
PMs participaram da reintegração de posse
Duas mortes ocorreram na segunda semana de outubro próximas a Buritis, no Vale do Jamari. Esta é uma das regiões de Rondônia com mais conflitos agrários. Segundo camponeses acampados nos locais, os dois mortos eram pistoleiros que trabalhavam para latifundiários.
É indispensável conhecer a história da região e os fatos mais recentes. Há mais de vinte anos o Incra criou assentamentos da reforma agrária nas Glebas Rio Alto e São Sebastião, que somam aproximadamente duzentos mil hectares e se estendem por 7 municípios: Governador Jorge Teixeira, Campo Novo de Rondônia, Buritis, Monte Negro, Cacaulândia, Jaru e Mirante da Serra. As terras chegaram a ser cortadas pelo Incra em pequenos lotes de 50 hectares e poderiam atender até 4 mil famílias. Mas nenhum camponês foi assentado. Comenta-se na região que funcionários corruptos do Incra davam orientações a latifundiários e fazendeiros grileiros. A maior parte dessas terras são, hoje, latifúndios ou fazendas (médias propriedades). Através do link http://1drv.ms/1qHyWiR pode-se ver os mapas do Incra feitos à época.

PMs participaram da reintegração de posse
No ano de 2013, camponeses tomaram parte dessas terras e criaram o acampamento Monte Verde: a Fazenda Padre Cícero, na linha 9, em Monte Negro. A área tem 3.000 hectares e quem se diz dono é o latifundiário Nadir Jordão dos Reis. Outras tomadas de terras têm ocorrido na região, como o acampamento 10 de Maio, localizado na Fazenda Formosa, na linha 54 de Alto Paraíso. As terras somam 3.500 hectares e o suposto proprietário é o latifundiário Caubi Moreiro Quito.
As cerca de 80 famílias vêm sofrendo várias violências. Em julho do ano passado foram despejadas pela PM. Camponeses do acampamento Monte Verde denunciaram que o latifundiário Nadir Jordão dos Reis contratou pistoleiros que atuaram junto com policiais no despejo. Treze camponeses foram presos, incluindo mulheres e crianças, cinco encarcerados sem julgamento até hoje. Eles denunciaram ameaças de morte, agressões e maus tratos por parte dos pistoleiros, policiais e latifundiário.

Moradias dos camponeses foram destruídas em ação policial
O advogado dos camponeses do acampamento Monte Verde, Dr. Ermógenes Jacinto, denunciou que recebeu ameaças de morte por defender os camponeses. A Comissão Pastoral da Terra lembrou bem em sua página da internet que, como a terra é da União, “a justiça estadual de Ariquemes teria que reconhecer a competência da Justiça Federal em julgar o conflito e suspender a reintegração de posse concedida aos fazendeiros que grilaram a terra”. E mais, como houve “conflito agrário, deveria ser julgado por juiz da Vara Agrária, e não pela justiça comum”.
Barrar a violência contra os camponeses
Alguns veículos de comunicação a serviço dos grandes proprietários se apressaram a condenar as lideranças camponesas como “bandidos” e de acusar a LCP pelas mortes. O Canal 35 de TV e a página da internet Ariquemes190 afirmaram: “Movimento LCP executa trabalhador após emboscada em Fazenda”.
Isto não é só mau jornalismo. Estes veículos expressam o pensamento e a vontade da classe latifundiária. Têm o objetivo de enganar e iludir a população e de pressionar o velho Estado a reprimir os camponeses.
O Vale do Jamari está a beira de um confronto agrário de proporções muito grandes pela combinação de vários fatores. É palco de grilagem de terras públicas cometida por latifundiários há anos e uma região que sofre desemprego crônico, além da crise econômica geral que o país enfrenta. Soma-se a isso a falência completa da “reforma agrária” do governo e a criminalização da luta pela terra por parte do governo federal, especialmente da Ouvidoria Nacional dos Latifundiários, e a única presença que o Estado tem na região é com suas polícias para dar apoio ao latifúndio.
Os camponeses precisam de todo apoio para se defender da violência do latifúndio, dos pistoleiros e órgãos do velho Estado. Ajudem a denunciar e a cobrar providências do governador Confúcio Moura, do Ouvidor Nacional dos Latifundiários Gercino José e da presidente Dilma. Queremos terra, não repressão!