Com mais de vinte premiações em festivais, a dupla Kleuton & Karen trabalha firme pela defesa e resgate da cultura da viola caipira, tendo a responsabilidade de ser um dos únicos casais, em seu estilo, no segmento caipira no país. Apadrinhados por Zé Mulato e Cassiano, a dupla tem como objetivo divulgar a autêntica música caipira não só para quem já conhece, mas, para os muitos que pensam que música caipira é o chamado sertanejo universitário, divulgado pela mídia.
— Somos marido e mulher, mas costumo brincar que as violas se casaram primeiro (risos). Nos conhecemos em uma roda de viola, em uma festa. Na época o Kleuton tinha um parceiro, o Carlos, e seguiam com seu trabalho. Começamos a namorar e por causa disso passei a andar com eles nos shows e ajudar na divulgação da dupla. Então aconteceu uma fatalidade: o Carlos veio a falecer em um acidente de moto, isso em maio de 2007. Acabei assumindo o lugar dele na dupla — conta Karen.
— Sempre tive um gosto pela música, amava a viola, mas nunca pensei que um dia iria seguir carreira. Na minha família não tem violeiro, nem músico em geral, nenhum artista. Mas meu pai ouvia muita música caipira, eu era criança e absorvia tudo. Meus pais foram criados na roça e passaram essa experiência para nós. Ele é de Minas, ela de Goiás, e morou no Tocantins — continua.
Kleuton teve contato com o meio rural desde menino.
Apesar de também ter nascido em Brasília, assim como Karen, ele morou em fazendas, e estava no meio das rodas de viola em sua própria casa, já que uma das mais importantes duplas caipiras do país, Zé Mulato e Cassiano, são muito amigos da família.
— Quando nasci eles já eram amigos do meu pai. Na verdade são amigos desde quando meu pai era solteiro, por isso tocavam muito em nossa casa. Ainda criança fomos morar em Rio Paranaíba, em Minas, e depois em Abadiânia, em Goiás, em uma fazenda. Lá em Minas tinha muita folia de reis, sempre tinham os violeiros “embaixando” as folias na região. Em Abadiânia também tinha folia — lembra Kleuton.
— E, além das rodas de viola, que Zé Mulato e Cassiano faziam em nossa casa, e das folias, meu pai acompanha os programas de televisão que mostravam duplas caipiras, tais como: Viola Minha Viola, na TV Cultura, que até hoje está no ar, e o extinto Som Brasil — continua.
— Tenho um tio por parte de mãe que é embaixador de folia de reis. Ele me presenteou com a minha primeira viola, e com meus 18 anos comecei a estudá-la a fundo e daí a vontade de formar uma dupla e seguir carreira — acrescenta.
Depois que Karen assumiu o lugar de Carlos, a dupla decidiu participar de festivais e logo no primeiro, no estado de Goiás, foi a vencedora.
— Isso nos deu um grande incentivo para continuarmos. Como não é comum ver casal tocando viola, ficamos apreensivos quanto à aceitação do povo, mas, depois desse festival, do qual participaram 600 duplas, ganhamos coragem e estamos aí. Continuamos participando de outros e atualmente temos 22 títulos em festivais. Entre outros, temos um prêmio de excelência da viola caipira, que é a premiação máxima para o violeiro hoje — comenta Karen.
Lutando pela autêntica música caipira
— A dupla começou em Anápolis, Goiás, onde morávamos na época, mas retornamos para Brasília, porque além do fato de Zé Mulato e Cassiano morarem aqui, e eles produziram o nosso disco e apadrinharam nossa carreira, em Brasília tem um campo muito bom para a viola. Goiás, em grande parte, aderiu ao modernismo, o conhecido sertanejo universitário. Muitas casas de shows e bares não nos aceitam, porque só tocamos viola. E só tocamos música caipira mesmo, genuinamente brasileira, e temos prazer nisso — diz Karen.
— Nos dias de hoje, mesmo tendo que concorrer deslealmente da parte deles, ao meu ver, com a máfia dos universitários, temos mais facilidades do que quando Tião Carreiro e Pardinho eram vivos. Isso porque temos muitos meios de comunicação a nosso favor, um bom espaço para mostrar a nossa arte, apesar das grandes mídias não divulgarem a viola caipira — acrescenta Kleuton.
Segundo Kleuton, o chamado sertanejo moderno ou universitário não tem nada de sertanejo, não tem valor de cultura, letra, melodia e uma história a ser contada.
— O caipira quando fala de amor fala com paixão por uma determinada pessoa ou história de vida. A moderna fala de amor com deboche e ‘cornidão’. É só traição, um tema só, sem contar que a banda — bateria e contrabaixo — tira a excelência da música. Não se usa mais fazer melodias bonitas que tocam o coração das pessoas. Como dizia o mestre Tião Carreiro: ‘Existem dois tipos de música: a boa e a ruim’. Estamos em defesa da boa música, a autêntica sertaneja — declara Kleuton.
Kleuton & Karen lançaram seu primeiro disco em fevereiro do ano passado e estão trabalhando o segundo para o final deste ano.
— No primeiro disco colocamos 4 composições nossas e neste agora estamos preparando 6. Geralmente escrevo as letras e peço para o Kleuton criar um arranjo, depois sentamos e colocamos a melodia juntos. Gravamos também músicas de compositores caipiras do Brasil inteiro, alguns anônimos. Paralelo, viajamos fazendo shows pelo país e participando dos festivais — finaliza Karen.
Para contatar Kleuton & Karen: www.kleutonekaren.com.br ou (61) 9922-8889/8192-5020