Operários africanos não se rendem
No último dia 9 de outubro a companhia de mineração Gold One anunciou a demissão de nada menos do que 1.435 operários de um total de 1.900 que trabalham na mina de Ezulwine, no oeste da cidade de Johanesburgo, capital da África do Sul. A demissão em massa foi uma retaliação a uma corajosa greve desencadeada pelos mineiros oito dias antes, em 1° de outubro. Tudo respaldado pela podre “justiça” semicolonial daquele país, que declarou o movimento grevista como “ilegal”.
Em junho deste ano a Gold One já havia mandado embora metade dos operários de uma mina de ouro em Modder East, também em Johanesburgo, igualmente após os trabalhadores darem início a uma greve.
Essa companhia, a Gold One, apresentada pelo monopólio da imprensa burguesa como “grupo de mineração sul-africano”, cujas ações são negociadas nas bolsas de valores da África do Sul e da Austrália, é na verdade uma grande transnacional controlada por capital chinês, nomeadamente pelo Baiyin Nonferrous Metal Group e pelo China-Africa Development Bank (Banco de Desenvolvimento China-África, em tradução livre).
Esses episódios que escancaram a opressão do capital chinês a trabalhadores mineiros pobres da África do Sul podem ser considerados “apenas” a ponta do iceberg do progressivo avanço sobre o continente africano por parte do fascista Estado chinês, com pretensões de se consolidar como potência imperialista no âmbito da geopolítica, nome dado exatamente à política do imperialismo.
Em outra semicolônia africana, a Zâmbia, os “investimentos” do capital chinês já representam 20% do Produto Interno Bruto. São capitalistas da potência “emergente” asiática, esmerados na sistemática rapina dos fartos recursos naturais zambianos e na inclemente exploração dos trabalhadores daquela pobre nação, sobretudo os operários da mineração. Sucedem-se denúncias de abusos sem fim e episódios de brutal violência contra os mineiros ao primeiro sinal de mobilização dos trabalhadores contra os baixos salários e as péssimas condições de trabalho.
China já ultrapassa USA na África
A China parece empenhada em enraizar e perpetuar o seu neocolonialismo na África. O “comércio bilateral” (leia-se: rapina da potência opressora nas semicolônias oprimidas) China-África triplicou desde 2006 e cresceu espantosos 20% nos cinco primeiros meses de 2012, reforçando uma colossal ofensiva de conquista imperialista que já resultou no desbancamento do USA na corrida pela primazia da selvageria dos monopólios no continente africano.
Alguns dados traduzem a presença da China na África e atestam a natureza colonial desta “parceria”, palavra com a qual os revisionistas de Pequim tentam maquiar a rapina que vêm empreendendo: cerca de um terço do petróleo consumido pela China é extraído na África, sobretudo em Angola; cerca de 20% do algodão utilizado na gigantesca indústria têxtil chinesa é proveniente de nações como Benin, Burkina Faso e Mali; a China vem criando na África várias unidades do Instituto Confúcio, espécie de centro de irradiação da contra-propaganda revisionista dos criminosos que se empoleiraram na administração do Estado chinês após o golpe e restauração capitalista de 1976.
Visando azeitar ainda mais as engrenagens da rapina chinesa na África, a administração revisionista da China requisitou a presença dos gerentes das nações africanas em Pequim para uma reunião que aconteceu em julho deste ano e que contou com a presença de 50 chefes de Estado africanos, que correram à mais nova matriz para ouvir as exortações do “presidente” Hu Jintao.
E assim, sob a liderança da China, segue o processo de corrida imperialista na África e de repartilha do continente entre as potências capitalistas ou candidatas a tal, com todas as nuances características das marchas neocoloniais já registradas na história.
Também em outubro, a Amplats, líder mundial na produção de platina e filial da gigante mineradora Anglo American, anunciou a demissão de 12 mil trabalhadores em uma mina sul-africana paralisada desde o dia 12 de setembro por uma grande greve. E como esquecer dos 34 mineiros que em agosto foram executados pela polícia, também na África do Sul, durante uma greve na mina de platina da transnacional britânica Lonmim?