ÁFRICA DO SUL Em Durba uma das maiores ondas de revoltas populares desde o fim do Apartheid
Com maior ou menor espontaneidade, mais ou menos organizados, os povos do mundo a cada dia mostram mais indignação e disposição para a luta contra as políticas e ofensivas de exploração e morte desencadeadas pelo imperialismo de norte a sul do planeta em sua agonia decorrente da crise geral de superprodução na qual se acha mergulhado. Em nome da autoridade das massas trabalhadoras, sucedem-se os enfrentamentos com o capital opressor e com forças de repressão, atiçadas contra as classes populares ao primeiro sinal de insubordinação.
Na África subsaariana, o povo nigeriano deu mais um exemplo de resistência à rapinagem, truculência e crimes dos monopólios internacionais. Um gasoduto da Shell foi mandado pelos ares em uma ação do povo organizado e firme em sua luta contra esta transnacional anglo-holandesa que há anos explora, rouba e até manda matar na região do Delta do Níger, rica em reservas de petróleo e gás natural, e que vem sendo humanitária e ambientalmente devastada pelas atividades de prospecção sem controle e toda sorte de abusos por parte da Shell. Depois do ataque popular contra o precioso gasoduto do monopólio, a gerência títere da Nigéria ficou choramingando problemas de abastecimento de energia e, capataz que é do poder econômico, jurou vingança contra o povo.
CHINA Trabalhadores atacam Chen Guojun
De fato o troco não tardou. Poucos dias depois um soldado nigeriano matou uma pessoa no Delta do Níger, o que foi seguido de um ataque organizado por jovens contra uma unidade do exército, impondo uma baixa de volta à repressão fardada.
Na parte setentrional do continente africano, a África do Sul vive uma das maiores ondas de revoltas populares desde o fim do Apartheid institucionalizado. O povo sul-africano está farto de tanta precariedade, de tantos corruptos saqueando o patrimônio das massas pela via do Estado oligarca em decomposição, da falta de água e luz e do desemprego que já castiga 23% da população trabalhadora. Centenas de manifestantes já foram enviados para a cadeia, mas as massas não deixam a luta arrefecer.
FRANÇA Protestos pela morte de Yacou Sanogo
Na Ásia, o episódio da morte do gerente chinês Chen Guojun no último dia 24 de julho, quando foi linchado pelos operários enfurecidos após anunciar a demissão de milhares, trouxe à tona a ofensiva do Estado capitalista e fascista para "consolidar" o setor de siderurgia do país nas mãos dos grandes monopólios do aço. Naquela feita, intimidados pela bravura e altivez dos trabalhadores que derramaram o sangue da corja que os oprime, os manda-chuvas chineses desistiram de levar adiante o processo de privatização da siderúrgica Tonghua. Pois menos de um mês depois, em meados de agosto, os aguerridos operários chineses deram mais uma mostra de que resistirão às políticas de entreguismo e desemprego, conseguindo impedir a privatização de uma outra siderúrgica estatal, a Linzhou Iron and Steel, após dias de mobilização inquebrantável de cerca de três mil homens e mulheres do povo.
Operários ocupam instalações da Repsol na Argentina
Também em agosto a Argentina foi sacudida por uma imensa greve de trabalhadores do setor petrolífero, paralisando as atividades de cinco empresas privadas que operam na província de Santa Cruz, incluindo a transnacional de origem espanhola Repsol, cujas instalações foram ocupadas pelos grevistas em luta contra o capital opressor. Foram seis mil trabalhadores impondo enormes prejuízos à rapinagem internacional, exigindo serem melhor remunerados e rechaçando a infame conciliação obrigatória com os patrões que o Ministério do Trabalho da Argentina tentou impor aos revoltosos. O movimento foi duplamente importante porque a província de Santa Cruz agoniza com a crise econômica e a gerência que a governa tenta avançar com políticas de precarização das condições de vida e de dilapidação dos direitos do povo trabalhador, atendendo aos chamados do poder econômico.
Na França, 50 caminhoneiros demitidos sumariamente por uma empresa de transporte de cargas que se diz em dificuldades por causa da crise econômica ameaçaram poluir o rio Sena, que corta Paris, jogando mais de oito mil litros de combustível nos dutos do sistema de escoamento da água da chuva que vão dar no curso do rio. A empresa, que já colocou 80 motoristas de caminhão na rua desde o início do ano, recusa-se a pagar o que deve, tendo para isso o respaldo do Estado francês. Os hipócritas da falsa esquerda logo não resistiram a um arrebatador impulso de condenar a tática de pressão usada pelos caminhoneiros, alardeando "razões ambientais". Em julho, também na França e também exigindo o pagamento do que lhes era devido, operários de uma fábrica de carros falida ameaçaram explodir cilindros de gás na linha de montagem.
ARGENTINA Trabalhadorres do petróleo em greve
Os explosivos "banlieues" parisienses, os subúrbios da capital francesa onde vivem os imigrantes que carregam nas costas a "cidade-luz", protagonizaram uma nova onda de revolta urbana e vigorosos protestos depois que um jovem morador que trabalhava como entregar de pizza foi morto pela polícia. A moto de Yacou Sanogo, que é de origem africana, foi derrubada em movimento por uma patrulha depois que ele não obedeceu à ordem para parar. Apenas duas horas depois da morte de Yacou, centenas de adolescentes saíram às ruas empunhando barras de ferro e munidos de bombas artesanais, incendiando carros e desafiando as forças de repressão. Não é a primeira vez. Em 2005 os "banlieues" de Paris deram início a um levantamento de grandes proporções que se espalhou por toda a França após dois adolescentes morrerem eletrocutados enquanto fugiam da truculência policial.
No dia 20 de agosto, na Espanha, cerca de 500 camponeses pobres da região da Andaluzia, revoltados com o governo de Madrid, interromperam a circulação de uma linha ferroviária de alta-velocidade, a preferida das classes dominantes em seu vaivém, para protestar contra as políticas de gestão do desemprego que vêm sendo levadas a cabo pelo Estado espanhol. Mais especificamente, levantaram-se contra o fato de, por trabalharem à jornada para o latifúndio, não terem acesso ao direito de seguro-desemprego que os poderia ajudar um pouco a suportar a devastação capitalista dos postos de trabalho e da produção camponesa.