional, a ser enviada ao governo holandês defendendo os direitos de exilado político de José Maria Sison. E neste sentido, foi montada uma página na Internet, na qual é possível encontrar maiores informações sobre a campanha: www.defendsison.be.
A perseguição a Sison e outros dirigentes filipinos exilados aumenta enquanto a intervenção militar norte-americana e a “guerra total” contra o movimento popular revolucionário intensificam-se nas Filipinas. Mas enquanto os imperialistas preparam-se para travar uma nova guerra de partilha do mundo, as nações e os povos oprimidos se organizam mais a cada dia para lutar por sua libertação. O povo filipino tem realizado grandes manifestações antiimperialistas em seu país, assim como cresce no mundo a mobilização contra a guerra impelialista.