Nos primeiros meses do ano, as polícias do RJ e SP assassinaram mais de 60 pessoas em operações policiais.
Em SP, os assassinatos foram cometidos durante a chamada “Operação Escudo”. Entre o final de janeiro e fevereiro, 43 pessoas foram mortas por PMs nas favelas do litoral. Muitos eram trabalhadores e foram executados, como o catador José Nunes. Moradores e organizações como o Fórum Brasileiro de Segurança Pública denunciam que os PMs também invadem casas, alteram as cenas do crime e vão até hospitais onde as vítimas que sobreviveram estão internadas para intimidar os familiares. Incentivando as operações, o governador Tarcísio de Freitas enviou mais 400 PMs à região no dia 15/02.
No RJ, os assassinatos fazem parte da rotina de operações imposta pelo governador Cláudio Castro aos moradores de favela. Enquanto no Jacarezinho o mês de janeiro foi marcado por operações policiais diárias com dois moradores assassinados por policiais, na Maré um jovem foi executado à queima-roupa por um PM durante um protesto que exigia o fim das operações. Mesmo assim, o governador voltou a ordenar incursões nos Complexos da Maré, Alemão e Penha no dia 27/02. Nove pessoas foram mortas por PMs no total e escolas e clínicas pararam de funcionar, ônibus foram interrompidos, comércios foram proibidos de abrir e casas de moradores foram invadidas por PMs.
Tudo isso é conta com o silêncio do governo federal, que tanto condenou tais cenas quando era candidato. Como presidente, em 2023, enviou R$ 112 milhões para Castro comprar novos equipamentos para a PM. Luiz Inácio também destacou a importância de “operações contra o tráfico”, como se as drogas viessem das favelas, e não de fora, em aviões que entram no país sob o nariz dos militares. Em visitas ao RJ e SP, o mandatário já elogiou tanto Castro quanto Tarcísio. Em janeiro, afirmou que o governador paulista “terá tudo o que for necessário” do governo federal.