Capitalismo burocrático debatido na universidade

Capitalismo burocrático debatido na universidade

Aconteceu entre os dias 24 a 27 de outubro na UPE – Universidade de Pernambuco – Campus Petrolina, o lll Seminário internacional sobre capitalismo burocrático na explicação do subdesenvolvimento e atraso social. Foi uma atividade organizada pelo Colegiado do Curso de História, representado pelos professores Moisés Almeida e Reinaldo Forte, juntamente com estudantes-monitores, que num esforço conjunto garantiram uma excelente organização, resultando num número de 220 inscritos, e no bom desenvolvimento nas atividades do seminário.

A tese sobre capitalismo burocrático caracteriza a realidade política e social dos países explorados como semicolonais e semifeudais, com um capitalismo que apresenta características específicas, tendo o latifúndio como principal suporte interno da subjugação aos países imperialistas.

No Nordeste brasileiro, região de povoamento mais antigo do país, o campesinato construiu uma heroica tradição de luta contra relações de produção atrasadas como a meia, a terça e o foro, bem como o predomínio da opressão por parte do latifúndio, de velho e de novo tipo, que explora milhares de camponeses pobres e médios, persistindo a carcomida figura do “coronel”, sustentáculo de grupos políticos tradicionais e reacionários.

Diante da evidente realidade local o debate só poderia gerar um impacto grande entre os acadêmicos e professores. Foram três dias de estudo de alguns princípios fundamentais do marxismo e dos elementos teóricos que compõem, especificamente, a tese do capitalismo burocrático, exposição feita pelas professoras Nazira Correia Camely e Maria de Fátima Siliansky. Foram intensos os debates, houve muitas perguntas e comentários, demonstrando o interesse dos presentes.

O quarto dia foi reservado às apresentações de alguns dos trabalhos já desenvolvidos nesta área de pesquisa: o professor Dr. José Nascimento França, juntamente com os alunos Felipe Santos Almeida e Mônica Silva de Lima, apresentou o trabalho intitulado Semifeudalidade em Alagoas e a professora Maria de Fátima Siliansky apresentou o trabalho O imperialismo e políticas de saúde no Brasil após 1980.

O quinto dia fechou o seminário com a visita de cerca de 30 participantes a duas áreas camponesas. De manhã o local da visita foi um dos núcleos do projeto de irrigação Nilo Coelho, onde a maioria é de pequenos camponeses e se pôde perceber as dificuldades enfrentadas pelos camponeses integrados à reforma agrária oficial, que, como foi debatido, faz parte da estruturação do capitalismo burocrático. À tarde o local visitado foi uma grande empresa produtora de uva e vinho que ocupa muitos hectares de terra e dispõe de elevada tecnologia, enquanto uma imensa massa populacional em redor não possui terra nem mesmo para produzir seu alimento.

O mais interessante deste último dia, durante as visitas, foi o esforço dos participantes em aplicar as categorias da tese sobre capitalismo burocrático à realidade. Com certeza se percebeu que há um vasto campo a ser investigado e que a tese em questão fornece um instrumental teórico capaz de possibilitar uma nova interpretação desta realidade, contribuindo para transformá-la.

 

Intensa divulgação de AND

Uma das atividades que se destacou durante o seminário foi uma banquinha organizada pelo Comitê de Apoio do Jornal A Nova Democracia, com exemplares de diversos números do jornal, livros, DVDs, etc.

Foi uma das atividades de divulgação do jornal mais intensas já realizadas no Nordeste. Foram distribuídos, como cortesia, cerca de 500 jornais dos números passados. Foram ainda vendidos vários exemplares do número mais recente, livros variados, filmes, além dos contatos estabelecidos com as inúmeras pessoas que procuraram a banquinha.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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