Chávez: capítulo de uma traição anunciada

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Chávez: capítulo de uma traição anunciada

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Joaquin Pérez Becerra na Colômbia

No último dia 23 de abril, o jornalista sueco de origem colombiana Joaquín Pérez Becerra foi sequestrado no Aeroporto Internacional de Maiquetía, a 45 quilômetros de Caracas, na Venezuela, por ordem do gerente de turno Hugo Chávez, por solicitação do “presidente” da Colômbia, Juan Manuel Santos, e extraditado para Bogotá dois dias depois, para engrossar as estatísticas de presos políticos do enclave ianque na América do Sul.

Becerra é um jornalista crítico da ocupação ianque da Colômbia e um denunciador dos crimes cometidos por paramilitares financiados pelo USA. Vive na Suécia na condição de refugiado político há mais de vinte anos. E não foi a primeira vez que Chávez entregou pessoas comprometidas com as causas do povo para o velho Estado reacionário colombiano, tendo feito o mesmo em pelo menos outras quatro ocasiões recentes de que se tem notícia.

Exercitando sua interminável capacidade de produzir bravatas anti-imperialistas e tentando disfarçar que agiu seguindo instruções de Bogotá, Chávez ainda levantou a possibilidade de que a entrada de Joaquín Pérez Becerra em território venezuelano tenha sido uma armadilha arquitetada por seus “inimigos”: “Não tenho a menor dúvida que o trouxeram aqui para nos jogar uma batata quente”.

Chávez cacarejou ainda que a Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) e a CIA sabiam “até o número do assento em que viajava esse senhor”.

Venezuela e Colômbia: parceiros dos monopólios

A prisão de Joaquín Pérez Becerra foi condenada até mesmo por indivíduos, entidades e organizações iludidas ou comprometidas de alguma forma com a “República Bolivariana da Venezuela”. É o caso dos subescritores da “Campanha de Solidariedade Pela Liberdade do Jornalista Joaquín Pérez Becerra”, manifesto que conta com a assinatura de um sem número de ativistas e cuja redação diz que a atitude de Hugo Chávez é incoerente com a “revolução” venezuelana, à qual eles se dizem solidários:

“O governo da Colômbia o acusa [a Joaquín Pérez Becerra] de pertencer às Farc, como o faz com tanta gente. Mais uma vez, a ‘prova’ estaria nos computadores de Raúl Reyes, lâmpada de Aladim que tem servido para acusar pessoas do país e do exterior, inclusive a governos, como é o caso do presidente Hugo Rafael Chávez Frias, da República Bolivariana da Venezuela”.

Ocorre que nem a entrega de Joaquín Pérez Becerra à Colômbia ocupada pelo imperialismo foi incoerente com a “revolução” de fachada de Chávez, nem as reiteradas acusações das sucessivas gerências colombianas de direita contra Chávez obedecem a uma disputa política e ideológica autêntica entre dois Estados de naturezas supostamente antagônicas.

Ao contrário. O Estado venezuelano controlado pelo oportunista Hugo Chávez e o Estado colombiano ocupado pelo imperialismo são complementares e parceiros no empreendimento maior de perpetuar as velhas estruturas burocráticas de um lado e de outro da sua fronteira comum, ficando as bravatas e trocas de acusações à sorte das demandas de ocasião — principalmente as eleitoreiras — que afloram no dia-a-dia do gerenciamento da América Latina para os monopólios.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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