Bush e Blair: Crimes contra a humanidade seguem impunes

Bush e Blair: Crimes contra a humanidade seguem impunes

Durante quase dois meses o USA — representado em seus interesses por George W. Bush, em cumplicidade, principalmente, com Tony Blair, primeiro ministro da Inglaterra — sujeitou o Iraque a bombardeios aéreos e terrestres, visando destruir a vida civil, social, cultural, política e econômica do país, para subjugá-lo e torná-lo uma espécie de ‘quintal’ ianque. Mas nenhuma medida de punição foi tomada, até agora, para aqueles que causaram a morte de milhares de civis, mutilações, invalidez, e outros crimes contra a humanidade. Destruíram a soberania do Iraque, mas não conseguiram destruir a nação iraquiana. Essa guerra, considerada injusta pela opinião pública mundial, violou abertamente todos os estatutos mundiais da civilização.

Nesta oportunidade, num depoimento exclusivo para AND, o presidente da Saara (vide Box), Ênio Bitencout, defende a soberania iraquiana e exige a punição para os criminosos de guerra e seus comparsas, promotores da agressão ao Iraque que cometeram a mais cruel e impiedosa agressão contra os povos de todo o mundo.


Há 16 anos, Ênio Bitencout é presidente da Saara

“O Iraque sofreu uma grande agressão por causa dos interesses privados, gerenciados por Bush e Tony Blair que, sob alegações falsas da existência de bombas de destruição em massa escondidas em território iraquiano, entraram destruindo o que encontraram pela frente. Além da agressão, ficamos perplexos de ver que se tratava de uma grande mentira, já que não estão conseguindo provar as acusações”, diz Ênio.

Segundo Ênio Bitencout, o talentoso povo do Iraque, em sua diversidade de árabes xiitas e sunitas, assírios, caldeus, curdos, com sua vasta cultura, foram usurpados dos seus mínimos direitos. “Mataram gente e destruíram patrimônios históricos, como também estão fazendo na Palestina. Os interesses são absolutamente privados: além da busca pelo poder político, visando reeleições e o olho atento no Euro, o verdadeiro e maior interesse é o petróleo. Querem o controle de todo o petróleo do mundo em suas mãos, por isto destruíram o governo iraquiano, que não se sujeitava a eles. Desejam todas as fontes e rotas de petróleo do planeta sob seu controle para manter a estabilidade do dólar como moeda mundial e dominar o mundo”, declara.

“Bush é um terrorista e covarde. Juntamente com Blair, não lutam como homens, nem se comportam como seres humanos. Devem ser levados aos tribunais e imediatamente julgados, condenados com prisão perpétua ou fuzilamento, porque não mediram esforços para defender os seus interesses particulares de ganância e poder. São criminosos e deveriam ser punidos através da ONU, mas esta tem se mostrado apenas um joguete nas mãos do USA. Considero a ONU uma brincadeira, não só esta Organização como também o Tribunal de Haia, que demonstraram não ter força nem saber impor as suas ordens”, continua.

Ênio acredita que a ONU (Organização das Nações Unidas), criada em 1945, após o término da Segunda Guerra Mundial, com o tempo, revelou não passar de mero balcão de negócios onde se vende e compra a vida dos povos oprimidos da forma mais cruel. O USA não respeita o Conselho de Segurança da Organização e, iniciado os bombardeios, começou a negociar o que, cinicamente, chamam de reconstrução do Iraque, mas que na verdade significa repartir pedaços do país entre as potências que apoiaram a carnificina.

Esse episódio que envolve a ONU enterrou qualquer esperança de diplomacia internacional. Arrogância de criminosos é a classificação para os atos norte-americanos. Os canais diplomáticos não foram usados e a ONU foi relegada ao papel de ‘não manda nada‘, enquanto George Bush e seus comparsas fizeram tudo aquilo que desejavam.

Para Ênio, além dos ataques aéreos, que não poupavam nenhum alvo, civil ou militar, os terrestres marcaram o alto nível de crueldade, lembrando as tropas SS nazistas, com invasões em domicílios, fuzilamentos de civis e todo tipo de agressão e humilhação. O USA não se importa com as consequências dos massacres, genocídios, porque não se preocupa com a soberania dos países. As forças sob aqueles comandos não agem como militares — honradamente. O que importa é que, como sanguessugas, explorem, matem e saqueiem as nações. Para ele, a verdade é que vivemos um momento de imposição de uma ditadura econômica e cultural no mundo inteiro, não havendo nada mais criminoso e covarde na história mundial do que o atual império. Os bombardeios sobre Bagdá, demais cidades iraquianas, e perpetradas pelas mesmas forças em outras cidades, nas mais diversas partes do mundo, são provas da histeria sanguinária com que o imperialismo conduz seus negócios em todo o planeta.

Ênio diz que o imperialismo dividiu o mundo em centenas de países oprimidos e explorados por um lado e algumas potências opressoras por outro. O desemprego, a fome, a miséria, as doenças e a violência atingem altos níveis nestes países dominados, que acabam sendo obrigados a ceder aos interesses dos capitalistas, porque, se não aceitam, correm o sério risco de serem ferozmente atacados por eles.

