Ayamaras protestam contra a mina Santa Ana, de capital canadense
Ao menos seis camponeses morreram e 30 ficaram feridos no dia 24 de junho, quando centenas de pessoas tentaram ocupar o aeroporto de Juliaca, no sudeste do Peru, durante o protesto contra uma mineradora da região. Imagens registraram a presença ostensiva dos aparatos repressivos do velho Estado peruano violentando a população. Mais de cem soldados da tropa de choque foram enviados.
Um grupo de manifestantes conseguiu romper a barreira policial e ocupar o aeroporto. Os protestos obrigaram ao aeroporto Manco Cápac a cancelar o movimento de saída e chegada dos voos.
O fato se deu durante o segundo dia de uma greve de 48 horas decretada por grêmios estudantis e camponeses de Juliaca, cidade localizada no departamento de Puno, próximo à fronteira com a Bolívia, cuja maioria da população é de origem aymara. Os transportes, escolas e o comércio da cidade paralisaram. A estrada que liga ao departamento de Cusco foi bloqueada pelos manifestantes.
A polícia indiscriminadamente lançou bombas e disparos com armas de fogo contra as pessoas que participavam do protesto.
O médico do hospital de Juliaca, Percy Casaperalta, afirmou que “duas vítimas receberam tiros na cabeça, sendo um manifestante e um homem que observava os incidentes. O terceiro óbito ocorreu na mesa de operações, com uma vítima baleada no peito”.
A população exige a retirada da mineradora de capital canadense Santa Ana e o fim das concessões mineiras e petrolíferas nessa região do Peru, que prejudicam as atividades agrícolas e pecuárias dos camponeses. A mineração de prata começou em Juliaca em maio e teve a paralisação de uma semana devido à farsa eleitoral no início de junho.
Atualmente, a mineração representa dois terços das exportações peruanas. Os camponeses pobres são os que mais sofrem com a exploração mineradora e reclamam que ela contamina a água e suas plantações. Devido ao levante popular, o governo foi obrigado, no mesmo dia 24, a cancelar o projeto de mineração de prata.