Como se já não bastasse toda a violência que os povos indígenas, camponeses e quilombolas sofrem no campo, o governo de Jair Bolsonaro – tutelado pelo Alto Comando das Forças Armadas – anunciou, no dia 29 de abril, durante a Feira Internacional de Tecnologia Agrícola, realizada em Ribeirão Preto (SP), que pretende enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei que isenta de punição o latifundiário que atirar num camponês pobre sem-terra.
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Repressão aos camponeses não vai parar luta pela terra
Além de incentivar a violência no campo, o ex-capitão do Exército defendeu menos intervenção para o latifúndio (agronegócio), disse que fará uma verdadeira limpa no Ministério do Meio Ambiente e reduzirá a fiscalização ambiental sobre os latifundiários. Essas boçalidades foram ditas três dias após o 15º Acampamento Terra Livre, que reuniu cerca de 4 mil indígenas em Brasília para protestar contra a política expansionista e exploratória do latifúndio que tem levado ao extermínio os povos indígenas no país.
Como a violência não se resume aos povos originários, em Mogi-Guaçu (SP), 400 famílias de camponeses pobres, organizados pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), foram despejadas pelo governo de João Dória (PSDB), após oito meses de ocupação da fazenda Campinha. Essa área havia sido abandonada pelo governo do estado de São Paulo, e durante a ocupação os trabalhadores conseguiram produzir uma lavoura agroecológica, onde cultivavam maxixe, mandioca, quiabo e melancia.
Ainda em abril, os camponeses do Acampamento Olga Benário, em Itaberaba (BA), foram atacados por pistoleiros que deram mais de vinte tiros em direção das famílias que dormiam no acampamento. Assim como aconteceu em São Paulo, essas famílias foram desalojadas do latifúndio que ocupavam – fazenda Santa Rita – e obrigadas a abandonar a plantação agroecológica que produziram.
De acordo com a Comissão Pastoral da Terra, antes da ocupação o latifúndio se encontrava em posse da empresa Estância Baileiro, e houve várias denúncias de desmatamento e caça ilegal dentro da área. Por isso, acredita-se que os ataques foram encomendados pelos mesmos proprietários que foram denunciados ao IBAMA em 2015.