Carlos Malta disparou quatro Cds, seguidamente: Pife muderno, Pixinguinha corpo e alma, Pimenta e, nos últimos dias de 2003, Tudo coreto, lançado pelo selo da Rádio MEC, uma brilhante iniciativa de Maristela Rangel Pinto.
Em seu mais recente CD, Malta se faz acompanhar por Eliezer Rodrigues (bombardino frontal Weril), Lulu Pereira (trombone-baixo), Carlos Vega (tuba), André Boxexa (bumbo, zabumba, pratos, pandeiro, ganzá, triângulo e bongô), Nelson de Oliveira (trompete, flügel horn, trompete picolo), Rodolfo Cardoso (Repinique, tamborim, zabumba, bateria, reco-reco e pandeiro), Oscar Bolão (bateria, caixeta, tarol, tamborim, pandeiro e pratos), Sérgio de Jesus (trombone tenor) e Dirceu Leite (clarinete e flautim). É a banda Coreto Urbano.
O repertório é todo formado por clássicos brasileiros como Até amanhã (Noel Rosa), Lamento (Pixinguinha), músicas mais modernas como Arrastão (Edu Lobo), Baião de Lacan (Guinga), além das composições de Carlos Malta (Salva dos 21, Rua da Guia, Barrigada — parceria com Ana Malta), entre outras, solando e solando uma infinidade de instrumentos de sopros. Os arranjos são empolgantes e, sobretudo brasileiros. Páginas que ao longo das décadas sofreram várias versões (e deformações), como Lamento, são recontadas, mantidas sua identidade, mas de tal forma que resulta numa contribuição muito característica, que sugere estudo, aprofundamento brasileiro na música e na fonografia também.
Há outra coisa: o CD faz uma interpretação depurada das antigas bandinhas do interior do país, pois Coreto Urbano é uma banda — na estrada desde 94 —, apenas com sopros e percussão. Mas com tal repertório e na maneira como executa as músicas, é banda de muitos coretos. Toca demais. Tudo coreto é uma produção que, segundo o maestro José Vieira Filho, professor da UniRio, “vem incentivando os jovens que se dedicam ao estudo dos instrumento de sopro.”
Carlos Malta é um dos mais respeitados músicos brasileiros: maestro, compositor, arranjador, educador e instrumentista de todos os saxofones e todas as flautas — sax barítono, tenor, alto soprano, flauta, flauta-baixo, flautim —, bem como conhecedor de instrumentos nacionais — desde o pife alucinante do nordeste brasileiro, passando pelo shakuhachi do Japão e chegando à dizi, flauta chinesa.
E de fato seu nome consta nas mais diversas e melhores produções fonográficas que têm origem na brasilidade e no interesse que a música clássica despertou nele. “A Banda de Pífanos de Caruaru, aquele som entrou na minha cabeça e nunca mais saiu. Ao longo da minha vida vim adquirindo uma série de influências, através de muitos músicos nordestinos, entre eles, Hermeto Pascoal, com quem trabalhei durante 12 anos. Essas experiências me trouxeram um tempero necessário para desenvolver esta arte”, diz ele.
Dessa maneira, lá se vão mais de 30 turnês como solista à frente do grupo de Hermeto Pascoal. Carlos Malta é ainda responsável por solos em CDs de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Guinga, Ivan Lins, Wagner Tiso, Edu Lobo, Sérgio Ricardo, Gal Costa e Lenine.
Mestre e solista
Profissional desde os 18 anos, é considerado um dos mais constantes intérpretes da música brasileira de concerto para saxofone, principalmente no que se refere à obra de Radamés Gnatalli. Figura também como educador de uma escola bem brasileira, sólida em seus fundamentos, desde a realização de oficinas de composição, arranjos e improvisação, às atividades como professor convidado em vários festivais, no Brasil e no exterior.
Carlos Malta construiu sua linguagem didática fundada em ritmos brasileiros, que o fez chegar a solista de inúmeras orquestras sinfônicas, fazendo-se apresentar na Venezuela, Japão, Marrocos, nos festivais de Montreal, Cannes, Hamburgo, Paris, NorthSea, Vancouver, Pori, Copenhagen, ao Friends of Music Hall (Atenas), ou como professor, na França (Universidade Saint Denis), Suíça, Inglaterra, Estados Unidos (Berklee School e Universidade de New Orleans), Alemanha, Holanda e Dinamarca (Rhythmic Music Conservatory).