Deserto verde e improdutivo – Rio Grande do Sul
Na manhã de terça-feira, 4 de março, mais de mil mulheres da Via Campesina ocuparam a fazenda Tarumã, no município de Rosário do Sul, a cerca de 400 quilômetros de Porto Alegre. A área de mais de dois mil hectares pertence à transnacional sueco-finlandesa Stora Enso. A empresa não poderia ser proprietária de terras na faixa de 150 quilômetros da fronteira do Brasil com outros países, conforme a lei nº 6.634 de 1979. Para facilitar a invasão do território brasileiro por grupos estrangeiros, tramitam na Câmara federal projetos que reduzem esse limite para 50 quilômetros.
Assim como outros protestos no Rio Grande do Sul, a ocupação fez parte da Jornada de Luta das Mulheres da Via Campesina, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.
Logo no dia seguinte (5), um grande contingente da Brigada Militar do Rio Grande do Sul invadiu o acampamento e no confronto que se seguiu centenas de mulheres ficaram feridas. As crianças foram separadas das mães e mantidas com as mãos na cabeça. Em seguida, camponeses da Via Campesina e do MST interditaram cinco estradas federais e três estaduais do Rio Grande do Sul, além da ocupação da fazenda Bota da Aracruz, no distrito de Encruzilhada do Sul, que também possui cerca de 500 hectares de eucalipto e mais de mil improdutivos — que os latifundiários chamaram de “área de preservação permanente”. Na mesma semana também foram realizadas caminhadas da Via Campesina em Porto Alegre e Santana do Livramento.
Ferrovia ocupada – Minas Gerais
Na segunda-feira, 10 de março, camponeses do MST e mulheres da Via Campesina, ocuparam uma das principais ferrovias da mineradora Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. A estação foi cercada com arames e a estrada de ferro com pneus.
Uma barragem que será construída na região inviabilizará o sistema de esgoto da cidade e dará origem a uma série de graves impactos ambientais. Os camponeses exigem a reavaliação das condições para a construção da barragem.
Dia internacional de luta contra as barragens – Maranhão
Em 11 de março, no Maranhão, cerca de 300 manifestantes acamparam na entrada do canteiro de obras da usina hidrelétrica de Estreito, localizada no município de mesmo nome, divisa com Tocantins. Os manifestantes reivindicam melhores indenizações aos atingidos pela barragem e a criação de um fórum para a discussão dos problemas decorrentes da construção da hidrelétrica.
Em Porto Velho, Rondônia, cerca de mil manifestantes do Movimento dos Atingidos Barragens ocuparam a unidade termelétrica Rio Madeira. Eles exigem o assentamento de pessoas que foram desabrigadas com a construção da Usina Hidrelétrica de Samuel, na década de 80, também em Porto Velho. Os camponeses denunciam que 650 famílias não foram assentadas e nos assentamentos montados, a infra-estrutura é precária.
Os protestos pararam obras de uma usina hidrelétrica e de um projeto hídrico no Ceará e anteciparam o dia internacional de luta contra as barragens, comemorado em 14 de março.