Choro na Toca de Tatu

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Choro na Toca de Tatu

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A partir da afinidade musical entre músicos nascida em outros projetos e rodas de choros de Belo Horizonte, surgiu o Toca de Tatu, com a intenção de tocar músicas próprias e criar arranjos dos mais variados estilos de música instrumental brasileira. Formado por jovens de 22 e 23 anos de idade, a maioria saindo da faculdade de música da UFMG, o grupo tem participado de importantes eventos de choro na capital mineira e se prepara para gravar seu primeiro disco este ano.

— O grupo nasceu no começo do ano passado. Nossa proposta é fazer alguns arranjos de músicas importantes do repertório da música brasileira, e criar nossas próprias composições. Além do choro, que nos dedicamos bastante, também fazemos composições e tocamos vários outros ritmos brasileiros – conta Lucas Telles, componente do grupo.

— Somos apaixonados com a música brasileira. É baião, samba, frevo, e o que mais fluir, porque por ser uma música folclórica brasileira a linguagem acaba sendo bem parecida, apesar de ter um caráter rítmico bem diferente. Então procuramos escutar e pesquisar todo esse universo da música brasileira, desde a mais sofisticada até uma mais simples – continua.

Além de Lucas Telles, no violão 7 cordas, o grupo conta com Lucas Ladeia no cavaquinho, a Luísa Mitre que toca piano e acordeon, e o Abel Borges na percussão.

— Somos praticamente da mesma idade e temos uma história de amor a primeira vista pela musica brasileira. C

omecei a tocar em um violão que tinha lá em casa largado, isso aos 8 anos de idade. Nessa época meu pai tocava um pouco e isso me influenciou. Meu pai viu que eu levava jeito e me deu uma guitarra, porque o que eu conhecia de música naquela época era o pop rock. Então entrei na aula e fui me envolvendo, inclusive cheguei a ter várias bandas e tocar rock em muito lugares de Belo Horizonte – fala Lucas Telles.

— Até que um dia, por volta dos 16 anos de idade, em uma conversa com meu avô em que eu contava para ele que queria seguir carreira de músico, fazer o vestibular de música, ele me disse: ‘se é assim, então você precisa ouvir isso daqui’, e mostrou o som do Raphael Rabello. E foi amor imediato. Desde aquele momento eu meio que abandonei a guitarra, nunca mais procurei nada de rock, só queria saber de violão – lembra.

— O Raphael Rabello é um violonista importantíssimo para a história do violão, revolucionou o violão brasileiro, e eu nunca tinha ouvido dele, até aquela idade. Também não conhecia o choro e nem música brasileira em geral. Logo fui fazer aulas de violão e procurar saber tudo sobre o Raphael. Comecei a tirar música de ouvido e me apaixonei pelo 7 cordas. A partir daí fui conhecendo outros gênero brasileiros além do choro, tocando samba. Cursei música na UFMG, me formando no ano passado – continua.

Em comum: a música brasileira

Segundo Lucas Telles, seu companheiro de grupo e amigo de longa data, Lucas Ladeia também tocava guitarra antes.

— Ele cursou licenciatura na UFMG, e também se formou no ano passado. Logo no início do curso se envolveu com o cavaquinho e passou a se dedicar a ele. Já o Abel toca samba há muitos anos aqui em Belo Horizonte, mas só agora entrou para a UFMG. Está fazendo licenciatura em música – comenta.

— A Luísa toca piano erudito desde muito nova, inclusive até já venceu um concurso há uns dois anos, quando solou com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. Mas sempre gostou de tocar música popular também, porque sua família é muito musical, todos eles, e ela teve contato com música brasileira mais cedo. Ela já estava perto de se formar no curso bacharelado de piano erudito na UFMG, quando abriu o piano popular, então resolveu trocar. Agora já está perto de se formar também – diz.

— Para mim, o que acontece com as pessoas em geral é que quando são mais novos escutam aquilo que está na mídia, que todo mundo ouve, não tendo acesso a outras coisas. Mas hoje isso começa a mudar, porque apesar de ter uma mídia forte que não mostra esse tipo de musica que tocamos, é muito mais fácil de conhecê-la por causa da internet. Cada vez mais os jovens estão conhecendo e tocando a nossa música brasileira – expõe.

O grupo se prepara para a realização de um show com composições do maestro Radamés Gnattali, agora em 2012 e a gravação do primeiro disco. 

— Desde que formamos o grupo temos essa ideia de gravar um disco. Como temos algumas músicas nossas prontas, queremos colocá-las nesse CD, mas a questão do arranjo em música de outras pessoas também é muito importante para nós, porque aprendemos muito com isso. E tem muita música boa de outros músicos para ser tocada – afirma Lucas Telles.

— Como o nosso trabalho é mais arranjado, optamos por nos apresentar mais em eventos, teatro e não em barzinhos, que é mais o que acontece aqui em Belo Horizonte, dentro da cena da música brasileira. Mas paralelo ao Toca de Tatu, todos nós tocamos bastante em barzinhos. Eu, por exemplo, toco toda quinta-feira numa roda de choro no Bar do Salomão, bem conhecido aqui. Até porque para viver de música temos que nos desdobrar – conclui Lucas Telles, que também pretende lançar seu primeiro disco solo este ano.

Para contatar o Toca de Tatu: [email protected]

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