Choro ganha novo palco

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Choro ganha novo palco

Buscando um maior destaque para o choro, levando-o para um palco de teatro, o projeto mineiro Pizindin Choro no Palco realiza, a preços populares, shows de choro no Conservatório de Música da UFMG, no centro de Belo Horizonte. Visando oferecer o melhor do choro para o povo que circula pela região e criar novas plateias para o gênero, o Pizindin vai apresentando os muitos chorões da capital, que fervilha choro de segunda a segunda, ganhando amantes de todas as idades.

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Projeto Pizidin: o grupo Chorões & Cia se apresenta no palco do Conservatório de Música da UFMG

— O projeto Pizindin Choro no Palco começou em março de 2010 com o objetivo de levar para o palco o choro que acontece em Belo Horizonte. Entendemos isso como uma forma de colocar o choro em um lugar de destaque. Queremos oferecer aos músicos um bom espaço para apresentações, numa sala com tratamento acústico que fica em um dos mais belos prédios da cidade e, ao mesmo tempo, proporcionar à população espetáculos de qualidade a um preço acessível em um local confortável — fala Lilian Macedo, produtora e curadora do projeto.

O local é um teatro no prédio do Conservatório de Música da UFMG, transformado hoje em um centro cultural.

— A ideia é que o povo venha assistir, prestigiar, prestar um pouquinho mais de atenção. A princípio é para público assistir sentado, não temos um espaço para a dança, só que como a música mexe muito com as pessoas, nada impede que isso aconteça, inclusive gostamos muito também. Eu Inclusive gosto muito que as pessoas que frequentam fiquem mais exaltadas. Eu mesma, as vezes, puxo alguém para dançar (risos) — confessa.

— Também têm vindo muitas crianças aqui assistir, e essas então são incontroláveis na questão da dança. Na verdade, essas variações acontecem dependendo do grupo que está se apresentando. Por exemplo, teve um, esses dias, que quis remeter às tradições mais antigas e jogar ‘mariola’ do palco para o público, convidando-o para dançar. Gostamos de tudo isso mas, normalmente, é todo mundo sentadinho, prestando muita atenção e muito emocionado — comenta.

De tanto frequentar as rodas de choro que acontecem em Belo Horizonte, Lilian acabou recebendo o convite e iniciando o projeto Pizindin.

— Conheci o Carlos Reis, diretor do Conservatório, em uma roda de choro e ele me convidou. Não tinha nenhuma experiência como produtora de arte, na verdade, sou formada em psicologia e trabalhava como administradora de empresas na época, mas tenho uma vasta experiência quando o assunto é choro. Sou assídua frequentadora de muitas rodas e convivo com muitos chorões e amantes do choro em geral. Baseada nisso, aceitei a proposta e começamos a pensar o projeto — expõe.

— Escolhemos Pizindin Choro no Palco porque Pizindin foi um apelido do Pixinguinha. Segundo soubemos, sua avó Ediwirges era africana e o chamava assim quando era pequeno porque, em seu dialeto, significa ‘menino bom’. Ele sendo de uma família de músicos, estava sempre no meio dos muitos saraus que aconteciam em sua casa e ficava querendo acompanhar. Em determinada hora da noite, sua mãe pedia que fosse dormir, o que obedecia prontamente. Então sua avó dizia: ‘ô pizindin’ (risos) — conta com alegria.

— Essa foi a maneira que encontramos de lembrar do Pixinguinha, levando também para a forma carinhosa como o choro é tratado pelos chorões. E ‘Choro no Palco’ é só para firmar que ele merece um lugar de destaque na música e na nossa vida — continua.

Não faltam chorões em BH

— Estamos bastante felizes porque sentimos que, com esse projeto, estamos fazendo um resgate do pessoal da velha guarda e motivando os grupos novos de choro. A princípio, a preocupação do Carlos, nosso diretor, era de não ter grupos de choro suficientes aqui em Belo Horizonte para podermos apresentar toda semana. Mas isso já passou porque vimos que chorões é o que não falta por aqui. Inclusive posso dizer que tem choro de segunda a segunda acontecendo na cidade — afirma Lilian.

— O critério que temos usado é, em primeiro lugar, verificar a qualidade e proposta dos grupos. A única exigência, digamos, o pré-requisito é que seja um grupo ou músico de choro, o próprio nome do projeto já diz isso. E não temos tido problemas com isso. Por aqui, tem passado muitas pessoas e grupos bons. Também estamos fazendo questão de homenagear nossos chorões antigos, entre eles: Tião do Bandolim e o Bolão, que é o dono do Bar do Bolão, onde acontece uma roda maravilhosa — elogia Lilian.

— E sempre tem alguma coisa especial. No ano passado, fizemos uma  parceria com o Clube do Choro daqui e, esse ano, foi montado um grupo com integrantes do clube e outros chorões também muito importantes. Por enquanto, temos feito parcerias só com o pessoal de Belo Horizonte porque o projeto não tem verba para trazermos gente. Mas deixamos claro que estamos abertos para o choro de qualquer lugar do país — avisa.

Lilian diz que o projeto tem o prazer de receber chorões de norte a sul do país que queiram participar, contudo, por falta de verba, o projeto ainda não pode arcar com despesas de passagens e hospedagem dos artistas.

— Eles só receberão um valor pelas apresentações, de acordo com a bilheteria. Infelizmente não podemos oferecer o que gostaríamos, mas estamos lutando para isso. Queremos conseguir formatar melhor o projeto para em um futuro próximo podermos atender a todos e trabalhar ainda mais em favor do choro e seus amantes. Estamos otimistas em acreditar que é  uma questão de tempo para conseguirmos um patrocínio — finaliza Lilian.

O projeto Pizindin Choro no Palco acontece todas as segundas-feiras, com exceção da última do mês, as 20:00hs. Para participar como músico é só entrar em contato com Lilian Macedo, pelo tel.: (31) 9152-8749 ou e-mail [email protected]. O Conservatório da UFMG fica na: Av. Afonso Pena, 1534 — Centro — Belo Horizonte/MG. Os ingressos custam: 12 reais a inteira e 6 reais a meia.

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