Em uma investigação de “trabalho escravo” realizado por auditores fiscais do Ministério do Trabalho, no dia 28 de janeiro de 2004, em uma fazenda de feijão do município de Unaí, na região Noroeste de Minas Gerais, os auditores Nélson José da Silva, João Batista Soares Lage e Eratóstenes de Almeida Gonçalves, bem como o motorista Aílton Pereira de Oliveira, foram executados a tiros por pistoleiros a mando de latifundiários. O episódio ficou conhecido como a “Chacina de Unaí”.
Como é de praxe no velho Estado, os crimes cometidos por latifundiários e seus pistoleiros ou não são investigados ou são marcados pela morosidade do judiciário, o que reflete o caráter de classe burguês-latifundiário dessa instituição. No caso da Chacina de Unaí, ocorreu o segundo caminho. Após 9 anos, os primeiros responsáveis foram julgados, e não por coincidência, os primeiros a serem condenados foram os executores, ou seja, os pistoleiros, que, no caso em questão, são: Rogério Alan Rocha Rios (94 anos de prisão), Erinaldo de Vasconcelos Silva (76 anos e 20 dias) e William Gomes de Miranda (56 anos).
Os mandantes dos assassinatos começaram a ser julgados apenas no final de outubro desse ano, ou seja, 11 anos após a chacina. No dia 30/10, sentaram no banco dos réus da 9ª Vara Federal de Belo Horizonte, os latifundiários Norberto Mânica — proprietário da fazenda onde os auditores realizavam a investigação e o principal responsável por “contratar” os pistoleiros — e José Alberto de Castro. O primeiro foi condenado a pena de 98 anos, 6 meses e 24 dias e o segundo a 96 anos, 5 meses e 22 dias de reclusão. No dia 05/11, foi julgado Antério Mânica — irmão de Norberto e ex-prefeito de Unaí por 2 mandatos —, condenado a 100 anos de prisão. Apesar das provas e da condenação, todos foram agraciados com o direito de responder em liberdade e saíram pela porta da frente do fórum. O último a ser julgado será o empresário Hugo Alves Pimenta, em audiência marcada para este mês de novembro.