Ele acredita que os povos oprimidos, como é o caso do Brasil, devem se opôr a toda esta podridão e ação criminosa do imperialismo, não caindo na ilusão dos discursos dos Bushs ou Blairs, mas tomando posição inconfundível e honrada frente à guerra imperialista de dominação.

USA: planos terríveis para o mundo

Para Ênio, o desenrolar da guerra mostrou a verdadeira face do imperialismo norte-americano, surgindo um novo tipo de terrorismo que ameaça o mundo protagonizado pela superpotência militarista que decretou a impotência das Nações Unidas: terrorismo como método de expansão territorial e estratégia de dominação do mundo pelo imperialismo norte-americano.

“Os Estados Unidos desejam montar um governo mundial. Querem dominar todo o mundo por meio da força já que, através da diplomacia unicamente a ninguém mais convence. Financeiramente ainda podem realizar muita coisa, mas, na verdade, essa economia americana é falsa, porque emitem os seus dólares sem lastro. Quer dizer, a qualquer momento o presidente faz aparecer bilhões de dólares, sem nenhum lastro que garanta a emissão da moeda. O mundo precisa acordar e reconhecer que está sendo ludibriado”, declara.

O presidente do Saara diz enfático que o USA tenta dominar o planeta, implantar a sua cultura e usurpar poderes em regiões geográficas distantes dos seus confins. A administração de Bush é fascista e nada tem de democrática. Falam de liberdade e democracia, mas, na realidade, usam de ditadura contra os povos e de liberdade para as corporações mundiais. A repressão é tamanha, que atingiu até mesmo a ONU, completamente desmoralizada desde o momento em que afirmou que barraria os interesses ianques de dominação do mundo e não moveu uma agulha para honrar sua palavra.

Falam de direitos humanos, mas, segundo ele, não se preocupam com o bombardeio “necessário” às áreas residenciais, hospitais, maternidades, mercados, prédios administrativos e palácios de Bagdá e os de outras cidades iraquianas, assim como fizeram com inúmeros países que ousaram não aceitar a opressão, causando miséria e mortes, impondo um quadro de desolação entre os povos oprimidos.

Atualmente, os EUA fazem amplo uso da questão dos direitos humanos como um meio de pressão política para atingir os seus objetivos. O regime ditatorial iraquiano foi utilizado por eles para possibilitar a consolidação das suas posições militar, política e econômica no Médio Oriente e atrasar uma possível retomada das exportações do Iraque, coisa que provocaria uma queda dos preços do petróleo. Para isso passam por cima dos legítimos direitos humanos do povo iraquiano e outros povos que possam estar embargando as suas pretensões.

Enquanto isso, o Iraque é amordaçado pelo estado imperialista: “Não podemos nos calar diante destes fatos. Temos que nos unir e defender os interesses dos povos massacrados, até porque, somos um deles.”

A história da Saara

A Saara (Sociedade dos Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega) é uma associação formada em 1962 pelos comerciantes de uma das mais antigas e dinâmicas áreas comerciais do Rio de Janeiro. Tornou-se de tal maneira popular, que passou a identificar todo o trecho do centro do Rio circundado pelas ruas dos Andradas, Buenos Aires, Alfândega e Praça da República. Lá se pode encontrar a maior variedade de mercadorias encontradas em qualquer grande cidade, espalhadas por mais de 600 lojas, em geral oferecendo preços mais baixos que a maior parte do comércio da cidade.

A sociedade foi criada quando, no início da década de 60, o então governador do Rio, Carlos Lacerda, decidiu construir um viaduto que iria da Central do Brasil até a Lapa, passando exatamente por cima desse conjunto de ruas que forma a Saara. Naquela ocasião, eram apenas ruas de comércio tradicional e intenso, sem união entre os donos das lojas, geralmente pequenos e médios comerciantes. Com a proximidade da demolição da área — fazia parte do projeto a demolição das lojas — os comerciantes finalmente se uniram e resolveram, sem intermediações, impedir a realização do projeto, o que conseguiram após horas de debates com Lacerda.

A partir daí, nasceu uma grande união entre os comerciantes que, em 1962, foi coroada com o surgimento da Saara.

No território da Saara a maioria dos comerciantes vieram ou descendem dos povos do Oriente Médio. São árabes, sírios, libaneses, palestinos, iraquianos, e outros, que professam o catolicismo, o judaísmo, o islamismo, que convivem em total harmonia e respeito. Eles constituíram um comércio sólido e um grande contingente já havia se integrado à vida nacional, fornecendo vários elementos — tanto na base econômica, na literatura e na arte — que enriqueceram a formação nacional brasileira bem antes do surgimento da Saara.

Por isso, brinca Ênio Bitencourt, um dos poucos brasileiros cujos antepassados não vieram do Oriente, “a Saara tem um nível de organização superior ao da ONU”. Mineiro de Belo Horizonte, Ênio é casado com uma descente de sírios, cujos tios também são comerciantes na Saara. E é um dos mais queridos representantes da associação.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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