Belo Horizonte — cresce a disposição das massas

Belo Horizonte — cresce a disposição das massas

Mulheres queimam a bandeira
ianque no 8 de março em BH
Manifestação em Belo Horizonte
celebra o 8 de Março

Belo Horizonte, Minas Gerais — Como em todo 8 de Março, aconteceu na capital mineira uma série de atos públicos de caráter classista.

Também as manifestações atrasadas do feminismo burguês, espécie de entrega de flores ao inimigo, se fizeram presentes. E não só essas. Outras atitudes vergonhosas aconteceram, como na imprensa, com declarações que equivalem a um recibo passado por políticos e grandes empresários em troca da “visita de cortesia de Bush”, principalmente um agradecimento pelas garantias asseguradas pelo imperialismo ianque de que lucros inconfessáveis continuarão a ser obtidos às custas do suor de trabalhadores e trabalhadoras em nosso país.

O fato é que dois grandes atos públicos suplantaram todos os demais naquele dia na cidade.

O primeiro, composto por diversas organizações sindicais — convocado por correntes presentes na Plenária Mineira de Entidades Sindicais — contou com a presença de camponesas vindas do interior do estado. Essa manifestação se caracterizou por um protesto contra a ‘reforma’ previdenciária, contra o agronegócio e em favor da celebração do Dia Internacional da Mulher Proletária. Cerca de 600 pessoas compuseram a passeata que percorreu o centro da cidade. Durante o protesto, a polícia atacou os manifestantes e três deles foram detidos, libertados em seguida.

A outra manifestação, reunindo 300 pessoas, aproximadamente, foi convocada durante a semana que antecedeu o 8 de Março, nas vilas, favelas e organizações classistas onde o Movimento Feminino Popular — MFP se organiza. O centro das denúncias foi a violência perpetradas pelo Estado criminoso contra o povo.

— A violência nas ruas, o morticínio nas vilas e favelas, fatos explorados de forma histérica pela imprensa do imperialismo em nosso país, são causados pela pior e maior violência que é a exploração do homem pelo homem. A exploração do trabalhador — causadora de todas as demais violências — é a base do sistema podre imposto sobre o nosso povo, responsável pela miséria, pelo desemprego, pela fome e pela repressão contra as massas. Crianças morrendo nos hospitais, salário miserável, um povo inteiro sem direito à saúde, à moradia, ao emprego, à escola, recebendo bala de polícia, milícia e traficante o dia todo: essa é a verdadeira violência, a grande violência — explicou a professora Cláudia, militante do MFP.

Jovem heroína

Uma das bandeiras levantadas pelo MFP nesse 8 de março foi a denúncia do assassinato, em 4 de dezembro do ano passado, da jovem de 20 anos, Karla Silva, grávida de 5 meses e mãe de uma menina de 3 anos. Ela varria a frente da sua casa, no Beco das Amélias, na Vila Nova Cachoeirinha, Belo Horizonte, quando a polícia entrou atirando. Karla se abaixou para proteger a filha.

Com este gesto corajoso, Karla salvou a menina, mas foi atingida, perdendo a sua vida e também a do filho que carregava no ventre.

Uma delegação da Vila Nova Cachoeirinha participou da manifestação, mas antes, acompanhados do Dr. Vinícius Marcos, membro do Núcleo dos Advogados do Povo, dirigiram-se ao Ministério Público, onde foi lavrada uma representação contra a PM sobre o assassinato de Karla.

— Foi ajuizada uma representação contra a Polícia Militar. A promotora, Dra. Andréa Figueiredo nos recebeu e comprometeu-se em agir em conjunto com a Promotoria Militar para apurar o caso e impedir que episódios assim se repitam — esclareceu Dr. Vinícius.

Sr. Bonifácio, em nome dos moradores da Vila Nova Cachoeirinha completou:

— Eles invadiram nosso espaço atirando. Disseram que houve tiroteio, mas o que ocorreu foi uma ação covarde. A polícia continua invadindo a Vila e ameaçando. Nós não vamos parar de denunciar, queremos justiça. O governo gasta milhões com essa imprensa corrupta, mas não se preocupa com o povo, com a nossa juventude. Não iremos parar até que os culpados sejam punidos.

A voz mais forte

A manifestação promovida pelo Movimento Feminino Popular não foi a mais numerosa, nem a que atraiu maior atenção do monopólio da imprensa, mas de certo, muito bem representou o anseio dos trabalhadores e de todo o povo brasileiro. Além da presença massiva das mulheres — muitas delas, jovens — também participaram representantes da Frente de Defesa dos Direitos do Povo, Liga Operária, Movimento Estudantil Popular Revolucionário, os Sindicatos dos Trabalhadores Rodoviários e da Construção de Belo Horizonte, o Sindicato dos Comerciários de Betim, moradores da Vila Corumbiara, Vila Bandeira Vermelha, Morro Alto e outros bairros da região Metropolitana e camponeses de Rondônia. Contou também com a presença de Marcelo, um dirigente da Frente Revolucionária do Povo da Bolívia, que estava de passagem pelo Brasil.

A manifestação terminou dando a palavra a todas as organizações presentes. A palavra final foi a da coordenadora do MFP, Nilza:

— Companheiras e companheiros presentes neste ato. Hoje estamos novamente nas ruas para protestar contra este sistema decrépito, que impõe ao povo todo tipo de violência. Quando um filho ou filha da burguesia é assassinada, ocupa as páginas e manchetes dos jornais durante semanas. Quando é uma filha do povo, como a Karla, o assunto é rapidamente esquecido, não falam nada! Enquanto isso, os grandes bandidos permanecem impunes. Hoje, os maiores criminosos do mundo, o homem e a mulher mais reacionária do mundo, Bush e Rice estão vindo para o Brasil, para dar ordens aos seus fantoches do governo FMI-PT! O MFP repudia a presença destes assassinos em nosso país! Nosso protesto se soma ao dos povos em todo o mundo e, como faz cada povo, agora nós vamos queimar a bandeira de chita dos ianques, símbolo da força mais odiada do imperialismo. Este monstro que vive do suor e do sangue dos povos, nós vamos derrubar, companheiros! Viva o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora! Abaixo o imperialismo!

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